Abigail e a Cidade Proibida é um filme de fantasia criado em co-produção entre a Rússia e os EUA. Aparentemente a participação estadunidense se limitou à parte financeira, pois todo o resto, dos cenários aos personagens, é tipicamente russo. Já a história é totalmente hollywoodiana, no pior sentido.

ABIGAIL, I KNOW YOU’RE IN CONTROL OF HER BRAIN, ABIGAIL

Se liga na sinopse, e veja se você não consegue construir o filme todo em sua gloriosa cabeça. Abigail e a Cidade Proibida se passa em uma cidade vítima de uma epidemia altamente contagiosa. Na tentativa de conter a doença, o governo identifica os portadores e os leva embora, deixando a família para trás.

Crítica Abigail e a Cidade Proibida, Abigail, Playarte, Rússia, Delfos

Isso aconteceu com o pai da Abigail quando ela era criança. Assim, ela cresceu com medo dos inspetores, sinistros guardas mascarados que raptam os doentes. Blá pra lá, blá pra cá,  Abigail cresce e se envolve com a resistência, que dá a real: na verdade o que o governo está fazendo é raptando as pessoas que têm superpoderes. Viva la revolución!

I AM ALIVE, INSIDE YOUR WIFE

Crítica Abigail e a Cidade Proibida, Abigail, Playarte, Rússia, DelfosNão vou mentir. Eu detestei Abigail e a Cidade Proibida. Fiquei muito entediado durante a projeção, só torcendo para ele acabar logo, e sabendo que ainda faltava muito, uma vez que toda a história estava montada na minha cabeça.

Então vamos começar falando dos positivos. O filme é lindão, e não digo isso porque a moça que interpreta a Abigail é muito bonita. Ele tem cara de superprodução hollywoodiana mesmo, de um daqueles filmes teen altamente endinheirados, tipo Divergente ou Jogos Vorazes.

A trilha sonora vai na mesma linha, com temas épicos orquestrados que turbinam consideravelmente a ação. E com tamanho apelo audiovisual, somado ao fato de seus personagens terem superpoderes, devo dizer que a coisa toda funcionaria muito bem como um videogame. Afinal, um jogo com história péssima e atuações ruins ainda pode ser legal. Mas convenhamos que é difícil funcionar em um filme.

ABIGAIL, DON’T YOU THINK I KNOW WHAT YOU DONE, ABIGAIL

É comum vermos filmes feitos fora de Hollywood, mas que são falados em inglês, pois visam o mercado internacional. É o caso, por exemplo, de Busca ImplacávelCarga Explosiva, ambos de origem francesa. A princípio, achei que este seria o caso de Abigail e a Cidade Proibida, quando vi que ele seria falado em inglês. No entanto, há um caroço muito peludo nesse angu.

As vozes são todas muito claras, muito certinhas. Não parecem estar saindo dos personagens. Fiquei com a sensação de que a cópia exibida para a imprensa era uma versão dublada em inglês, e não com o som original. No entanto, se este era o caso, a sincronia labial é incrível, pois dá a impressão que os atores estão falando as mesmas palavras. Porém, não dá para engolir que as vozes são deles.

Crítica Abigail e a Cidade Proibida, Abigail, Playarte, Rússia, Delfos

No final das contas, fiquei com a sensação de que deram o “golpe Darth Vader” ou, se você preferir, o “Milli Vanilli”. Ou seja, pegaram uma galera bonita sem capacidade de atuar para aparecer no filme, e depois contrataram dubladores para fazer o voice over. Se este foi o caso, eu sinceramente não sei, mas seja lá o que aconteceu, não funcionou. O resultado é que as atuações estão absurdamente forçadas, com diálogos falsos e muito certinhos. A coisa toda beira até um filme nacional em tosqueira.

MIRIAM’S DEAD, I AM HER HEAD

Isso distrai e incomoda consideravelmente, e provavelmente será o fator mais marcante para todos que assistirem a Abigail e a Cidade Proibida. Mas a verdade é que mesmo se isso fosse resolvido, o filme seria ruim.

Trata-se de uma tentativa de fazer um filme de fantasia teen, mas sem nenhum diferencial ou criatividade. Abigail e a Cidade Proibida se limita a repetir o que dezenas de longas estadunidenses fizeram antes mas, por algum motivo, tem o som original aparentemente dublado. Melhor evitar.