Uma escritora de livros de terror fã de H.P. Lovecraft chamada Beth retorna à casa onde, em sua adolescência, algo horrível ocorreu a ela, sua irmã e sua mãe. A mãe e a irmã ainda moram no local e a mana nunca se recuperou do evento traumático. Eis que coisas estranhas começam a acontecer no lugar, fazendo Beth achar que nem tudo pode ser obra de sua desequilibrada irmã.

Esta sinopse é bem padrão de filmes de terror e ocorre que também é o mote de A Casa do Medo – Incidente em Ghostland. Este é o tipo de longa que divide opiniões, sem meios-termos. Ou você vai adorar, ou vai odiar. No meu caso pessoal, foi a segunda opção.

Delfos, A Casa do Medo, Incidente em Ghostland, CartazEle começa bem, com uma boa atmosfera e apresentação de personagens. Daí, parece que vai seguir o caminho mais mundano de um slasher. Só que a história avança e volta a criar uma ambientação mais soturna, indicando algo mais para o horror psicológico, com talvez alguns toques do sobrenatural. Embora com algumas questões dramatúrgicas que não fazem muito sentido (tipo: elas aparentemente viverem num universo onde não existem hospitais psiquiátricos para ajudar a irmã traumatizada).

A CASA DO MEDO

E é neste ponto que entra o fator que vai determinar o amor ou ódio. Na metade do longa ele sofre uma reviravolta tão “reviravoltante” que ou você compra isso ou pode esquecer gostar da película. Eu não consegui comprar.

Era muito tarde no andamento da história para isso e ele deu poucas ou praticamente nenhuma pista para este twist. Foi muito mal conduzido, jogando praticamente no lixo tudo que havia mostrado antes. E foi feito de uma forma que é um dos maiores clichês não só dos filmes de terror, mas do cinema como um todo.

Talvez alguém habilidoso em tratar dessas grandes reviravoltas, como um M. Night Shyamalan, conseguisse fazer isso funcionar, e olha que ela até faz todo sentido para a história (ele resolve as questões dramatúrgicas das quais falei no terceiro parágrafo). Mas da forma como foi feita, pareceu apenas um truque barato. Fiquei com a impressão de que eles não tinham história suficiente para um longa-metragem e enfiaram esse artifício no roteiro para esticá-lo até atingir a duração necessária.

Delfos, A Casa do Medo, Incidente em Ghostland

Fora isso, ele também conta com outros clichês, como sustos estilo “bu”, personagens burros, e principalmente uma das protagonistas mais passivas dos últimos tempos. Em vários momentos ela tem todas as chances de resolver o problema, mas nunca, NUNCA termina o serviço. Isso é algo que me dá uma raiva indescritível.

A Casa do Medo – Incidente em Ghostland, como você já pôde determinar por tudo que escrevi, não é algo para todos os fãs do cinema de terror. Cabe a você, através do que expus nesta resenha, saber se esse tipo de coisa te atrai ou não. Daí, se for o caso, arrisque. Já se essas características não o agradam, definitivamente é melhor deixar este pra lá.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
critica-a-casa-do-medo-incidente-em-ghostlandTítulo: Ghostland<br> País: França/Canadá<br> Ano: 2018<br> Gênero: Terror<br> Duração: 91 minutos<br> Distribuidora: Paris Filmes<br> Data de estreia: 18/10/2018<br> Direção: Pascal Laugier<br> Roteiro: Pascal Laugier<br> Elenco: Crystal Reed, Mylène Farmer e Anastasia Phillips.