Os mineiros do Canábicos lançaram este ano seu quarto álbum, Intenso. Foi o primeiro contato que tive com o trabalho dos caras. A sonoridade deles é despojada e flerta com o rock clássico e o hard rock, tendo por influência bandas como Beatles, Led Zeppelin e Jimi Hendrix.
Faixas como Planeta Estranho, que abre o álbum, lembram algo de Velhas Virgens e Tequila Baby, feitas para se ouvir com uma lata de cerveja na mão e um cigarro na outra.
O grupo, formado em Araguari (MG) em 2012, é composto pelo vocalista Clandestino, os guitarristas Murcego González e Marcelo Maluco, o baixista Tito Rios e o baterista Mestre Mustafá. A banda ganha pontos por compor letras em português, e envolve suas canções com guitarras distorcidas e arranjos macios. Mesmo pendendo para o rock, os Canábicos conseguem fazer um bom uso de variações rítmicas e sonoridades que circundam outros gêneros.
A música-título Intenso, por exemplo, utiliza-se no início do que parece ser uma viola, com uma levadinha mais dinâmica e malemolente, para depois dar vez a guitarras cheias de marra. Entretanto, algumas composições, como Não Faz Sentido, são menos inspiradas e não acrescentam muito ao conteúdo do disco.
Fiquei um pouco incomodado com o excesso de solos nas músicas, mas reconheço que isso é uma chatice minha. Para muitos, a presença de solinhos no roquenrrôu é praticamente uma exigência. Gosto muito de guitarras, mas é difícil encontrar um solo que me agrade. Aqueles mais agudinhos, então, que forçam a amizade dos meus tímpanos, são os piores. Infelizmente as músicas de Intenso têm diversos desses, mas novamente: isso poderia ser um elogio, se fosse outra pessoa escrevendo. São solos tecnicamente competentes – só não batem bem para mim.
O vocalista Clandestino (um nome que combina com a banda, não acha?) tem uma voz muito boa, levemente rouca e bem afinada que combina com o estilo da banda. De todo o disco, acredito que foi da voz do cara que mais gostei. Ainda que por vezes pareça emular estereótipos do hard rock, o rapaz consegue se diferenciar e marcar presença com seus vocais.
As letras do Canábicos (que falam menos sobre drogas do que você poderia supôr) são bacanas, mas não incríveis, e versam sobre diferentes temas: desde suaves críticas ao capitalismo e ao sistema, como em Lei do Cão, passando por reflexões sobre o uso recreativo da maconha em Eu Não Sei o Que Vai Ser de Mim até ponderações sobre o cotidiano humano na ideologicamente punk Rotina.
Intenso tem oito músicas ao todo e conta com uma boa produção. Ainda que não seja um estilo de música que eu curta muito, é inegavelmente um álbum caprichado, leve e gostoso de ouvir. Se você gosta de um rock descompromissado, pode ser uma boa pedida.
Para conhecer o som dos caras, aperte o play: