Hoy es un dia feliz, amigo delfonauta. Después de la preparación psicológica y de la terrível narrativa del peor albergue del mundo (que usted nunca lerá, pois yo soy un medroso), ahora hablaremos sobre las muchas cosas legalzudas a se hacer en Chile. E chega de portunhol.
O CHILE
O Chile é um país comprido e isso dificulta visitas completas, já que passagens de ônibus de uma ponta a outra levam muito tempo e de avião é muito caro. Como só teríamos duas semanas, nos vimos obrigados a escolher entre o norte e o sul. Vimos que o sul tinha sido mais prejudicado pelo terremoto, então iríamos para o norte, AKA o deserto mais seco do mundo. Mas antes, teríamos uma semana nos arredores de Santiago, e decidimos começar nossa viagem por Viña Del Mar e Valparaíso, duas cidades praianas próximas à capital chilena.
VIÑA DEL MAR E VALPARAÍSO
Originalmente, reservamos dois dias, um para cada cidade. Porém, por causa do terremoto, todos os museus estavam fechados e acabamos vendo as duas em um único dia. E não tem mesmo muita coisa a ser vista por ali. Em Valparaíso tem uns ascensores, que nada mais são do que uns bondinhos que sobem.
Mas o mais legal foi mesmo a estátua Rapa Nui, que fica do lado de fora do museu Fonck (que estava fechado). Por restrições financeiras, a gente não foi para a Ilha de Páscoa, então fiquei bem feliz por ter tido a possibilidade de ver uma das famosas estátuas ao vivo em Valparaíso.
Talvez o maior apelo dessas cidades para nós, brasileiros, esteja na possibilidade de ver – e se banhar – no Oceano Pacífico. Infelizmente, não estava quente o suficiente para um banho, mas a vista é bem bonita.
SANTIAGO
Cidades praianas completadas, era hora de irmos para a capital, onde eu passaria boa parte do tempo passeando sozinho, já que a Cinthia estaria no congresso. E, embora seja uma metrópole, Santiago não é grande não. Se você estiver num hotel próximo à Paseo Ahumada (a que me pareceu a principal rua da cidade, no centro, onde ficam quase todos os pontos turísticos), dá para andar de um canto ao outro. As únicas vezes que pegamos metrô em Santiago foi para ir aos shows do Gamma Ray e do Manowar, mas mesmo esses eram tão próximos que acabamos voltando a pé de um deles.
Além disso, Santiago tem a peculiaridade de que seus habitantes podem ir à praia no verão e esquiar no inverno. E convenhamos, não é qualquer cidade que tem uma vista dessas no centro.
Santiago – Dia 1
No meu primeiro dia em Santiago, eu passeei pelo centro inteiro, vendo todos os pontos turísticos que o evil monkey de Deus (aka Terremoto) permitiu que estivessem abertos. Tem coisas bonitas, como o Palazio de La Moneda, onde o presidente do Chile trabalha e tem um monte de guardinhas que lembram os do Assassin’s Creed.
Lá você pode também assistir à cerimônia da troca de guarda, que rola dia sim, dia não, às 10 da matina.
O centro de Santiago é tão versátil que você pode até comprar ménages.
De todas as coisas que vi nesse dia, o mais legal sem dúvida foi o Museu de Arte Pré-Colombiana. Lá tem esculturas, vasos e coisas nessa linha de toda a turminha do barulho que habitou as Américas antes da chegada de Colombo, inclusive obras incas e maias. Entre as coisas mais legais, temos o povo de pedra.
E até múmias.
Pelo que fala no museu, o povo que habitava o Chile criou técnicas de mumificação antes mesmo do Egito e temos alguns pedaços dessas múmias lá. São pequenas e não tão impressionantes quanto as egípcias, mas sem dúvida são o suficiente para justificar a visita. Ah, e o museu é bem true também. Olha só isso.
Outra coisa que fiz nesse dia que recomendo é a visita ao Cerro Santa Lucia. É uma pracinha que fica em um morro no centro da cidade, mas tem um monte de coisas para ver lá dentro, como um castelinho que, quando você chega no topo, tem uma bela vista da cidade – incluindo a Cordilheira dos Andes. A coisa mais true, no entanto, é um monumento erguido em homenagem ao deus grego Poseidon. Hell, yeah!
À noite, já com a companhia da Cinthia, fomos jantar em um lugar que recomendo, pelo menos por ser inusitado: o Restaurante Giratório. Ele fica no último andar de um prédio bem alto, tem paredes de vidro e… gira (!?). É muito estranho, pois você pode se perder no meio de uma conversa particularmente empolgante e, de repente, olhar para o lado e ter um piano de calda ali. Sim, ele gira bem devagar, mas no decorrer de uma refeição inteira, acaba causando um certo enjôo. De qualquer forma, vale a experiência (muito mais do que pela comida), afinal, não é sempre que você tem a oportunidade de comer num lugar que gira.
Santiago – Dia 2
Nesse dia eu convenci a Cinthia a cabular o congresso (eu devo ser tipo a consciência malvada dela) e fomos juntos para uma das coisas que mais gostei de fazer em Santiago: visitar o Cerro San Cristobal.
É um monte mais alto que o Santa Lucia e você pode subir de Funicular, que é um bondinho exatamente igual aos ascensores.
O recomendado, no entanto, é subir de funicular cantando essa música, o que sem dúvida vai fazer todos os outros passageiros se unirem a você e gerar um daqueles momentos musicais espontâneos que sempre acontecem e fazem o Cyrino se encolher em posição fetal:
Funiculi, funicula, funiculi, funiculaaaaaaaa!
O legalzão pra fazer lá é o zoológico, que está cheio de bichinhos fofos e abraçáveis.
Mas o mais legal é que esse zoológico tem alguns bichos que eu nunca tinha visto pessoalmente antes, como porco-espinhos, cangurus e um urso polar, esse em uma jaula patrocinada pela Coca-Cola. ¬¬
Uma coisa que me decepcionou bastante é que os cangurus não se locomovem saltando daquela forma serelepe que os desenhos nos ensinaram. Eles meio que se arrastam apoiados no rabo e só dão pulinhos quando querem chegar mais rápido. Chega até a ser meio deprimente vê-los se arrastando, pois eles parecem tristes.
Depois do zoológico, suba novamente de Funicular até o topo do cerro, onde tem uma estátua bem grande da virgem e uma belíssima vista de Santiago inteira, de ponta a ponta.
A estátua não é tão impressionante para quem já viu nosso Cristo Redentor no Rio de Janeiro (que é beeem maior), mas já que você vai até lá para andar de funicular, gerar um musical espontâneo e ver os cangurus de qualquer jeito, vale uma passada.
Saindo do Cerro, aproveite para visitar a casa do escritor Pablo Neruda, que é labiríntica e bastante divertida. Fica literalmente do lado.
Santiago – Dia 3
Mais um dia sem a Cinthia, então aproveitei para fazer um dos passeios mais tradicionais de Santiago: a visita aos vinhedos. Peguei um tour de dia inteiro, que visitaria dois vinhedos, Undurraga e Concha Y Toro. Sinceramente, não sou fã de álcool e menos ainda de vinho e acabei indo mais por ser algo tradicional da cidade e pela fama dos vinhos chilenos.
No geral, os dois passeios são bem parecidos e são basicamente caminhadas em parques bem bonitos enquanto um guia conta para você sobre a história do vinhedo e como é a produção do vinho. No final, você experimenta alguns vinhos da casa e ganha a taça de presente.
Embora a Concha Y Toro seja a mais conhecida, eu gostei mais do passeio na Undurraga. O parque é mais bonito e tem até algumas esculturas indígenas. Além disso, você pode experimentar quatro vinhos (na Concha Y Toro são só dois) e até a taça é maior e mais legal. Dá até para ficar um pouco bêbado.
Porém, na Concha Y Toro aconteceu algo digno de nota. Tinha uma ovelhinha arranjando altas confusões no local, inclusive entrando no restaurante, e deixando os funcionários em polvorosa.
Eu aproveitei a distração da ovelhinha e a desculpa que estava ajudando eles a segurá-la para realizar um dos grandes sonhos da minha vida: abraçar uma ovelha. Infelizmente, como eu estava sozinho, esse momento não foi capturado em foto, mas posso dizer que fiquei impressionado com quão pequeno é o bicho dentro de todo aquele pelo. Dá para enfiar o braço inteiro e ainda assim não encontrar nada sólido.
Quando o tour acabou, aproveitei para visitar o Museu de Bellas Artes. Lá tem algumas esculturas e pinturas bonitonas, que valem a visita. O mais legal ali dentro é um hall mitológico com várias pinturas bonitonas retratando grandes momentos de várias mitologias.
Santiago – Dia 4
Nesse dia, a Cinthia já estava livre do congresso e pegamos um tour para o Valle Nevado, uma estação de esqui bem conhecida que fica a algumas horas de Santiago, bem na Cordilheira dos Andes.
Como era outono, não tinha neve o suficiente para esquiar, mas depois de tantos evil monkeys divinos, Deus finalmente sorriu para nós e na véspera tinha caído a primeira neve do ano. Alguém consegue pensar em algo mais romântico? Dessa forma, nossa viagem ganhou mais um tema musical para acompanhar Getting Better, dos Beatles (que você nunca vai saber porque era tema, já que o texto que explica isso – aquele sobre o albergue – não será publicado): a fofinha First Snow, do Trans-Siberian Orchestra.
A subida na montanha é tortuosa e foi a primeira vez nessa viagem que senti os terríveis efeitos do ar rarefeito. Além disso, a estrada é ruim e cheia de curvas. Tudo isso junto me deixou bem enjoado e, chegando lá em cima, precisei ficar um tempo sentado sem nem conseguir aproveitar as belas vistas.
Porém, logo meu enjôo passou e aí tivemos alguns dos melhores momentos da viagem. Eu já tinha visto neve antes, quando tinha uns 10 anos, mas para a Cinthia era a primeira vez. Depois de pegarmos a neve na mão e termos os dedos congelados, percebemos que, se queríamos brincar na neve, precisaríamos de luvas. Fomos à lojinha e compramos dois pares. Agora a diversão ia começar.
E brincamos bastante. Tiramos fotos jogando a neve para cima.
Fizemos anjinhos.
Fizemos propaganda.
Eu até espalhei neve na cara pra ver como era e tirar uma foto divertida.
Depois que paramos um pouco de brincar, contudo, percebi quão fuckinmente lindo o lugar era. Era tão lindo que chega ser difícil olhar para aquilo e achar que não foi feito pelas mãos de Deus.
Inclusive, foi nesse momento que tive uma sensação extremamente mística. Uma sensação de que não tinha nenhum lugar no mundo onde eu preferiria estar naquele momento, e nenhuma outra coisa que eu gostaria de estar fazendo. Essa é uma sensação extremamente rara, que eu tive pouquíssimas vezes na minha vida e, por causa disso, esse momento no Valle Nevado entrou para a história da minha vida.
Como nunca me senti tão próximo de Deus quanto ali, fiz a única coisa que alguém na minha situação poderia fazer e retribuí seu passatempo preferido mandando um evil monkey de volta para ele. E, claro, ao fazer isso, ignorei completamente os avisos da Cinthia de que traria maus agouros para nossa viagem.
E assim voltamos para o hotel e encerrávamos nosso passeio por Santiago. No dia seguinte, iríamos para o deserto, para San Pedro de Atacama. E você lerá sobre isso na semana que vem. No deserto tiramos algumas fotos que você não vai acreditar que não são montagens, então não perca.