Cinquenta Tons Mais Escuros

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Quando fui assistir ao primeiro Cinquenta Tons de Cinza, estava bem curioso. Polêmicas chamam a atenção e, embora não tenha me interessado o suficiente para ler o livro, quis ver o filme para ver do que se tratava.

Admito que não me lembro de detalhes como o final, mas me lembro bem das suas muitas cenas de sexo e do fato de que a mocinha Anastasia Steele (Dakota Johnson) parecia estar bem empolgada com as palmadas e punições do galã Christian Grey (Jamie Dornan).

Cinquenta Tons Mais Escuros começa com os dois separados, e Cristiano chega na Dona Açou para “renegociar os termos”. Se ficar com ela significa estar em um relacionamento baunilha, ele está disposto a viver com isso.

A moça aceita o cara de volta e não demora quase nada para ela própria começar a pedir umas palmadas. Ôxi, mas não era ela que colocou como condição ter um relacionamento baunilha?

Apesar deste estranhamento inicial, logo começa a ficar claro que, embora ela aceite ser submissa na cama, o que ela não está disposta a aceitar é que ele a trate como uma propriedade. E este é basicamente o único conflito do filme, que embora pope mais de uma vez ao longo da projeção, é sempre resolvido de forma bem fácil.

O delfonauta a essa altura já sabe disso, mas o que temos aqui é um pornô feminino orgulhoso das suas habilidades em deixar as moças assanhadas. Tudo, desde a forma como ele a trata, passando pelos presentes caríssimos e o fato de ele ter um jeitão “perigoso” que ela pode modificar parece desenvolvido especialmente para deixar as meninas apaixonadas pelo senhor Grey.

Inclusive, você poderia esperar que as muitas cenas de sexo aqui presentes fossem um tanto mais chocantes, mostrando a garota sendo humilhada e coisas do tipo, mas não, até que o negócio é filmado de um jeito bem leve, e até sexy. E em geral, embora o galã faça as vezes de dominador, fica claro que quem está no controle ali é ela, uma vez que ele só faz algo mais “forte” quando ela pede.

Tudo bem parecido com o filme anterior, eu diria. Tão parecido, aliás, que parte dos dois últimos parágrafos saíram diretamente da resenha de Cinquenta Tons de Cinza.

Outra coisa que falei sobre o original é que o final está entre os mais repentinos e inesperados do cinema. É exatamente igual por aqui. Os créditos começam a sumir do nada, e eu sequer imaginava que o filme já estava acabando. Temos aqui uma segunda parte de trilogia e, como já é tradição, ele sofre por isso. Ele continua os eventos do anterior, mas basicamente se limita a fazer um setup do que vem por aí em Cinquenta Tons de Liberdade, que sai em fevereiro de 2018. Não à toa, Cinquenta Tons Mais Escuros termina com um trailer de sua terceira parte.

Perto do final, no entanto, há uma cena em que três personagens se juntam contra a Kim Basinger que é um amontoado de clichês. Cada um dos três tem um momento que já foi tão usado na cultura pop que, depois do terceiro, os jornalistas presentes na seção estavam gargalhando de quão ridícula a cena ficou. Sem exagero, parecia algo roteirizado por uma criança.

Assim como o anterior, Cinquenta Tons Mais Escuros não é um filme ruim de assistir. Ele é tecnicamente competente, a Dakota Johnson é linda de doer e até rola uns peitinhos. O Christian pode querer punir a moça, mas eu só queria enchê-la de carinho.

Se você for mulher ou fã de pornôs femininos, o que temos aqui é bem feito e checa todos os itens na cartilha do que mulher gosta. Se for homem, no entanto, definitivamente isso não é para você. E tudo bem. Deixa a patroa ir ao cinema com as amigas e fique em casa explodindo tudo no videogame.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
cinquenta-tons-mais-escurosPaís: EUA<br> Ano: 2017<br> Gênero: Pornô feminino<br> Duração: 115 minutos<br> Roteiro: Niall Leonard<br> Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Eric Johnson e Eloise Mumford.<br> Diretor: James Foley<br> Distribuidor: Universal<br>