Nier: Automata chegou ao Game Pass! Nós temos de admitir: este serviço da Microsoft tem sido incrível. Na quarentena, então, ele está ajudando os gamers a ficarem em casa, jogar bastante e sem gastar muito. É quase um serviço social!
Exageros e brincadeiras à parte, Nier: Automata no Game Pass é algo digno de nota, uma vez que este é um dos melhores jogos desta geração. É como se o The Witcher III chegasse à Game Pass (opa, e ele chegou mesmo!).
Tenho certeza que este último parágrafo será divisivo. Afinal, aqui no DELFOS, o próprio Corrales detonou o jogo! Gosto é algo muito subjetivo. Porém, o que é possível afirmar é que Nier: Automata não se tornou um sucesso de crítica, vendas e ganhou reconhecimento por sorte.
Bem, então aqui vão cinco argumentos muito sinceros para jogar Nier: Automata para te convencer a dar uma chance a ele. Se jogou, quem sabe você não considera inclusive dar uma segunda chance?
Importante: eu me preocupei muito em não incluir nenhum spoiler sobre o jogo – e recomendo que você mantenha assim se for jogá-lo!
Argumento 1: Nier: Automata tem um combate sensacional
Você gosta de Bayonetta? Então, Nier: Automata vai ser um prato-cheio para você.
Existe uma característica fundamental para fazer Bayonetta e Nier: Automata serem tão gostosos de jogar. É a habilidade de “cancelar” o dano de um inimigo ao apertar o botão de esquiva quando o golpe te acerta.
Devil May Cry e outros games de hack’n’slash (inclusive da própria Platinum) acabam sendo punitivos, ou limitados, pela ausência desta mecânica. Sem ela, como você vai reagir a um ataque vindo de trás, de um ângulo que você não tem visão?
Nier: Automata tem essa habilidade desde o início e, assim como Bayonetta, também permite qualquer combinação de golpes com as duas armas que você equipar. É tudo intuitivo e fácil de executar.
O combate também é inovador. A personagem principal (2B) tem, a todo momento, o controle de um bot que atira nos inimigos. Quem controla a direção dos tiros e as habilidades especiais é você. É como jogar um hack’n’slash ao mesmo tempo em que você joga um third person shooter.
Além disso, o gameplay é muito versátil. Como o Corrales mencionou, Nier: Automata muda de 3ª pessoa para jogo de navinha, plataforma, Gundam e muito mais. Tem várias surpresas no jogo e o melhor a falar delas é dessa forma – várias surpresas.
Argumento 2: a história e os temas de Nier: Automata são criativos e profundamente relevantes
É o seguinte: os aliens invadiram a Terra e dizimaram a maior parte dos humanos com robôs. Os que sobreviveram ao massacre refugiaram-se em uma base lunar. Centenas de anos depois, a guerra continua entre os androides – que protegem os humanos e comandam as operações de uma base entre a Lua e a Terra – contra os robôs dos aliens.
O problema é que os androides são tão evoluídos que têm sentimentos. E, na pele da protagonista 2B, androide de combate, isso é um problema. O seu colega 9S constantemente divaga sobre coisas que não têm nada a ver com a missão, o que pode atrapalhar e levá-los ao fracasso.
Nier: Automata discute temas humanos com uma profundidade raramente encontrada em videogames. São muitas as perguntas, mas também muitas as respostas, que o jogo traz. Uma criação “artificial” pode pensar e ter sentimentos? O que é, realmente, existir? Quanto as suas crenças são válidas para você seguir em frente? “Você” é “você” sem as memórias do que viveu? Como lidar com a morte? Qual é o verdadeiro significado da vida?
Antes, você precisava se matricular em um curso de filosofia, ler um livro ou pensar muito. Agora, é só jogar Nier: Automata – prestando atenção!
Argumento 3: o jogo é narrativamente coeso, tem 3 campanhas e 27 finais
Este é, provavelmente, o argumento que faz todo mundo falar de Nier: Automata.
A história de Nier: Automata é cheia de reviravoltas, mas nunca esquece que o jogador está no centro de tudo. O ritmo dele é variado e dinâmico – tem as partes de pura ação e combate, de perseguição, os trechos de exploração. Todos eles são fortemente justificados pelo que os personagens (e você, como jogador) estão passando, o que dá mais urgência e reais motivos para você querer continuar.
As três campanhas são muito comentadas porque, na verdade, a primeira campanha (duração de 12 a 18 horas) é um jogo completo, com começo, meio e fim. A segunda é a mesma campanha, mas sob outro ponto de vista e com gameplay extra. A terceira é a mais surpreendente, pois destrói tudo o que você sabia, ou esperava, sobre o jogo.
Quando digo 27 finais, é bom afirmar também que 22 deles são um resumo, em texto, do que acontece. Eles são possibilidades fora do caminho principal, muitos que você pode conquistar por puro acidente. Apenas 05 deles são “canônicos” e têm cutscenes e tudo que o jogo tem direito.
No gameplay, essa consistência é mantida. Habilidades passivas são liberadas com a instalações de chips no seu androide. Os espaços são limitados, por isso, talvez seja tentador retirar o chip operacional para colocar um de mais dano no ataque. Faça isso e seu personagem morre!
Argumento 4: os gráficos e a trilha sonora são do c******!
Nier: Automata varia do engraçado ao triste, do épico ao rotineiro. E as músicas e os gráficos foram cuidadosamente pensados para cada um desses momentos do jogo!
Novamente, é uma questão de gosto pessoal e, no meu caso, com frequência coloco a playlist do jogo para ouvir. Um exemplo:
https://www.youtube.com/watch?v=yt6qsYJ0ARM
Os gráficos das áreas semiabertas principais são muito bonitos, especialmente se você puder jogar com configurações altas no PC ou no Xbox One X, por exemplo (onde joguei). Há outros momentos que, intencionalmente, há gráficos mais minimalistas, para representar momentos específicos da história. E o principal motivo disso tem a ver com o último argumento…
Argumento 5: entenda, este é um jogo autoral e que não tem alto orçamento
Uma das coisas que o Corrales disse no texto sobre o Nier: Automata que não concordo é que os desenvolvedores escolheram textos para representar momentos extremamente importantes da história. Acredito que eles não escolheram – eles só não tiveram muita opção!
Sim, Nier: Automata é um jogo bem trabalhado. Porém, ele não teve um super orçamento. Não há uma informação oficial da Platinum sobre isso, mas o diretor, Yoko Taro, já mencionou que o game não teve DLC porque não tinha orçamento suficiente para fazer algo adequado.
É notável durante o jogo o quanto vários trechos, sejam eles de cutscenes ou gameplay, não alcançaram os mesmos aspectos de produção de outros. Isso acontece tanto na 2ª campanha quanto na 3ª campanha.
Há algo importante nisso tudo. Para quem jogou no lançamento, não havia qualquer alarde dos desenvolvedores sobre a 2ª e a 3ª campanha. Até hoje, ao terminar a 1ª campanha, é por uma mensagem de texto simplória que a Platinum comunica aos jogadores que Nier: Automata é uma experiência maior.
Por que este jeito “tímido” de dizer que tem mais de 20 horas de jogo escondidas? É porque este é um jogo autoral, que se esforçou para entregar algo marcante a quem jogou.
Jogar Nier: Automata, então, é apoiar o desenvolvimento de jogos que se esforçaram para entregar melhor (e não apenas mais). É também participar de uma das experiências mais marcantes de games desta geração e, talvez, da história dos games.