Brasília 18%

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Sabe, delfonauta, quando estamos cobrindo algo, seja em uma sessão de cinema ou um show, já vamos pensando em várias coisas a serem ditas na resenha. No caso de um show, vamos anotando tudo, já que são textos bem maiores e detalhados. Na parte de cinema, isso já não se mostra tão necessário, já que eu normalmente consigo lembrar o que quero dizer. Infelizmente, não foi o que aconteceu nesse filme. Maldita memória fraca! Maldita seja, eu digo! Maldita!

Mas vamos ao filme: o médico Olavo Bilac (pois é, eu também pensei o que você está pensando) é chamado pelo IML de Brasília para identificar um corpo de uma jovem assassinada chamada Eugênia Câmara (que a toda hora é chamada pelos personagens de Eugênia Câmera. Malditos pusilânimes amadores!). Acontece que existem interesses políticos nesse assassinato e Bilac será pressionado por todos os lados para dizer que o corpo pertence sim à Eugênia Máquina Fotográfica e assim ajudar na acusação de Augusto dos Anjos (uhum, o nome está certo). Na história, ainda vemos outros políticos envolvidos como Machado de Assis, Jean Paul Sartre e até uma jornalista chamada Cacilda Becker. Ah, e no final do filme ainda têm a pachorra de dizer que as semelhanças de nomes são mera coincidência. Acho que esse Nelson Pereira dos Santos (diretor e roteirista) está achando que é um dos irmãos Wachowski. 🙂

Achou interessante? Você já viu um episódio da fantástica série Scrubs onde as mulheres fazem os homens pararem de prestar atenção dizendo que foram comprar sapatos? Pois é, eu sou exatamente assim, mas para fazer com que eu desvie o pensamento é só falar “política”. Mesmo assim, como o jornalista responsável que sou, fiz o possível para assistir ao filme com a devida atenção e, considerando a quantidade de mulheres peladas que aparecem nele (como a Bruna Lombardi e a Karine Carvalho), até que não foi tão difícil. Mas se fosse só pela história, irgh! Se Syriana já foi deveras chato, que posso dizer da cópia dele? Ah, já sei: irgh! E mais, ainda bem que tem boas mulheres (ou seriam mulheres boas) com pouca roupa ou seria ainda mais chato.

Mas não é só isso, acontecem umas coisas completamente nonsense. Eu até estou disposto a aceitar nonsense (na verdade até gosto), quando o filme se propõe a ser uma comédia. Mas no caso de um que tenta ser sério, isso incomoda muito. Como exemplo, cito o Olavo Bilac, interpretado por Carlos Alberto Riccelli que, embora pareça o Caetano Veloso, acontecem coisas com ele dignas do Charlie Sheen. É só o cara conhecer uma mulher nova que dois minutos depois eles já estão na cama (e uma delas é a Malu Mader, meu!). Em uma cena, o cara chega no hotel e tem uma tetéia tomando banho no quarto dele. Ele simplesmente olha para ela, a abraça e eles vão para a cama. Assim, sem mais nem menos e sem trocar nenhuma palavra. Não sei se fico com raiva dele ou se entro para o fã clube do Olavo Bilac. Mas falando sério, dependendo do filme, isso é legal, mas em um filme sobre intrigas políticas é simplesmente ridículo.

Brasília 18% é uma versão brasileira (provavelmente até não-intencional) de Syriana. Tenta ser um filme intrigante, mas consegue apenas ser chato. O cinema brasileiro ainda precisa aprender muito.

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