Num primeiro momento, pode-se pensar que o título do filme está em inglês, mas como esta não é uma produção proveniente dos EUA ou do Reino Unido, isso seria algo estranho. Na verdade, este é um filme norueguês, o que por si só já é bem interessante, visto que não chegam muitos longas da terra do Black Metal por aqui.
E a não ser que o Google tenha me pregado uma pegadinha do Mallandro, Blind também significa “cego (a)” em norueguês, embora a pronúncia seja totalmente diferente da língua de Shakespeare (algo próximo a “blín”). Uma boa curiosidade de cultura linguística, não concorda, caro delfonauta?
Com tudo isso, acho que você já sabe mais ou menos qual a temática do longa, mas vamos lá: Ingrid perde a visão devido a uma doença e está se adaptando à sua nova situação nesse período difícil de sua vida. Apesar do apoio do marido, ela ainda não se sente confiante para sair de seu apartamento e passa seus dias enfurnada lá dentro.
Isso abre espaço para que sua imaginação viaje, expondo seus medos, neuras e anseios, bem como algumas fantasias reprimidas, tudo isso tomando forma numa história que ela está escrevendo.
O filme tem a boa sacada de misturar os personagens inventados por Ingrid com seu marido, brincando com o que é mera invenção da cabeça dela e o que poderia ter um fundo de verdade, lembrando novamente que tudo gira em torno das inseguranças dela com sua nova condição.
É também muito bem resolvido visualmente na forma como retrata o andamento da trama fictícia criada por ela, com suas ações e reações diretamente ligadas à autora. Tipo, quando ela pega no sono, a personagem que estava sob o foco dela até então também dorme instantaneamente, não importando o que ela estava fazendo no momento.
Isso é muito legal e torna a narrativa bastante interessante, aliada à história simples, porém eficiente e seu bom andamento em um longa de duração econômica para um drama, com enxutos 91 minutos, tornando-o bastante agradável de se assistir, ainda que ao final não seja algo exatamente memorável.
Ainda assim, Blind cumpre bem seu papel como um drama despretensioso, mas bastante eficaz, mostrado sob uma ótica menos lacrimosa e mais psicológica e criativa. Merece uma conferida.