As notícias mais inesperadas de 2016

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O ano de nosso senhor 2016 foi a definição de WTF, não apenas na cultura pop, mas também nas coisas menos importantes. Nem tudo que aconteceu no ano foi ruim, mas para encerrar nosso especial de 2016, reuni as coisas mais absurdas e inesperadas dos últimos meses.

5 – IMPEACHMENT DA DILMA

Admito que eu não gosto do PT. Fiquei extremamente frustrado quando a Dilma Roussef ganhou a reeleição, e lembro de ter comentado com amigos que com os 16 anos seguidos do partido no poder, pegou toda a minha vida adulta, praticamente desde que eu comecei a trabalhar e pagar impostos por conta própria.

Quando comentei isso, pensei que a única forma de evitar seria um impeachment, mas imediatamente concluí que isso seria impossível (“o Brasil não vai passar por isso de novo”, imaginei), como também deduzi o óbvio: isso seria ainda pior para o Brasil do que os quatro anos de mandato da moça, então era melhor que não acontecesse.

Mal imaginava eu que aconteceria. Aliás, ao contrário do Fernando Collor, a Dilma foi até o fim no processo, sem renunciar, o que sinceramente achei que fosse impossível. Sempre imaginei que qualquer político preferiria evitar o vexame de ser deposto renunciando.

Independente do que eu achava dela como governante, fico bem triste ao constatar que, desde que nosso país retomou as eleições diretas, metade de nossos presidentes sofreram impeachment. Por mais que eleições diretas sejam a melhor forma de escolher governantes, é impossível não chegar à conclusão que brasileiro não sabe votar. Talvez as coisas já melhorassem eliminando o ridículo voto obrigatório, mas isso é algo que parece cada vez mais fantasioso.

Outra coisa que me deixa bem chateado é que pela terceira vez desde que eu estou vivo, o PMDB, provavelmente o partido mais do mal que existe, consegue a presidência do Brasil sem nunca ter sido oficialmente eleito. Caramba, por que diabos todo vice é do PMDB? A estratégia deles é óbvia, por que os outros partidos continuam entrando na cama com eles? E as medidas tomadas pelo nosso atual presidente estão indo de mal a pior, fazendo com que a presidência da Dilma, por pior que fosse, chegasse a parecer boa.

É impossível não lembrar de House of Cards e da famosa frase de Frank Underwood: “a um passo da presidência e nenhum voto feito no meu nome”. A vida imita a ficção, de fato.

4 – MICHAEL KISKE E KAI HANSEN VOLTAM AO HELLOWEEN

Esta é uma notícia boa. De fato, é algo que eu torci para que acontecesse durante toda minha adolescência e início da fase adulta, é uma pena que tenha acontecido tão tarde, quando se tornou bem menos importante para mim.

Ainda assim, temos de volta o trio mágico feito pelo rouxinol Michael Kiske e pelos talentosos compositores Michael Weikath e Kai Hansen. E o Andi Deris conseguiu isso sem sair da banda o que, convenhamos, seria uma tremenda cachorrada com ele, uma vez que ele é o compositor da maior parte das músicas do Helloween. Pelo menos até o momento, eles não vão fazer músicas novas, vai ser uma reunião apenas para shows, e imagino que vão ser shows muito legais.

Isso não é tão repentino. É, sim, a culminação de um processo que eu venho acompanhando desde que comecei a gostar de metal. No início da minha vida metálica, o Michael Kiske lançou seu primeiro disco solo, que ainda tinha algo do gênero e participação de Kai Hansen e Adrian Smith. Porém, ele se afastou rapidamente do metal, lançando discos solo que eram bem mais puxados para o pop.

Aos poucos, Kiske começou a cantar como vocalista convidado em CDs de metal, mas ele só aceitava cantar baladas. Com o tempo, ele voltou a cantar coisas mais animadas (quando cantou no primeiro disco do Avantasia, ele até negou aparecer com seu nome, assinando como Ernie), até que entrou no Place Vendome que, se não era metal, era sem dúvida uma banda de rock. O Place Vendome acabou virando o Unisonic com a entrada de Kai Hansen. Hansen vinha querendo colocar o Kiske no Gamma Ray há mais de uma década, e finalmente os dois se reuniram, ainda que em outra banda.

Todo mundo parecia ter problemas com o Michael Weikath, mas ao longo dos anos, os ânimos se acalmaram e o Gamma Ray chegou a excursionar com o Helloween duas vezes, inclusive tocando algumas músicas juntos. Kiske, no entanto, ainda falava bem mal de Weikath para quem quisesse ouvir.

Daí Andi Deris, substituto de Kiske no Helloween, começou a falar que não era contra uma reunião com o ex-vocalista. Quando ele disse isso, já imaginei que tinha algo sendo planejado. Enfim, no final de 2016, o processo culmina com o anúncio do Helloween com sete integrantes, três guitarristas e dois vocalistas. Será que isso vai terminar em músicas novas? O tempo dirá. Por enquanto aguardemos o primeiro show dessa turnê, que vai ser em São Paulo e promete ser muito legal.

3 – INGLATERRA VOTANDO SAIR DA UNIÃO EUROPEIA

Imagine um mundo com fronteiras apenas geográficas. Um mundo mágico, no qual você pode viajar ou morar em qualquer país sem precisar passar pela burocracia de vistos. Mais ainda, você pode usar o dinheiro do seu próprio país nos outros países, pois a moeda é única. Parece utópico, mas este mundo existe e se chama União Europeia, o que considero o maior avanço político mundial das últimas décadas.

A Inglaterra era parte deste grupo de países, mas nunca realmente levantou a bandeira. Eles nunca aceitaram usar o Euro, mantendo a Libra como sua moeda. Em 2016, no entanto, eles levaram sua xenofobia a um novo nível, votando para que o país saísse da maior conquista política que já tivemos na Terra.

Pior, parece que no dia seguinte do plebiscito, os ingleses resolveram pesquisar na net o que diabos era a União Europeia. Oi? No dia seguinte? Depois de vocês votarem para sair? E como diabos um inglês pode não saber o que é a União Europeia, caramba?

Normalmente a gente pensa nos ingleses como um povo refinado e inteligente. Eu sempre gostei da comédia inglesa, que consegue se equilibrar entre o inteligente e o bobo. Depois disso, minha visão dos ingleses mudou consideravelmente. Penso que eles talvez não sejam inteligentes não, sejam apenas bobos. E se não forem burros de votar em algo que não sabem, votaram em algo que sabem, o que os torna idiotas xenófobos. Considerando a quantidade de países que a Inglaterra invadiu ao longo da história, diria que ambas as possibilidades são válidas.

Aqui, do alto da minha brasilidade, eu aguardo pelo dia que a União Europeia se torne uma União Mundial, um mundo em que eu possa passear onde quiser e comprar onde quiser sem ter que trocar dinheiro, pegar vistos ou pagar altos impostos. Sei que este mundo é utópico e distante, mas me dói no coração ver que aqueles que viviam na utopia querem sair dela.

Lembra até aquele discurso do Agente Smith no Matrix, quando ele fala que a primeira Matrix era um paraíso, mas os seres humanos a rejeitaram. Mais uma vez, a vida imita a ficção.

2 – A REUNIÃO DO GUNS N’ ROSES

A reunião do Helloween foi um processo. A do Guns N’ Roses, por outro lado, foi totalmente repentina. Ainda outro dia, Axl e Slash davam entrevistas deixando bem claro que nunca trabalhariam juntos de novo. Daí, de um dia para o outro, a banda se reúne para uma turnê batizada apropriadamente de Not in this Lifetime.

Eu não sou um grande fã de Guns, mas já vi a banda ao vivo duas vezes. Eu até gostaria de ter ido nessa turnê, mas a última vez que vi os caras foi bem traumático, com um atraso de mais de três horas no início do show. E daí, logo na primeira música, o Axl ameaçou sair do palco. Este tipo de atitude desrespeitosa é algo que eu simplesmente não posso mais aceitar, então acabei não indo à apresentação. Quem foi me diga, ela chegou a atrasar ou o Axl finalmente aprendeu a ser profissional?

1 – DONALD TRUMP PRESIDENTE DOS EUA

Quando fiquei sabendo que Trump poderia ser candidato, pensei que seria um caso como o do Tiririca se candidatando no Brasil. Ou seja, ninguém levaria a sério ou votaria nele. Para minha surpresa, tanto o Tiririca quanto o Trump realmente se candidataram e pior, levaram a eleição. Pelo menos o palhaço brasileiro não é mais malvado do que o capeta.

Ao longo da campanha de Trump, cada vez que ele abria a boca eu achava tudo mais absurdo. “Vamos construir um muro para nos separar do México, e o México vai pagar pela construção do muro”. Sério, cara?

E não ficou por aí, a atitude do cara é tamanha que temo que, como presidente, ele nos leve à Terceira Guerra Mundial. Sua vitória, no entanto, mostra bastante do mundo em que vivemos. Ao invés de caminharmos rumo à união e a um mundo sem fronteiras, os EUA e a Inglaterra seguem o caminho totalmente oposto, se separando ainda mais do resto do mundo.

O futuro, meu amigo, não parece muito promissor, mas todos nós vamos viver nele. Cabe a nós fazer o que estiver a nosso alcance para que ele seja melhor para todos, e que a xenofobia, racismo e burrice da Inglaterra e dos EUA não se espalhem pelo mundo todo.