As Férias de Mr. Bean

A igreja da qual você participa faz rifas? A do Mr. Bean faz. E dá prêmios bem legais. Sabe qual foi o mais recente? Uma viagem para Cannes, mais 200 euros, mais uma filmadora novinha em folha. Tremendão, não? E sabe quem ganhou? O Sr. Feijão em pessoa, meu amigo. Só que o que deveria ser um passeio relaxante obviamente acaba se tornando uma infindável seqüência de confusões.

As Férias de Mr. Bean, que traz de volta o divertido personagem de Rowan Atkinson, retrata o difícil caminho até Cannes. E não, não estou falando da carreira de um cineasta ou de um publicitário sedento por prêmios, mas apenas das dificuldades que uma pessoa comum (bem, não que Bean seja exatamente comum) para chegar lá, fisicamente falando. Sim, é basicamente um road movie e, apesar de ter essa história que permeia tudo, é quase uma seqüência de esquetes, cujo único objetivo é fazer sorrir. Ora, pois, e não é suficiente? Na minha opinião, é, sim, mas isso deixa difícil falar muito sobre o filme, pois arriscaria estragá-lo para o delfonauta que ainda o verá.

Como quem já conhece a série, não encontrará grandes novidades aqui. O humor é basicamente o mesmo dos desenhos da Warner, já que Mr. Bean, assim como o Patolino ou qualquer outro dos Looney Tunes, não é exatamente o que podemos chamar de “um cara legal”. Aliás, a cena em que ele interpreta uma ópera na rua é digna dos melhores momentos do Pernalonga. É uma das mais engraçadas do filme, sem dúvida.

Algo que você tem que ter em mente antes de ir ao cinema conferir este longa, é que ele é um típico exemplar de humor inglês. Não confunda isso com Nonsense, embora seja verdade que ele flerte com o estilo em alguns momentos. Refiro-me mais à parte técnica. A história rola de forma tranqüila, quase relaxante, com poucos diálogos e belas músicas que tocam quase o tempo todo. As cenas são sutis e os planos são longos. Novamente, se você está habituado à série ou mesmo ao humor proveniente do Reino Unido, não vai ver nenhuma novidade, mas se você só conhece o cinemão estadunidense cheio de adrenalina pode estranhar um pouco essa aparente calmaria. Mesmo assim, vale conhecer essa linguagem diferente, que também é bem legal, por mais que eu também goste de explosões e de mulheres com pouca roupa.

Aliás, já que falei da trilha sonora, vale destacá-la, pois ela mescla muito bem Rocks e Pops, no geral bem conhecidos e perfeitamente inseridos no contexto da cena. Só tome cuidado para não ficar curtindo a música e esquecer de olhar para a tela. 😛

As Férias de Mr. Bean não é daqueles filmes que vai fazer você ficar com a barriga doendo de tanto rir, mas é um longa bem divertido e que sem dúvida se destaca positivamente das comédias que normalmente passam por aqui. E veja só, talvez seja a primeira vez que um filme humorístico chega ao Brasil sem receber um título na linha Deu a Louca no Mr. Bean, Mr. Bean por Acidente, Senhor Feijão Vai à França ou Um Feijão Muito Louco.

Curiosidades:
– Este longa só vai estrear nos States em 31 de agosto do ano corrente.

– Tem uma cena escondida no finalzinho dos créditos.

– Willem Dafoe, o Duende Verde, faz um diretor de cinema neste filme. Aliás, as cenas do filme dele rivalizam com as da parte da ópera como as melhores do filme, especialmente aquele discurso com os “nadas”.

– Todo paulistano que curte cinema deve saber quão podre é a rede Cinemark, sobretudo nos Shoppings Higienópolis e Santa Cruz, este último foi onde As Férias de Mr. Bean foi exibido para a imprensa. Além da tradicional péssima qualidade de imagem e som e das cadeiras que ficam empurrando o cliente para a frente (sinceramente, será que ninguém sentou naquelas porcarias antes de encomendarem poltronas assim para o cinema?), desta vez os caras se superaram: o filme foi INTEIRINHO projetado mais para baixo do que deveria. Resultado: piadas e legendas perdidas, microfones no topo da tela o tempo todo, um imenso espaço vazio acima dos personagens em todas as cenas e muito mais. E sabe quando o projetor bêbado decidiu arrumar? Quando os créditos começaram a passar, na hora que aparece o nome do tradutor, manja? E eu fico me perguntando como que um cara desses ainda tem emprego. E já estava na hora da UIP fazer como as outras distribuidoras e fazer cabines em cinemas melhores. Delfonauta, eu recomendo esse filme, mas não faça a besteira de gastar dinheiro para assisti-lo no Cinemark. A não ser que você prefira ver o céu e microfones voando aos personagens e às piadas, é claro.