As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl em 3-D

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Robert Rodriguez é um sujeito bem extremático. Quando não está fazendo filmes ultraviolentos como A Balada do Pistoleiro, Um Drink no Inferno e Sin City (Que nós já assistimos, seu invejoso. A propósito, a resenha sai semana que vem) gosta de fazer produções infantis, como a cinessérie Pequenos Espiões e este As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl em 3-D. Devo dizer que prefiro suas obras mais adultas.

As Aventuras de blá blá blá em 3-D… conta a história de Max, um garoto de imaginação fértil que costuma ter sonhos bem criativos que costuma anotar num diário para não esquecer. Porém, sua criatividade e sua crença em seus sonhos lhe trazem problemas. Na escola, ele não tem amigos e é hostilizado por valentões. Em casa, sua mãe (Kristin Davis, do seriado Sex and the City) não acha saudável tal comportamento sonhador. Seu pai (David Arquette, da trilogia Pânico) não tem coragem para contradizer a esposa.

Seu desejo de fugir da realidade se realiza quando Sharkboy, um garoto meio homem-meio tubarão, e Lavagirl, uma menina que solta rajadas de lava pelas mãos – criações de Max – aparecem e pedem que ele os acompanhe ao planeta Baba (é sério!), formado por elementos de diversos sonhos seus. Acontece que o planeta foi dominado pelo temível Sr. Elétrico, que serve a um mestre misterioso. Max precisa ajudar os dois heróis a restabelecerem a ordem no planeta.

Diferente das produções infantis mais recentes, que têm um grande apelo também para os adultos, como as animações Shrek 2, O Espanta Tubarões, Os Incríveis e Madagascar, este é um filme exclusivo para pessoas com menos de 10 anos de idade ou para o Corrales aqui do DELFOS, que adora coisas para crianças. Coitados dos pais dos pimpolhos, que vão morrer de tédio com um filme tão inocente que acaba sendo bobo.

Honestamente, não sei dizer se iria gostar do filme se eu fosse criança, mas convém lembrar que o argumento do filme foi criado pelo filho de Robert Rodriguez, Racer (acredite se quiser, este é o nome dele) na época com 7 anos. O paizão curtiu a idéia, escreveu o roteiro e mandou brasa. Daí pode-se tirar duas conclusões: a história foi criada por uma criança. Logo, haveria alguém melhor para saber do que os baixinhos gostam? A outra conclusão é que Robert deve ser um dos pais mais legais do mundo! Vai dizer que você não gostaria que seu pai filmasse uma história sua?

Bem, se a história não agrada aos grandões, há o fato de o filme ser em 3-D (aproveite para ler a resenha do DVD Shrek 3D), o que é sempre bacana. Mas mesmo isso acaba se tornando cansativo. Apenas duas seqüências dos 93 minutos de filme não são em terceira dimensão. Assim, chega uma hora em que os óculos passam a incomodar bastante. Fora o fato de que, a todo o momento, os personagens cospem comida na direção da platéia. Além de não ter a menor importância no filme, é uma tremenda falta de educação, pô.

Destaque negativo para as péssimas atuações, especialmente a do Sharkboy (um tal de Taylor Lautner) e para a dublagem porca onde, em diversos momentos, não há sincronia labial. Fato estranho para a dublagem brasileira, que sempre foi considerada uma das melhores do mundo.

Para não dizer que só falei mal do filme, ele ganha um ponto positivo por sua mensagem de que as crianças não devem ser privadas de sua imaginação, parte fundamental no processo de crescimento de qualquer um. Essa mensagem e a própria história do filme, lembram muito o clássico História Sem Fim. Na verdade, lembra tanto que até parece um plágio, mas vamos fingir que não percebemos, ok?

Um típico filme de férias que deve fazer a alegria da criançada e a infelicidade dos acompanhantes adultos. Vale lembrar ainda que são os filmes infantis de Rodriguez que geram grandes retornos financeiros, o que possibilita que ele trabalhe com uma liberdade alcançada por poucos diretores em seus filmes.

Se, para termos filmes como Sin City, é necessário que haja Pequenos Espiões e este As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl em 3-D, então não custa nada fazer um pequeno sacrifício e levar o filho, sobrinho, irmão ou seja lá o que for ao cinema. Eles vão se divertir e você será recompensado mais tarde com novos filmes insanos de Robert Rodriguez. Aliás, eu já disse que assisti Sin City essa semana? 😉

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