As Aventuras de Robinson Crusoé

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A história de Robinson Crusoé deve ser uma das narrativas mais adaptadas para outras mídias, como o cinema e a televisão, por exemplo. Tanto que muita gente nunca leu o livro de Daniel Defoe, mas conhece bem a história do náufrago que fica preso numa ilha (e não é interpretado pelo Tom Hanks).

Contudo, preciso admitir, fazia tempo que não me deparava com uma nova adaptação da clássica história. Eis que a animação As Aventuras de Robinson Crusoé chega para remediar essa situação, apresentando uma nova reimaginação da trama que todo mundo conhece.

Desta vez, ela é apresentada sob o ponto de vista dos animais que vivem na ilha deserta onde Robinson Crusoé vai parar após o navio em que viajava afundar. Vendo um humano pela primeira vez, eles ficam com medo de que se trate de alguma espécie de monstro.

Porém, o simpático Crusoé não demora a conquistar a confiança dos bichinhos, sobretudo do papagaio líder do bando, e logo eles passam a ajudá-lo a sobreviver no ambiente inóspito, bem como a lidar com dois gatos que também estavam no navio e vão causar problemas para Robinson e seus novos amigos animais.

Só pela sinopse já dá para ter uma ideia de que a história foi bastante infantilizada, mirando uma molecada mais nova. E é bem isso mesmo. Ao focar a trama em bichos fofinhos e coloridos, deixando o personagem que dá nome ao filme quase em segundo plano, fica clara a tentativa de transformar a história em uma espécie de “versão Disney”.

Só que esta não é uma animação da casa do Mickey. Tecnicamente ela é muito bem feita, embora eu ache que para esse tipo de história, poderiam ter optado por cartunizar ainda mais o visual dos personagens, ao invés de deixá-los mais realistas (como os piratas, por exemplo). Isso sem dúvida o deixaria ainda mais bonito e distinto visualmente.

Contudo, apesar da qualidade técnica, das cores e da trama movimentada, não há nada de novo aqui, e a condução é bastante preguiçosa, o que o torna deveras genérico. Ele é curto o bastante para que sua falta de criatividade não encha o saco, mas simplesmente se esvai da memória assim que termina. Fora que, para o público mais velho, não há qualquer atrativo, ele mira mesmo apenas nas crianças e olha lá.

Pois pode até ser que elas se entretenham numa sessão de As Aventuras de Robinson Crusoé, visto que ele até se sustenta razoavelmente enquanto se assiste, mas está longe de ser uma experiência marcante para seu pimpolho. Se não tiver nada melhor, até vale uma assistida, mas com certeza deve haver animações de mais qualidade em cartaz. Neste caso, opte por elas.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
as-aventuras-de-robinson-crusoePaís: Bélgica/França<br> Ano: 2016<br> Gênero: Comédia/Animação<br> Duração: 91 minutos<br> Roteiro: Domonic Paris<br> Elenco: Matthias Schweighöfer, Kaya Yanar e Ilka Bessin.<br> Diretor: Vincent Kesteloot e Ben Stassen<br> Distribuidor: Imagem<br>