Anne Rice diz o que acha da série Crepúsculo

0

A gente sabe que antigamente os vampiros já foram muito melhor tratados na literatura e no cinema. Se hoje em dia, a desnecessária série Crepúsculo e seus derivados deturparam a imagem destas criaturas lendárias – transformando-os em purpurinados e cavalheirescos galãs teen – obras clássicas como Entrevista com o Vampiro e Drácula estão aí para manter a trüeza e a masculinidade destes seres das trevas.

A autora de uma destas obras, a tremendona Anne Rice, conversou com a New York Magazine e, entre outras coisas, deu sua opinião sobre a famigerada série de vampiros colegiais escrita por Stephenie Meyer.

Qual sua opinião sobre a série Crepúsculo, tia Rice?

O que eu vi ali [em Crepúsculo] é o romance de uma mulher, a mesma coisa que funcionou nos trabalhos de Charlotte e Emily Brontë, a ideia de uma garota vulnerável que se apaixona por um homem essencialmente mais velho, forte e misterioso. É a história clássica reinventada.

Tá, tia Rice, mas não enrola e fala o que você achou de fato sobre a ideia de meter os vampiros no colegial, e tal.

Ela [Stephenie Meyer, a autora] fez isso [reinventou a história clássica] com uma tirada de gênio, que é colocar esses vampiros ameaçadores no colegial. O que, de certo modo, é incrivelmente ridículo. Que imortal passaria seu tempo indo para a escola de novo e de novo desse jeito? Vá para Katmandu ou Memphis ou Rio de Janeiro ou Roma! Apesar de ridículo, é uma tirada de gênio, pois isso agradou milhões de crianças pelo mundo”.

Rá,incrivelmente ridículo! =D

Mas diz aí, tia Rice,o que você acha que tornou essa porcaria série Crepúsculo um sucesso tão absurdo?

O que eu acho, no fundo, que faz funcionar é essa fórmula testada e aprovada de romance feminino, que tem raízes na psicologia. Trata-se da relação da jovem com o pai dela? Trata-se do feminino frágil apaixonado pelo masculino forte? Tem muitas camadas de interpretação possíveis, embora certamente as crianças que leram os livros não se importem muito com isso”.

Rá, crianças! =D

E a questão da castidade, o que você acha desta ideia em pleno século XXI, onde muitas garotas de 13 anos já têm uma ninhada de filhos?

Acredito que isso passa por toda a literatura de vampiros. Em qualquer livro, nos meus e nos de Stephenie Meyer, até a série True Blood que adapta os livros de Charlaine Harris, tem personagens lutando contra seus desejos, se abstendo. Isso é o que os torna personagens interessantes. E sempre aplaudimos, porque é uma metáfora para a luta que mantemos contra nossos impulsos destrutivos. Claro que ela [Stephenie Meyer] faz isso de um jeito bem cafona, com a família boa tão devotada aos outros, à abstinência e tal. Talvez seja feito de um jeito bem claro para os leitores mais jovens.

Rá, cafona! =D

Com meu sagaz olhar clínico jornalístico, cheguei à conclusão que Anne Rice acha que a série Crepúsculo é incrivelmente ridícula, cafona e foi feita para crianças. Ou foi feita por crianças incrivelmente ridículas e cafonas? Ou é ridiculamente cafona e foi feita para crianças incríveis? Putz, acho que me perdi na complexidade do raciocínio.

Em suma, o mundo precisa de mais Anne Rices e menos Stephenie Meyers. Pronto, falei!