Essa vida de quem escreve sobre jogos tem coisas curiosas. Ocasionalmente, eu não consigo acesso para cobrir jogos pelos quais estou esperando ansiosamente (por exemplo, Star Wars Jedi: Fallen Order, no fim do ano passado). Em outros, eventualmente recebo jogos nos quais não apenas não estou interessado, como seriam coisas que normalmente eu evitaria. É o caso dessa análise Peaky Blinders: Mastermind.

HISTORINHA

Quando fiquei sabendo da existência de Peaky Blinders: Mastermind, assisti a uns vídeos de divulgação, li os releases e cheguei à conclusão que não era para mim. Você sabe, eu gosto de explodir coisas. Estratégia definitivamente não é meu forte.

É relativamente comum receber jogos que eu não me sinto exatamente capacitado para analisar justamente. Nesses casos, eu costumo ver se encontro alguém que possa fazer a cobertura, ou então gentilmente respondo para quem nos enviou dizendo os motivos pelos quais não vou usar o código, liberando a assessoria para repassar para outro veículo.

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O visual é realmente muito legal!

Peaky Blinders: Mastermind, no entanto, deu uma certa “sorte”. Quando ele chegou, eu não estava no meio de outra cobertura. Minha lista de pendências estava quase vazia, e ele não parecia muito longo. Resolvi arriscar. E, para minha surpresa, gostei MUITO dele.

Não mudei de opinião. Ainda sou um cara que gosta de jogar videogame para explodir helicópteros e matar zumbis. E, para ser sincero, dificilmente gastaria meu dinheiro em um jogo de estratégia como este. Dito isso, ele mais do que valeu o investimento de tempo que fiz nele, tendo me divertido e me agradado muito mais do que Hellpoint ou Mortal Shell, por exemplo. Imagino que para alguém que realmente gosta de jogos de estratégia, ele tem potencial de se tornar um queridão.

O QUERIDÃO

Comecemos pelo óbvio. Peaky Blinders: Mastermind é baseado na série do Netflix Peaky Blinders. Os personagens têm o visual dos atores da série, mas nenhum deles gravou vozes para o jogo. Aliás, o jogo não tem vozes. Embora tenha bastante história, ela é totalmente contada em textos e desenhos estáticos.

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Mas são desenhos MUITO legais!

Agora, como já deixei claro, eu não sou um cara com um grande repertório em jogos de estratégia. Assim, vou fazer um paralelo do gameplay de Peaky Blinders: Mastermind com um jogo de ação. Mais especificamente os puzzles do Clank em Ratchet & Clank: A Crack In Time.

ANÁLISE PEAKY BLINDERS: MASTERMIND

Funciona assim: você alterna controle entre vários personagens. Cada um deles tem habilidades diferentes. O protagonista Tommy (Cillian Murphy), por exemplo, consegue controlar NPCs. As mulheres passam incólumes por inimigos e têm o poder de subornar ou distraí-los. Outros quebram portas e dão porrada.

Basicamente, cada fase é um quebra-cabeças stealth em que você deve usar todos os personagens a que tiver acesso para chegar ao final. A grande sacada é que você controla o tempo, e daí a semelhança com A Crack In Time.

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Assim, você deve, por exemplo, usar Ada para distrair um guarda que estiver vigiando uma porta. Daí, você volta o tempo, mantendo as ações de Ada gravadas, e usa Arthur para chutar a porta enquanto Ada estiver distraindo o caboclo. Por fim, você volta o tempo mais uma vez e leva Finn, o molequinho, para entrar pela porta que o Arthur abriu, enquanto o guarda estiver distraído, e assim passar por uma janela do outro lado.

Nas fases mais elaboradas, você tem que combinar dúzias de ações diferentes de formas altamente específicas. E é muito legal quando você está controlando um personagem e daí percebe que ele está passando pelo mesmo caminho, ao mesmo tempo, que outro que você controlou antes. É tipo quando o delta dá 25 em uma equação do segundo grau no ensino médio: você sabe que fez algo certo.

LIMITES DE TEMPO

Todas as fases têm limites de tempo. E isso enganam bastante. Por exemplo, antes de entrar em uma fase, você pode ver que o objetivo para a medalha de ouro é três minutos. Isso dá a sensação de que a fase é curta. Mas não se engane. Você provavelmente vai ter que fazer três minutos de ações altamente específicas com CADA personagem, alternando entre eles e voltando o tempo várias vezes. Assim, não se surpreenda se, ao final de uma fase na qual você passou mais de 30 minutos, o reloginho marcar que foi concluída em três minutos.

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O jogo pode parecer muito complicado e, bem, é mesmo. Porém, ele faz um bom trabalho com os tutoriais e com dicas que aparecem na tela, mostrando sugestões de caminho para onde cada personagem pode ir.

Porém, devo admitir que eu não consegui terminá-lo. Eu fui até a nona e penúltima fase e, mesmo com as dicas, teve uma solução que não consegui encontrar. Normalmente, eu simplesmente procuraria algum guia online, mas este é um daqueles casos em que eu tive que fechar esta matéria semanas antes do lançamento, quando o jogo ainda estava sob embargo. Então eu tinha que resolver tudo por conta própria. E, ó, desgraça, eu falhei nesta missão. Mas tendo visto todas as fases menos a última, resolvi que tinha jogado o suficiente para dar uma opinião concreta sobre ele. E, como você pode ver, eu gostei bastante, até onde consegui chegar.

ACESSIBILIDADE

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Seria legal que ele tivesse alguma opção de acessibilidade que mostrasse a solução que você não conseguiu encontrar, ou mesmo que eu pudesse jogar a última fase sem ter passado pela penúltima. Isso possibilitaria que eu visse o jogo inteiro, mesmo sem tê-lo resolvido completamente.

Agora que o embargo venceu, é provável que eu procure pela solução e termine o jogo, porém quis publicar este texto a tempo para o lançamento, possibilitando que você o compre assim que ele estivesse disponível, caso seja fã de jogos de estratégia. E, se é o seu caso, Peaky Blinders: Mastermind é estiloso, bonito e bem criativo, capaz de fazer você se sentir um gênio e um burraldo, muitas vezes ao mesmo tempo.