Omega Strike é um metroidvania do estúdio Wobblyware que chega hoje às lojas dos consoles (e está disponível para PC desde o final do ano passado). Trata-se de um dos jogos pixelados modernos mais bonitos que eu já vi. Não estou comparando com os clássicos dos 16-bit, mas com estes jogos que lançam mão da estética retrô intencionalmente. Se liga que belezura.

Omega Strike, Delfos

Em movimento ele fica ainda mais bonito, com uma animação caprichada de encher os olhos. Em matéria de gameplay, ele é bem familiar, mas igualmente caprichado. Além disso, ele traz uma mecânica só dele.

TRÊS HERÓIS

A aventura é protagonizada por três heróis: Sarge, Bear e Dex. Cada um deles tem habilidades e armas específicas, que vão ficando cada vez mais especializadas a cada upgrade encontrado. Basicamente, Bear é forte, Dex é ágil, e Sarge é o protagonista, que tem a melhor arma, um topete espetacular e recebe a maioria das habilidades.

No início, Sarge parece ser o menos especial. Ele tem uma metralhadora, mas nenhuma habilidade específica. Bear desde o início consegue empurrar caixas e Dex dá pulos duplos.

Omega Strike, Delfos

Esta divisão nem sempre vem para acrescentar ao jogo. Em especial, me incomodou bastante que um personagem é melhor para o combate enquanto outro dá pulos duplos, o que me obrigava a alternar entre eles o tempo todo. Não é como se existisse uma miríade de habilidades únicas por aqui, pois é tudo bem padrão (você já jogou jogos com pulo duplo, por exemplo), então daria para combinar tudo em um único personagem sem problemas.

O jogo quase não tem história, com exceção de um rápido diálogo antes de cada um de seus muitos – e excelentes – chefes. O foco é no seu gameplay, e é neste aspecto que ele brilha.

JOGABILIDADE

Suas mecânicas combinam plataforma e tiro, o que dá a ele um feeling semelhante ao do clássico Metal Slug (o visual também é parecido). O combate, em especial, é bastante agradável, muito por causa das explosões a rodo e do sanguinho que se espalha quando um inimigo é vencido. Os efeitos sonoros contribuem bastante para deixar tudo tão… crocante.

Omega Strike, Delfos
Na foto: crocância.

Os desafios são legais, e o jogo causa uma excelente primeira impressão. Inclusive, durante minhas primeiras horas, achei que seria o melhor metroidvania que joguei em muito tempo.

MAS…

Omega Strike vai se tornando inferior conforme você avança na campanha. Algum backtracking faz parte do gênero metroidvania. Você passa por um obstáculo intransponível, e mais para frente descobre como passar por ele. Porém, este realmente abusa da nossa boa vontade.

Omega Strike, Delfos

Normalmente, as áreas fechadas escondem segredos e upgrades. Aqui, quase todas são parte da história. Você passa por uma fase e encontra vários caminhos que não dá para entrar. Vai até o final e mata um chefe, e daí via de regra é necessário voltar a fase inteira, pelo mesmo caminho, até o hub inicial.

Omega Strike, Delfos
E os mapas são bem grandes e os saves, escassos.

Daí você vai para outra fase e repete o processo. Normalmente isso lhe dará uma nova habilidade, o que vai exigir voltar para a fase anterior, fazer todo o caminho até a área fechada e avançar a partir dali. O jogo não mostra seu próximo objetivo, então não só você precisa jogar algo que já jogou de novo, ainda precisa lembrar quais áreas de cada fase estavam lacradas com quais obstáculos. É um verdadeiro exercício de memória.

REPETIÇÃO

Assim, se na primeira vez que explorei cada uma das três fases principais pela primeira vez, me diverti bastante, esta diversão diminuía consideravelmente cada vez que precisava voltar a ela. Em algumas, é necessário voltar três ou quatro vezes ao longo da campanha. Isso seria um incômodo bem mais leve se fosse possível se teleportar para cada área de save. Porém, o único fast travel disponível é através de um item consumível que leva sempre para o hub – e é um caminho de ida.

Omega Strike, Delfos
Este chefe não parece o Red Forman, do That 70’s Show?

Para falar a verdade, o simples fato de eu ainda ter me divertido com ele mesmo após tanta repetição é um testamento para a qualidade do seu gameplay. O problema não é no level design propriamente dito. As fases são legais. O problema é o quanto você tem que ir e voltar em cada uma delas.

OMEGA STRIKE

Omega Strike é um daqueles casos de um jogo que faz o principal muito bem, mas depois se perde em firulas. Não é um jogo longo, eu o terminei em seis horas e não achei apenas quatro itens.

Omega Strike, Delfos
Estas foram minhas estatísticas.

Porém, mais vale um jogo curto que diverte durante toda sua duração do que um que se estende mais do que o necessário. Se Omega Strike usasse ferramentas comuns em metroidvanias, como atalhos e fast travels, poderia ser um jogo realmente especial. Ainda assim, seu gameplay e seu audiovisual são tão bons que merece uma chance.