Just Cause 4 acaba de ser lançado pela Square Enix. Yes, explosiones! Criada pelo estúdio sueco Avalanche, a série Just Cause começou em 2006. A cada novo jogo, ficou mais absurda. Este quarto jogo mantém a tradição! Confira nossa análise Just Cause 4.

Desta vez, o protagonista Rico Rodriguez (um mexicano que só fala em inglês) está em Solis, uma ilha fictícia da América do Sul. A criminosa Mão Negra domina a região e Rico terá de liderar os rebeldes para vencê-los. Mas não se preocupe muito com a história, porque o foco de Just Cause 4 é outro!

ANÁLISE: Just Cause 4 é ação pura e descompromissada

Para quem nunca jogou, a série Just Cause pode parecer um tanto genérica. “É só mais um jogo de ação e tiro em mundo aberto”, era o que eu pensava. A surpresa é que, na verdade, ela é divertida demais e se destaca de outros jogos do gênero de várias formas.

A começar pela combinação do tal traje planador (wingsuit), do paraquedas e do gancho (grappling hook). Eles permitem que Rico se movimente de forma rápida e dinâmica, o que dá muita liberdade ao jogador.

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Com o gancho, você consegue se deslocar rapidamente para montanhas, veículos ou até no chão!

Uma típica missão de Just Cause 4 envolve roubar um avião a jato. Depois, fazer um kamikaze na base inimiga, saltar de paraquedas no último instante e sobrevoar com a wingsuit. Use o gancho para se pendurar no helicóptero inimigo. Roube-o e jogue o piloto para fora!

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Ou você pode subir em cima de um avião, simplesmente, e atirar com uma bazuca!

O exemplo acima é só uma das coisas malucas que você pode fazer. Just Cause 4 é um jogo de ação exagerado onde: 1) quase tudo é possível e 2) o jogador quase nunca é punido.

Sabe aqueles jogos pentelhos que têm inúmeras formas de matar, mas um “sistema moral” que desencoraja isso? Ou outro que tem um protagonista super poderoso, mas que bate as botas na primeira porrada? Aqui não tem nada disso. Rico Rodriguez é o Rambo mexicano, cara.

As novidades de Just Cause 4

Quem jogou Just Cause 3 não terá muitas surpresas com o quarto jogo. Praticamente tudo que tinha antes, tem neste aqui, embora o jogo todo tenha recebido um belo upgrade. Especialmente no gameplay.

O gancho agora é customizável e pode acoplar balões e propulsores a objetos e inimigos. Sabe aqueles octorok de The Legend of Zelda: Breath of the Wild, que servem para flutuar as coisas? É por aí! Em Just Cause 4, você também pode fazê-los explodir, seguir por determinadas direções e fazer combinações que criam os efeitos mais variados.

As armas agora têm uma função secundária e mais poderosa. Podem ser bombas, lançar drones e até criar tempestades elétricas. Quando você conquista uma área do mapa, também ganha uma arma ou veículo especial. Estes podem ser solicitados por um menu, e daí cair do céu. É igualzinho ao sistema de Metal Gear Solid V, porém, muito mais rápido. Rico não gosta de esperar.

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Just Cause 4 também tem tiro em terceira pessoa e a arma de raio é sensacional!

Todos estes recursos são liberados conforme o progresso no jogo. Sempre tem algo novo para destravar, embora as estruturas das missões sejam semelhantes. Elas envolvem escort missions (que gosto bastante, até por conta dos personagens sem noção do jogo), acionar interruptores com limite de tempo ou explodir determinadas estruturas.

Just Cause 4 tem humor engraçado pra carajo!

Um aspecto muito legal de Just Cause 4, que combina com a ação frenética que comentei, é que este jogo não se leva nada a sério. Não chega a ser uma comédia total igual a Sunset Overdrive, por exemplo, mas causa belas gargalhadas se você consegue desligar o cérebro assim como eu.

Os diálogos, por exemplo, são toscos (e digo isso de forma muito positiva). Os personagens principais falam inglês com um sotaque espanhol muito cara de pau. Aliás, esta é uma das melhores partes.

Nas missões, tanto Rico como os rebeldes que você salva emendam falas hilárias, como: “mierda, another brigade”. É algo que se perde com a dublagem brasileira, que é mais quadradinha. Se for jogar, recomendo a dublagem em inglês, que pode ser selecionada no menu de opções.

O humor não é só falado. O mundo de Just Cause 4 e suas missões são estruturadas para que várias coisas absurdas aconteçam. O primeiro barco que ganhei ficou preso numa maldita ponte. Como eu estava sem armas explosivas, atirei com a shotgun nas vigas e abri caminho. Isso, meu amigo delfonauta, é ridículo.

Vai ser muito estranho o que vou dizer agora, mas até os bugs acrescentaram à experiência. Sério! Assim como Just Cause 3, Just Cause 4 saiu com diversos bugs. Porém, todos os que encontrei são divertidos (coisas como cair no chão e começar a planar). Eles não incomodaram porque os loadings eram muito rápidos, o que me leva a outro ponto.

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Dorgas, Rico?

Just Cause 4: bugs, loadings e outras coisinhas técnicas

Lembra-se que eu falei que Just Cause 4 quase nunca é punitivo? Como o jogo é caótico e há helicópteros, tiros e explosões por todo lado, é um pouco fácil ficar perdido e morrer sem saber por quê. Porém, os checkpoints e autosaves sempre impediram que eu perdesse progresso, mesmo após um bug.

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Este bug foi absurdamente hilário.

Por outro lado, é necessário refazer algumas missões desde o começo quando seu personagem morre. Não são todas, mas é algo que incomoda caso você tenha se estressado com alguma dessas mortes aleatórias, que são um pouco comuns no jogo.

No Xbox One X, os loadings são muito rápidos. Seja quando o seu personagem morre, após cutscenes ou para fast travels – nesses casos, duram apenas alguns segundos. Além disso, o jogo carrega os mapas conforme você se desloca, o que ajuda na sensação de que você pode ir para qualquer lugar, quando quiser. Este é um mundo aberto de fato, onde você pode viajar de um ponto a outro a 350 km/h com aviões a jato.

Porém, um alerta: se você não tiver um PS4 Pro, um Xbox One X ou um PC tunado, provavelmente terá uma experiência bem diferente dessa que descrevi. A resolução e constância nos frames cai muito no Xbox One e no PS4 originais.

A Square divulgou que a equipe de Just Cause irá corrigir os vários erros (como um defeito de motion blur em cenas renderizadas, que deixa os personagens embaçados), mas não espere por melhoras tão significativas na performance. É como dissemos sobre Just Cause 3: é melhor esperar o resultado final, porque o jogo ainda tem coisas para melhorar!

Outra coisa importante para ter em mente: Just Cause 4 não é o jogo mais bonito que você irá jogar neste ano. Está muito longe de ser feio, mas pode deixar a desejar se o seu padrão é um The Witcher III ou Final Fantasy XV.

Just Cause 4: Dios mío, que jogo enorme!

Eu sempre imagino que há um limite técnico para os mapas mirabolantes que os games podem ter. Just Cause 4 prova, mais uma vez, que estou errado. O mapa deste jogo é gi-gan-tes-co e a quantidade de coisas para fazer, altíssima.

Progresso, em Just Cause 4, é algo lento e engessado, não diferente de jogos da Ubisoft ou do próprio Breath of the Wild.

As missões principais, que avançam a história, são as mais divertidas e originais. Porém, para acessá-las, é preciso completar objetivos antes. Primeiro, você precisa completar uma missão para ter acesso a uma região/fronteira. Depois, é necessário desbloquear o mapa e suas missões. Isso é feito com uso de esquadrões, que são liberados quando você completa a sua barra de Caos.

Até aí, ok. Jogos de mundo aberto também precisam de linearidade, regras, limitações. E eu não acho necessariamente ruim ter de cumprir certos requisitos para avançar na história.

O problema é que as missões ficam repetitivas após 10 horas de jogo, porque elas têm os mesmos desafios ou objetivos. Além disso, a barra de Caos demora mais para encher conforme você avança – uma forma ineficaz de prolongar a duração dele. No fim, boa parte do jogo é composto de variações de coisas que você já jogou antes.

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Isso aqui não é um bug, é um upgrade no carro (mas sério, você pode usar balões onde quiser!).

A questão toda é, realmente, a enormidade de Just Cause 4. Como é de praxe em jogos de mundos abertos, muita coisa é opcional. Just Cause 4 é meio ad infinitum. Afinal, tem tanta coisa idiota que você pode fazer por aqui (de novo, isso é positivo). A ideia não é começar e nem terminar com a história e missões principais.

Just Cause 4 é um excelente jogo que vai engolir a sua vida pessoal

Se fosse para descrever Just Cause 4 com uma única palavra, seria excessivo. Mas ela pode ter uma conotação negativa, e pelo tom do texto você já deve ter percebido que eu gostei muito dele.

Ele é exagerado e, muitas vezes, peca por isso. No entanto, é nítida e bem-sucedida a vontade dos desenvolvedores de criarem um jogo empolgante e divertido, que incentiva o jogador a sempre tentar coisas novas (e mais absurdas).

Just Cause 4 é um dos jogos de mundo aberto mais divertidos que joguei nos últimos anos. E se pular no meio de um tornado é algo trivial para a Avalanche, não consigo imaginar o que diabos Rico poderá fazer no próximo jogo!

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