Quando vi os primeiros vídeos de 3000th Duel, fiquei bem animado para jogá-lo. Como você sabe, eu tenho um respeito absurdo por desenvolvedores indies que arriscam fazer algo que não seja pixelado. E este prometia ser um raro exemplo de um metroidvania 2.5D. Fiquei tão empolgado que cheguei até a sorrir quando o código de review chegou. E o que eu achei depois de passar 16 horas com sua campanha, você descobre na nossa análise 3000th Duel.
ANÁLISE 3000TH DUEL
O visual de 3000th Duel é muito legal. Apesar de seguir a tradicional estética de fantasia medieval, ele opta por um estilo fofinho, com personagens cabeçudinhos e com bastante humor.
Os controles também são excelentes, com um combate rápido, agradável e impactante. Ou seja, me afeiçoei a ele rapidamente.
Pouco depois do início, comecei a perceber que seria mais um clone de Dark Souls. É aquele esquema que a essa altura todo mundo já conhece. Perde XP quando morre, os checkpoints são limitados e ativar um deles restaura seu item de cura.
Em outra época, eu já viraria os olhos. Mais um Souls clone? Oh, não. Porém, recentemente títulos como The Surge 2 e Code Vein me relembraram que estes clones podem sim, ser legais. E eu realmente estava curtindo 3000th Duel. Até que ele ficou cascudo.
CASCUDO
Demorou cerca de três horas para isso acontecer. Para eu chegar em um chefe e ficar empacado ali por muito mais tempo do que gostaria. E a partir daí, tudo que vinha era um desafio absurdo. As fases passaram a ficar dificílimas e altamente frustrantes, graças às limitações de checkpoints. E cada novo chefe que aparecia era uma parede de concreto impedindo meu progresso. Se The Surge 2 me lembrou como clones de Dark Souls podem ser legais, 3000th Duel me lembrou quão frustrante, irritante e pentelha a fórmula pode ficar nas mãos de uma desenvolvedora metida a trüe, que esquece que jogos devem ser divertidos e prazerosos.
Apesar da frustração, eu continuei jogando. E vou ser sincero, 3000th Duel é um bom clone de Dark Souls, com uma exploração que lembra muito Super Metroid. Assim, ele é mais do que competente. É um jogo realmente legal. Porém, opta por se limitar a ser um clone de outros, em um gênero que está absurdamente repleto de clones. De diferencial, tem apenas seu visual 2.5D fofinho, mas ele não usa esta estética para movimentos de câmera criativos ou algo do tipo. Apesar de usar gráficos 3D, a perspectiva é o tempo todo sidescroller.
PASSA O SAL?
Tem um jogo que veio à minha cabeça durante toda a campanha de 3000th Duel: Salt and Sanctuary. Tudo que você pode dizer de bom de um também se aplica ao outro. E este tem a seu favor um visual até mais simpático e um humor divertido em sua parca história.
Porém, Salt and Sanctuary, que se divulgava como sendo uma interpretação 2D para Dark Souls, teve a vantagem de ser o primeiro a fazer isso. Ou, vá lá, o primeiro que eu joguei. Ele era novidade. 3000th Duel talvez tenha esse nome por ser o 3000º clone sidescroller do clássico da From Software. E sai em um período em que eu estou ativamente evitando estes jogos que são pias de tempo. Se eu soubesse antes de pegar que seria mais um clone difícil pra caramba, teria passado longe, pois com trabalho e família, eu simplesmente não tenho mais idade para me dedicar a estes jogos da forma que eles exigem.
BACKTRACKING
Como todo metroidvania, durante sua exploração você descobre muitos caminhos inacessíveis. E a habilidade mais esperada é o tradicional pulo duplo que, como quase sempre, demora um bocado para ser destravada.
No caso de 3000th Duel, desbloquear o pulo duplo dá início ao backtracking. Este é o ponto em que você já passou por quase todo o mapa, e precisa revisitar as áreas anteriores. Há fast travel, mas ao contrário de Dark Souls, é separado dos checkpoints e ainda mais limitado.
É próximo a este ponto em que você precisa conseguir runas que desbloqueiam portais que, por sua vez, dão acessos a fases curtas e especialmente difíceis. E, assim como Metroid, 3000th Duel não comunica para onde ir. E dificuldade altíssima não combina com exploração. Não é legal ficar revisitando e morrendo repetidas vezes em fases que você já venceu.
PINTUDICE
Na ausência de guias, eu encontrei um mapa completo, que ajudou bastante, mas ele não diz a ordem em que as áreas devem ser visitadas ou o que é necessário para entrar nelas, então ainda precisei descobrir muita coisa por conta própria. É bem frustrante investir um bom tempo e muitas mortes para chegar em determinado ponto do mapa e descobrir que você ainda não tem a habilidade necessária. E daí ter que voltar um caminho enorme até o fast travel.
Eu sei que está na moda os jogos serem obtusos em seus objetivos, mas graças à sua dificuldade altíssima, 3000th Duel se beneficiaria em ser mais claro neste aspecto.
MAS AÍ QUE TÁ
Pode parecer que eu tive uma experiência miserável com 3000th Duel, e é verdade. Eu precisei de muita força de vontade e paciência para ir até o fim. E estas são duas características que não são compatíveis com algo que deveria ser um lazer.
Porém, apesar da minha experiência pessoal com ele, eu não diria que é um jogo ruim. Na verdade, é uma das melhores amálgamas de Dark Souls com Metroid. Porém, é uma área muito saturada e eu, particularmente, estou de saco cheio de jogos assim. Eu gosto muito de Metroidvanias, mas somado ao design focado em frustração de Dark Souls já fica difícil de suportar.
Mas sei que tem gente que gosta do gênero, que chama indivíduos que gostam de videogame, mas que também trabalham e têm família, e portanto não têm tempo e saco para jogos assim, de “Nutella”. E mesmo que você não seja um desses idiotas que separam as pessoas entre “Nutella” e “Raiz”, eu não estranharia se você gostasse de 3000th Duel. É um bom jogo afinal de contas.
Basicamente, se você ainda tem espaço no seu coração para uma “interpretação 2D” de Dark Souls, há muito o que se gostar aqui. A questão é que este meu espaço foi preenchido pelo excesso de oferta uns anos atrás. Será que existe tanta demanda assim?