Amor, Drogas e Nova York

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Existem bons filmes que tratam do vício em drogas de maneira crua e pesada, e ainda assim também cumprem o papel de entreter o espectador. De cabeça, posso citar Réquiem para um Sonho de Darren Aronofsky e o cult Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída. Este Amor, Drogas e Nova York não é um destes casos.

O longa, baseado em livro escrito pela atriz Arielle Holmes, é basicamente um retrato autobiográfico de um período de sua vida, quando, viciada em heroína, morou pelas ruas de Nova Iorque. Aqui, porém, ela atende pelo nome de Harley e o filme também foca bastante em seu relacionamento destrutivo com Ilya (Caleb Landry Jones, o Banshee de X-Men: Primeira Classe), outro viciado sem-teto.

O amor do título nacional é inexistente, já que ele a trata o filme inteiro feito lixo e a única demonstração de carinho mostrada é quando eles dão uns amassos na tomada que abre a película. Já o resto é a típica produção indie cabeça, ao melhor tipo “muito estilo, pouco conteúdo”.

A história vai do nada para lugar nenhum, resumindo-se a um monte de pequenas situações completamente desinteressantes, povoadas por diálogos sem sentido, geralmente com os personagens falando ao mesmo tempo, com aquele olhar de peixe morto e a fala arrastada, o que torna tudo ainda mais chato.

Também enfia algumas situações que beiram o surreal, como o momento em que um personagem briga com Ilya e este acaba lhe arremessando um fuckin’ shuriken! Acredite, não é tão interessante quanto possa parecer. Há outros momentos estilo WTF, mas nem mesmo eles são capazes de causar choque suficiente para acabar com o estupor que é assistir a este negócio.

Para completar, a trilha sonora, com base em sintetizadores, causa ainda mais estranheza, pois ela simplesmente não casa com as imagens e com o tom da produção, tendo uma estética bem mais próxima de filmes B de ficção científica dos anos 1980, mas no fim das contas esse acaba sendo o menor dos problemas.

Amor, Drogas e Nova York tenta ser o tipo de película que mostra o lado cru, feio e realista do vício em drogas e da degradação que ele pode causar ao ser humano, mas só conseguiu mesmo é entorpecer e entediar os meus sentidos. Desta forma, não vejo como recomendar isso para ninguém. Mesmo para quem curte um cinema mais alternativo, certamente há opções bem melhores por aí.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
amor-drogas-e-nova-yorkPaís: EUA<br> Ano: 2014<br> Gênero: Drama<br> Duração: 94 minutos<br> Roteiro: Ronald Bronstein e Joshua Safdie<br> Elenco: Arielle Holmes, Caleb Landry Jones e Buddy Duress.<br> Diretor: Ben Safdie e Joshua Safdie<br> Distribuidor: Imovision<br>