A Origem Ultimate do Carnificina

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Brian Michael Bendis é mesmo um sujeito muito bacana. Fora escrever zilhões de revistas por mês, e manter a qualidade em todas, ele também dá um jeito nas origens dos personagens do universo Ultimate. O Carnificina da cronologia normal do Homem-Aranha sempre foi um clone do Venom. Na verdade, era uma espécie de filho do simbionte alienígena, que Eddie Brock entregou a Cletus Kasady, um assassino serial que dividia a cela da prisão com Brock quando este esteve preso pela qüinquagésima vez. Se Venom já era extremamente perigoso tendo um alter-ego que não era mais do que um jornalista fracassado, imagine um assassino em série com um simbionte similar. Infelizmente, os roteiristas nunca aproveitaram esse potencial ao máximo.

Agora, na linha Ultimate, Bendis, que já havia mudado a origem do próprio Venom, ligando-a ao trabalho do finado pai de Peter Parker e desvinculando-a das ridículas Guerras Secretas, faz o mesmo pelo vilão vermelho-sangue.

E antes de mais nada, já vou avisando que o texto a seguir Contém Spoilers!, portanto, se você ainda não leu os quadrinhos, pare e volte depois.

Muito bem, o novo Carnificina é um organismo criado pelo Dr. Curt Conners (o popular Lagarto) a partir de uma amostra de sangue de Peter Parker misturada com seu próprio DNA e com o trabalho do pai de Peter, o Venom (este recurso serve apenas para justificar as semelhanças físicas entre os dois). A criatura criada em laboratório, e que não precisa mais de um hospedeiro, cresce rapidamente (como o Alien dos filmes da Sigourney Weaver – aproveite e leia a resenha do mais recente, Alien Vs. Predador) e logo se torna uma espécie de vampiro de energia, pois suga a energia vital das pessoas, desenvolvendo-se cada vez mais. As vítimas acabam morrendo e seus corpos ficam num estado mumificado.

Aparentemente, ele também herdou as memórias de Peter e por isso vai atrás dele, encontrando no caminho Gwen Stacy. Isso mesmo, além da turbinada no Carnificina, Bendis nos brinda com sua nova versão para a morte de Gwen, que pegou os delfianos completamente de surpresa.

OK, ela não tem a mesma grandiosidade do evento da cronologia normal, onde ela é pega no fogo cruzado entre o Aranha e seu maior rival, o Duende Verde, na história na qual o primeiro filme do aracnídeo foi baseado. Mas não deixa de ser chocante por ser uma morte extremamente estúpida (isso é um elogio), do tipo que pode acontecer a qualquer momento. É só trocar o monstro horroroso por um bandido qualquer. Mas devo dizer que a personagem foi muito mal utilizada. Ela era apenas uma coadjuvante de luxo, com poucas participações. E quando finalmente parece que ela vai ganhar uma importância maior… ela morre! Sacou a estratégia do sr. Bendis para causar um impacto maior? Espertinho, não?

Vale mencionar também a presença da capitã Jeanne de Wolfe, uma das maiores aliadas do Aranha na cronologia normal. E a última cena de Peter, cuja frase (em inglês “Spider-Man no more”) é uma alusão à clássica história onde ele joga seu uniforme no lixo. Momento recriado também no sensacional filme Homem-Aranha 2.

Recentemente, Brian Michael Bendis anunciou que planeja fazer a versão Ultimate da nefasta Saga do Clone. Tudo bem que o cara é bom, mas precisa brincar com o perigo desse jeito? Além do mais, o arco Carnificina não deixa de ser uma mini Saga do Clone. A criatura nada mais é do que uma cópia mal-feita do nosso querido escalador de paredes. E para quem acha que Bendis só estava brincando, eu digo: ele realmente deve gostar do maledeto arco. Senão porque colocar referências a ele? O ajudante do Dr. Conners se chama Ben Reilly; a criatura, enquanto estava no laboratório, era chamada carinhosamente de pequeno Ben; e segundo o Corrales, o momento onde o cabeça-de-teia joga o bicho feio dentro de uma chaminé é idêntica ao fim da malfadada primeira história do clone impostor. Eu já não posso dizer nada sobre isso, pois fui um dos milhares de fãs que não agüentaram as horrendas histórias da época e larguei o amigão da vizinhança na mão (Nota do Carlos original: esse final é idêntico ao de uma história antiga que daria origem à saga do clone posteriormente, não ao final da saga do clone em si). Uma pena, porque segundo o chefe, a nova fase do aracnídeo está muito boa. Bem, fazer o quê?

Agora só acompanho mesmo as histórias do universo Ultimate e olhe lá, porque se começarem a pipocar clones por aí novamente já não posso dar garantias de fidelidade.

Ah, não deixe de ler a resenha do primeiro arco do Aranha Ultimate, Poder e Responsabilidade.

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