A Fúria dos Reis: As Crônicas de Gelo e Fogo – Livro Dois

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As Crônicas de Gelo e Fogo, você sabe, é a série de livros de fantasia que ocorre no mundo medieval de Westeros, entre dragões, lobos gigantes e magia. Tem até zumbis nessa mistureba toda. E o mais legal é que tudo faz sentido no contexto criado pelo autor George R. R. Martin.

A Fúria dos Reis começa exatamente do ponto de onde o primeiro livro parou. E como tem muita gente que ainda está se iniciando nesse universo fantástico, fazer uma resenha completamente livre de spoilers é um grande desafio, mas tentarei cumprir a missão.

Após o surpreendente fato que ocorre no clímax de A Guerra dos Tronos, os Sete Reinos viram uma esculhambação geral e surge um monte de pretensos candidatos ao trono de ferro. E cada um deles se acha o rei legítimo pelas mais variadas razões. Mas, seguindo a tradição Highlander, só pode haver um. O resultado da disputa é uma guerra entre as várias facções formadas que varre todo o território e ameaça chegar à capital Porto Real.

No meio disso tudo, ocorrerão várias traições, morre um monte de gente, surgem novos personagens, e muitos deles rapidamente ganham muita importância para o desenrolar da história. A história, aliás, vai crescendo em dimensão a cada página virada, e você nunca consegue ter certeza do que vai ocorrer em seguida. Essa imprevisibilidade dos caminhos tomados pela trama é uma das maiores qualidades do autor George R. R. Martin.

Visto que ele não tem nenhum pudor em matar personagens importantes, já dá para se ter uma ideia dessa imprevisibilidade da qual estou falando. Outro ponto forte de sua narrativa é que ele consegue ser extremamente descritivo e detalhista (daí seus livros serem tão grandes) sem descambar para o tedioso.

Claro, não é uma leitura rápida ou leve (até levando-se em conta também as barbaridades que acontecem no desenrolar das tramas), o livro é grande tanto no número de páginas quanto em seu formato maior que o convencional. Mas ela flui num bom ritmo e as descrições ajudam a construir a paisagem de Westeros e das terras além da Muralha e do outro lado do oceano.

Geralmente eu não gosto de livros excessivamente descritivos, por achar que muitos deles exageram nesse elemento (eu gosto de pensar que consigo imaginar como é uma floresta ou uma porta, por exemplo), tornando-os desnecessários. Uma das grandes vantagens da literatura sobre qualquer mídia imagética é justamente usar a imaginação do leitor (muito mais poderosa que qualquer coisa que se possa apresentar) como aliada.

No caso de George Martin (o que não é o produtor dos Beatles) não há esse pecado do excesso. Tudo que ele descreve ajuda a formar o grande e rico panorama que é o reino de Westeros, sem arrastar a leitura.

O livro segue a forma narrativa do anterior, com cada capítulo centrado num personagem específico, e estes se revezando entre eles. Muitos dos personagens donos de capítulos no livro anterior, aqui voltam novamente a sê-los, mas outros personagens também ganham capítulos próprios nesta segunda parte.

Tyrion, o qual muitos consideram (eu incluso) o melhor personagem da saga, se já era tremendão no primeiro volume, agora então, quando ele ganha mais poder, fica ainda melhor. E o terceiro ato deste volume é ainda mais grandioso, em outro mérito do escritor: saber como finalizar um livro, sempre com um acontecimento surpreendente ou que te faz não querer desgrudar os olhos das páginas.

Para quem gostou do primeiro livro e deseja continuar se aventurando pelas Crônicas de Gelo e Fogo, pode fazê-lo sem medo. A Fúria dos Reis mantêm a alta qualidade literária e criativa da série.

E não deixe de ler também a resenha do primeiro livro, A Guerra dos Tronos: As Crônicas de Gelo e Fogo – Livro Um.