Temos aqui mais um exemplar da série “por que diabos estão lançando este filme em nossos cinemas?”, afinal, é uma produção de dois anos atrás. Ou talvez a pergunta certa seria “por que demoraram tanto para lançar aqui?”. Eu não tenho as respostas, mas certamente especular sobre ela é muito mais divertido que assistir a A Fita Azul.
E olha que a sinopse, à primeira vista, até parece bem interessante. Sente só: a adolescente Rachel faz parte de uma daquelas seitas religiosas bizarras que os estadunidenses produzem como ninguém. Um dia ela acha uma grudenta canção de rock numa fita cassete azul (assim simultaneamente explicando seu título em português no processo) e, tomada pelo poder da música do capeta, logo depois se descobre grávida.
Quem é o pai do bebê? Bom, ela acredita piamente que foi concepção imaculada e quem a embuchou foi o vocalista na fita só pelo ato de ouvi-la, porque uma boa canção de rock realmente possui este efeito nas mulheres. Que o diga o saudoso Afghan Whighs, que durante anos se dedicou a criar músicas perfeitas para se fazer bebês.
Então ela deixa sua comunidade fechada e parte para a cidade em busca do cantor, e acaba conhecendo alguns jovens que a acolhem. E é isso. A esquisitice da história, que poderia render algo que atiçasse a curiosidade do espectador, resultou apenas em mais um de uma longa lista de filmes nada, embora este tenda mais para um filme ruim mesmo, pois até prende o interesse no começo, mas à medida que avança e vai se revelando cada vez mais vazio, vai também perdendo a atenção conquistada em seus minutos iniciais e assim ficando mais arrastado de se ver.
É tecnicamente competente e com boas atuações do elenco, mas chato de assistir, um tanto pretensioso e com um roteiro que, no fim das contas, não chega a lugar nenhum. E ainda abusa, lá para o final, de incríveis coincidências (daquelas que não dá para acreditar) para amarrar o resto da história.
Vou mandar um necessário spoiler neste parágrafo. Se não quiser saber pule agora para o próximo. E se você por acaso quiser assistir só para desvendar a resposta de quem é o pai do filho dela, esqueça. O longa nem ao menos oferece essa resposta, optando por ignorar o elemento que simplesmente move toda a trama da película.
Desta forma, A Fita Azul tinha até potencial para ser um filme interessante, mas passou longe de atingi-lo. Não consigo pensar em nenhum grupo específico para recomendá-lo. E muito menos para se ver no cinema.