A censura nos quadrinhos estadunidenses está oficialmente morta

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Se você é um delfonauta defensor do direito de livre expressão em todas as formas de mídia, pode abaixar as calças e sair correndo em círculos enquanto comemora: o Comics Code Authority finalmente morreu.

Criado em 1954, após o lançamento do polêmico livro “The Seduction of the Innocent“, de Frederic Wertham, o código foi uma forma de proteção da indústria contra as acusações de que os quadrinhos incentivavam a delinquência juvenil. Naquela época, o Macartismo corria solto e qualquer coisa que ofendesse os valores do “american way of life” devia ser banido da face da terra.

Censurando e garantindo que as histórias seriam “seguras”, a indústria garantiu a própria sobrevivência ao longo da Guerra Fria. Qualquer revista que não tivesse o código era considerada “imoral” e sequer era comercializada. Com o início da contra-cultura dos anos 70 e o amadurecimento do público leitor, no entanto, o código foi perdendo força. Nos anos 80, com o surgimento das comic stores, ele acabou se tornando ainda mais irrelevante, já que tais lojas também comercializavam produtos para leitores adultos. Ele chegou aos anos 90 como um zumbi anão sedento por miolos de caranguejo: ameaçador, mas nem tanto.

Finalmente, em 2001, a Marvel anunciou que abandonaria o código, por considerá-lo antiquado e insignificante para a classificação das suas HQs, já que suas histórias eram voltadas a todos os públicos. Paulatinamente, outras editoras foram abandonando os títulos. No dia 20 deste mês, Jim Lee e Dan DiDio, co-publishers da DC, lançaram um press-release anunciando que a editora também abandonaria o selo, utilizando um sistema de classificação semelhante àquele que vemos nos games e utilizado pela Marvel hoje em dia.

O abandono da DC deixou a Archie Comics, responsável pela direção do órgão e que publica os quadrinhos do Archie (duh!), como a única editora a ainda utilizar o selo. Assim, dia 21, a Archie Comics também anunciou o fim do Comics Code.

E assim, depois de 52 anos, morre um período da história dos quadrinhos. Resta esperar agora os primeiros livros documentando as operações de censura da organização. Com certeza será uma literatura e tanto.

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Homero de Almeida
Ao contrário dos outros delfianos, Homero não tem pretensões de dominação global. Ele se contenta apenas em dominar a rede mundial de telecomunicações, principalmente a internet. Afinal, conhecimento é poder. Entre outros planos, ele pretende ter uma noite de amor gostoso perto da lareira com a Natalie Portman (ao contrário do que diz o Corrales, ele acredita que ela agüentaria levar um caprichado tapão na bunda), cantar Valhalla junto com o Hansi Kürsch, xingar o antigo professor de Computação Gráfica e deixar de ser gordo. Ah sim, ele também quer dar um chute na bunda do Bill Gates.