Quem gosta tanto de séries de TV quanto de cinema certamente conhece o nome de Aaron Sorkin. Ele é o criador de séries elogiadas, como The West Wing e The Newsroom (dentre outras) e no cinema assinou os roteiros de Questão de Honra (1992), A Rede Social e Steve Jobs, só para ficar nos mais famosos.
Com A Grande Jogada, Sorkin, que também escreveu o roteiro, faz sua estreia atrás das câmeras como diretor. Mas tirando isso, não há grandes diferenças para seus trabalhos apenas como escritor.
Ele conta a história real de Molly Bloom (Jessica Chastain), uma ex-esquiadora que, após encerrar sua carreira nas competições, muda radicalmente de estilo de vida, passando a organizar jogos de pôquer de alta classe, do tipo que atrai figurões da sociedade, dentre celebridades e ricaços, dispostos a fazer altas apostas e a perder muita grana na mesa de jogo.
Até aí, nada de mais, não fosse ela cair na mira do FBI por ligações com membros da máfia russa, que frequentavam seus jogos. Daí ela precisa contratar um advogado (Idris Elba) para ajudá-la a se livrar da encrenca jurídica e possivelmente do xilindró.
O esqueleto da história é centrado nas conversas dela com o advogado e a partir daí ela vai relembrando os fatos de sua vida, de seu começo como atleta a como ela entrou no mundo da jogatina e como foi perdendo o controle da situação, até se envolver em encrencas pesadas.
É o tipo de estrutura bastante usada de não linearidade, de idas e vindas temporais, que aqui funcionam bem. A história em si é interessante, principalmente para quem gosta de dramas mais adultos e sobretudo do universo dos jogos de pôquer, ainda que ele nunca ocupe o holofote central na trama.
Em sua primeira empreitada na direção, Aaron Sorkin se mostra um comandante discreto. Não há firulas técnicas, planos elaborados, nem nada do tipo. Ele prefere destacar a força de seu elenco, com todos os atores muito bem em seus papéis, e também sua grande marca registrada: os diálogos.
Estão presentes muitos de seus vícios estilísticos, como as conversas travadas em alta velocidade, pessoas dialogando enquanto caminham e personagens defendendo seus pontos de vista morais.
Em suma, mais um típico trabalho com sua marca. Não deve encantar quem não gosta do universo “sorkiano” ou quem nunca jogou um poquerzinho na vida. Mas para quem aprecia seu trabalho, certamente deve gostar de A Grande Jogada, ainda que não seja um dos pontos altos de sua carreira. Mas para marcar sua estreia na direção, está de bom tamanho.