Tem uma coisa que eu sei: o Johnny Depp está entre os galãs preferidos da mulherada delfonauta, que adoraria misturá-lo a um fondue de chocolate. Particularmente, sempre achei este interesse da nação delfonauta um tanto estranho, afinal, o Joãozinho Profunddo dificilmente mostra o rosto, estando sempre coberto por uma quantidade absurda de maquiagem.
Pois esta parecia ser uma das raras chances para as femininas e demais interessados verem o ator com o rosto limpo. Só que isso é uma pegadinha do Mallandro, pois logo o personagem de Depp é transferido para um computador e, a partir daí, aparece quase todo o tempo de forma pixelada, mais ou menos como no pôster ao lado.
A sinopse é até interessante. Will Caster (Depp) é um cientista que realmente está a fim de criar um computador autoconsciente. Um grupo de radicais teme o que isso pode significar para a humanidade, então resolvem matar o sujeito. O que não esperavam é que, antes de ele morrer, sua esposa Evelyn (Rebecca Hall, a Vicky. Ou seria a Cristina? Talvez a Barcelona?) e seu amigo Max (Paul Bettany) copiam a sua mente para um computador, criando assim a primeira inteligência artificial digna do nome.
Logo começa a discussão: essa cópia digital é realmente o Will, ou trata-se de uma entidade separada? E pior, e se essa entidade separada resolver dominar o mundo através da internet? Este é exatamente o medo do grupo de radicais, que resolve tomar para si a missão de destruir o Will digital antes que ele se torne poderoso demais.
Tem uma clara influência de Hal 9000 na inteligência artificial que vemos aqui. Mas são raros os momentos em que ele realmente parece mau, o que deixa difícil engolir o fato de todo mundo acabar ficando contra ele.
Apesar da sinopse interessante, o longa parece um tanto arrastado, deixando o espectador entediado durante boa parte de sua duração. Isso é ainda mais prejudicado pela fotografia desnecessariamente escura demais. E, lá no terceiro ato, quando começam a entrar na história coisas como regeneração e ressurreição, a trama se perde totalmente, dando a impressão de que o roteirista Jack Paglen não sabia como terminar seu filme e acabou apelando para algumas alegorias religiosas meio nas coxas.
É uma pena, pois Transcendence prometia ser uma ficção científica inteligente e interessante. Eu estava inclusive ansioso para vê-lo, e acabei saindo da sala bastante decepcionado. Sua ideia é boa, mas a realização deixou a dever.