Nada como o tempo para fazer a gente rever alguns conceitos. Lembro-me como se fosse hoje de quando o Arctic Monkeys surgiu em meio a um hype monstruoso e o lançamento de um primeiro disco, Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not (2006), que vendeu mais que água no Saara. Entrei na onda, comprei o dito cujo e achei… mééé!
Aí saiu o segundo, Favourite Worst Nightmare (2007). Já mais escolado, argentinei-o e achei… mééé! Decidi fazer então o que qualquer um em sã consciência faria ao ouvir dois discos mééé em sequência da mesma banda, desencanei dos macacos árticos.
E não é que isso foi, como diriam os filmes de ação dos anos 80, um big mistake? Pois foi justamente a partir do terceiro disco, Humbug (2009), que eles começaram a evoluir como banda, deixando sua sonoridade muito mais interessante que o Rock garageiro e acelerado típico do Rock Alternativo britânico, distinguindo-os assim dos zilhões de bandas similares que pipocam pela internet todos os dias.
AM, seu quinto disco, continua essa busca iniciada em Humbug por caminhos diferentes e mostra uma banda de sonoridade mais suave, manhosa, mais pé no freio, privilegiando cadência à velocidade, o que fica bem aparente nos singles Do I Wanna Know? e R U Mine?.
Por outro lado, Arabella vai por um caminho distinto e mostra uma clara influência de Black Sabbath na guitarra e na bateria.
E até em suas baladas, que eu achava insuportáveis, eles melhoraram horrores, como se pode conferir em No. 1 Party Anthem e Mad Sounds. No entanto, continuo achando este o ponto fraco em seus discos.
Por sorte, elas são poucas e o foco é mesmo em canções mais para cima, de pegada mais sexy, incorporando elementos de R&B. E, neste departamento, AM está muito bem servido. Além dos já citados singles, há também Fireside, Snap Out of It, Knee Socks e Why’d You Only Call Me When You’re High?. As duas últimas, pontos altos do disco.
Na minha preferência pessoal, ainda acho o álbum anterior, Suck It and See (2011), melhor, simplesmente porque gosto mais do estilo das músicas apresentadas nele. No entanto, como acredito que estabeleci nessa resenha, AM possui um conjunto de músicas de respeito em um álbum ótimo que demonstra maturidade e vontade de sair do lugar comum, elementos mais que louváveis. E faz do Arctic Monkeys uma banda que não deve ser ignorada. Vai por mim, estou falando por experiência própria.