As (más) impressões da Copa do Mundo 2006

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Após um intenso mês de futebol, a Copa do Mundo 2006 chegou ao fim. Com cenários (entenda-se estádios) fantásticos e muito superiores ao espetáculo demonstrado em campo, essa Copa ficará marcada como uma das piores da história. Não pela fraquíssima média de gols (acima apenas da média da também fraquíssima Copa de 90), já que esse não é o critério mais adequado para se analisar uma Copa do Mundo; mas pelo péssimo futebol jogado pelas 32 seleções que foram à Alemanha.

Claro que alguns (muito poucos) jogos se salvaram. Argentina x Sérvia e Montenegro, Inglaterra x Suécia, Espanha x Ucrânia e República Tcheca x Estados Unidos foram os jogos mais bonitinhos da Copa. Mas o que predominou na Alemanha foram as decepções. A começar pela tétrica Seleção Brasileira que, desde a sua primeira apresentação contra a Croácia deu pistas de como seria a sua participação no evento. Apatia, falta de comprometimento, um quadrado “mágico” com vértices muito separados, treinos excessivamente leves e latifundiários marqueteiros.

Tudo isso resume a inexistência da seleção verde e amarela em campo. O que falar de um jogador de pouco mais de 1, 80 metros que se apresenta para disputar uma Copa do Mundo (simplesmente o torneio mais importante do mundo futebolístico) pesando 95 quilos? ‘’Esse jogador é tudo, menos profissional’’, definiu o célebre Juca Kfouri. Imagine você, caro defonalta, indo trabalhar bêbado. É a mesma coisa, já que o corpo é o principal produto de um jogador de futebol. Ah, e a bailarina chamada Ronaldinho Gaúcho? Como você viu ela preferiu dançar a jogar futebol.

Mas as decepções não pararam por aí. A Inglaterra, seleção com um formidável meio-de-campo, também não passou das quartas-de-final, assim como a Seleção Brasileira. Porém, nesse caso, a culpa é muito mais do técnico sueco Sven Goran Eriksson do que dos jogadores. É impressionante como esse ser conseguiu jogar no lixo uma das mais talentosas gerações do futebol inglês (do qual sou fã) com um esquema tático robotizado, sem qualquer variação e que não consegue explorar as principais qualidades dos seus jogadores. Quem acompanha craques como Steven Gerrard (Liverpool), Frank Lampard (Chelsea) e David Beckham (Real Madrid) sabe do que estou falando. Outra grande frustração foi a seleção Tcheca, segunda colocada no ranking da Fifa antes do mundial, mas que não conseguiu passar da primeira fase num grupo teoricamente fácil. A seleção espanhola foi outra que, apesar do início fulgurante, amarelou. É aquele ditado: jogaram como nunca e perderam como sempre. A fúria (apelido da seleção espanhola) está cada vez mais calma.

Outro inegável destaque dessa Copa, positivo para uns e negativo para outros (depende da forma de se ver o futebol), foi a predominância do defensivismo. Tanto que os melhores jogadores desse mundial atuam no sistema defensivo e que o artilheiro da Copa marcou apenas cinco gols, o alemão nascido na Polônia Miroslav Klose. Não, não sou utópico e não defendo o futebol ofensivo a qualquer custo, mas o defensivismo foi tão incorporado por técnicos e jogadores durante essa mundial que o gol deixou de ser o principal objetivo do futebol. Claro que a tendência do futebol atualmente é exigir mais marcação e menos espaços e concordo que isso seja uma evolução natural, mas renunciar ao ataque (como muitas seleções fizeram) é desprezar o principal atrativo do esporte mais popular do mundo.

Ah… e a imprensa esportiva brasileira? Como se comportou durante essa Copa? Como era de se esperar, o que se viu foi uma onda patética de nacionalismo ufanista, daquele tipo que não serve para nada, senão para alienar. Ver pessoas cantando o hino nacional antes dos jogos e ao mesmo tempo se esbaldando nos shoppings centers da vida, é uma afronta à inteligência dos mais sagazes. É de impressionar a facilidade com que as pessoas se deixam levar pela euforia patriótica plantada por jornalistas picaretas em tempos de Copa e como elas acabam caindo facilmente na isca do capitalismo.

Como seria bom se essas marionetes tivessem o mesmo amor pelo país todos os dias e não apenas em confraternizações fugazes e acéfalas. Poucos foram os veículos que não se deixaram levar pelo sensacionalismo patriótico. Entre eles, destaco a ESPN Brasil (canal fechado) que, apesar de alguns exageros aqui e acolá, manteve uma linha de jornalismo crítico e independente. Imparcial jamais, já que como diz o editorial do DELFOS, isso é uma utopia.

Daqui para a frente é voltar à realidade do Campeonato Brasileiro e dos outros torneios ao redor do mundo. Realidade, aliás, que é muito melhor do que a Copa do Mundo, por dois motivos. Primeiro porque a paixão clubística é muito mais aflorada que a devoção pela seleção. Segundo porque os principais craques do mundo mostram seus verdadeiros atributos durante esses campeonatos, não na Copa do Mundo, já que chegam em fim de temporada e esgotados fisicamente para o mundial. E agora vou voltar a torcer fervorosamente pelo meu querido tricolor paulista e tentar realizar uma tarefa árdua: convencer o Corrales a colocar uma seção exclusivamente destinada ao futebol no DELFOS. Alguém apóia?

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