Introdução por Carlos Eduardo Corrales
Início de ano é sempre aquela coisa. Fazer promessa para emagrecer, parar de fumar, tentar arranjar namorada (o), conseguir um emprego melhor e trabalhar muito para que o DELFOS vingue, financeiramente falando. E para os cinéfilos, é claro, elaborar uma lista dos melhores longas que invadiram nossos cinemas.
Em alguns casos, não estranhe se um filme que levou o Selo Delfiano Supremo não estiver na lista. Isso significa que, embora seja altamente recomendável, não agradou tanto após ser assistido repetidas vezes (lembre-se que normalmente só assistimos aos lançamentos uma vez antes de escrever a resenha). Outros filmes, por outro lado, se tornam melhores a cada vez que os assistimos. Lembre-se também que nenhum de nós assistiu a TODOS os filmes do ano, então nossas listas não são definitivas de forma alguma. Se você tiver algo a acrescentar, o espaço para comentários é todo seu. O único critério para essa lista, além do gosto pessoal, é que os filmes listados tenham estreado nos cinemas do Brasil durante o ano de 2005. Em caso de filmes que não foram lançados nos cinemas, o DVD/VHS deve ter sido lançado aqui durante este ano.
2005 foi um dos anos mais nerds que já tivemos. Em 2005, curtimos filmões como Sin City, Batman Begins, Star Wars e muitos outros. Mas será que esses filmes corresponderam à expectativa dos delfianos? Será que nossas listas serão o óbvio? Será que irão completamente contra as expectativas dos delfonautas? Será que o Bruno vai parar de aparecer nas Reuniões Delfianas Secretas com a sua camiseta do Venom? A resposta para algumas dessas perguntas você encontra nas próximas linhas. Divirta-se.
Melhores filmes de 2005 segundo Bruno Sanchez
5 – Guerra dos Mundos (War of The Worlds – EUA – 2005)
Beleza, o filme baseado na obra clássica de H.G. Wells pode não ser o supra-sumo do tremendaço (um mega-tremendão) Steven Spielberg, mas com certeza se destacou como um trabalho acima da média do diretor após os filmes medianos da última década. Os efeitos especiais são impecáveis (como sempre), as atuações muito boas, especialmente de Tom Cruise (apesar de ser difícil engolir o Top Gun como um cidadão comum estadunidense) e Dakota Fanning e todo o clima da primeira hora colaborou para Guerra dos Mundos entrar no meu ranking. Só não está em uma posição melhor pelo final alegre demais, típico de Mr. Spielberg. Não, não estou falando em como os alienígenas são vencidos, pois isto pelo menos ainda é fiel ao livro original.
4 – Cruzada (Kingdom Of Heaven – EUA – 2005)
Mesmo não sendo um épico a ser lembrado pelas gerações futuras como foi o Senhor dos Anéis, Cruzada cumpre bem seu papel de filme histórico/pipoca, por trazer diversão ao expectador, mas também um pouco de cultura, o que sempre é válido. O mais legal é o equilíbrio da trama, que nunca mostra os muçulmanos como vilões para valorizar o cristianismo ou vice versa. É um filme eticamente impecável e ainda nos brindou com ótimas atuações de Jeremy Irons e Edward Norton, sem contar as batalhas realistas e a ambientação perfeita de época. O único ponto negativo fica por conta da atuação exagerada de Orlando “Legolas” Bloom. Não que o cara seja um mau ator, longe disso, mas ainda fica difícil desvencilhar sua imagem do simpático Elfo da obra de Tolkien.
3 – Batman Begins (idem – EUA – 2005)
Batman Begins nessa posição mostra que eu fui pouco ao cinema esse ano pois o meu “medalha de bronze” é muito superior às posições anteriores. Ok, eu assumo: gostei dos dois primeiros filmes do Batman para o cinema, dirigidos por Tim Burton. Talvez hoje, assistindo com os olhos de um adulto, possa achar tudo aquilo forçado e exagerado demais para o universo do Cavaleiro das Trevas, mas na época, quando eu tinha meus 9 e 12 anos respectivamente, os filmes cumpriram bem o seu papel de entretenimento em uma tarde de domingo. Mas nada, nada se compara à revitalização que a franquia passou com Batman Begins e tomara que continue nos próximos episódios. Todo o clima dos gibis finalmente foi transportado com perfeição para a nova aventura, que na verdade mostra os primeiros anos de combate do herói e foi totalmente inspirado no clássico absoluto de Frank Miller, Batman: Ano Um, um dos meus gibis favoritos de todos os tempos. Ótimo elenco, bons efeitos especiais, a história que se desenvolve aos poucos e um clímax absoluto no final trouxeram o morcegão de volta do limbo para um futuro glorioso. Valeu, Christopher Nolan!
2 – O Senhor das Armas (Lord of War – EUA – 2005)
Não sei porque, mas sempre simpatizei com Nicolas Cage. Mesmo remando contra a maré que insiste em chamar o cara de inexpressivo, curto seus trabalhos e aquela cara de interrogação que ele sempre usa em suas atuações. Talvez por essa empatia com o ator (mas não com o tema), em uma bela noite de domingão, escolhi assistir ao Senhor das Armas. Sabe quando você passa pelo cinema e sem maiores opções acaba arriscando algum filme que possa te agradar? Pois é, esse filme (ou documentário, depende do ponto de vista) não só me agradou como também se tornou um dos meus preferidos de todos os tempos, especialmente por tratar um tema tão sério (o comércio ilegal de armas) mesclando com perfeição humor, suspense e drama sem prejudicar a idéia principal do roteiro: armas matam e não trazem benefícios para a sociedade! O mais assustador ainda é que toda história foi baseada em fatos verídicos e os produtores da película tiveram contato direto com figuras do submundo para tornar a experiência mais real.
1 – A Queda: As Últimas Horas de Hitler (Der Untergang – Alemanha – 2004)
Nunca fui fã de filmes europeus. Apesar de alguns ótimos exemplares do cinema do velho continente (especialmente ingleses), a grande maioria sempre me pareceu com uma narrativa extremamente lenta, atuações exageradas e mensagens demais para idéias de menos. Esse ano, todo meu preconceito foi por água abaixo quando tive o prazer de assistir simplesmente ao melhor filme de minha vida, algo que mudou muitas de minhas idéias e me fez enxergar os horrores da 2ª Guerra Mundial por uma outra visão: a alemã. Quem me conhece sabe que sou fanático pelo assunto e já devorei diversos livros e documentários, mas a verdade, querendo ou não, é que a grande maioria sempre mostra a visão “aliada” do confronto, com todos os seus vícios e heroísmos. Mas e os alemães? Será que eles chegaram ao posto de potência européia à toa? Afinal de contas, quem foi Hitler? Como um soldado medíocre da 1ª Grande Guerra pode ter se tornado a figura mais amada para logo em seguida ser a mais odiada da história? A Queda não traz todas as respostas, mas joga uma luz ao mostrar um Hitler humano através dos olhos de sua secretária particular. Tudo isso em um momento crítico: a derrota, visão essa que talvez mude sua idéia de como os alemães chegaram a dominar metade do continente Europeu. Sim, o Nazismo foi um câncer da história e seu grande idealizador (apesar de, como o filme deixa bem claro, o nazismo não ter surgido da cabeça de apenas uma pessoa), um grande babaca racista, mas nada diferente de qualquer ser humano, passível de idiotices e delírios, exatamente como eu ou você. Simplesmente perfeito!
Menção Horrorosa – o pior do ano: Oldboy (Idem – Coréia do Sul – 2003)
Essa é a prova definitiva de que não fui ao cinema tanto quanto deveria em 2005, porque Oldboy não é de forma alguma um filme ruim. Se eu contar apenas a história, você provavelmente vai achar fantástica (apesar de se basear no clichê da vingança em mão dupla) e sim, ele tinha tudo para ser um dos grandes destaques do ano na minha galeria de filmes, já que não assisti às bombas mencionadas pelo Corrales e Cyrino ao longo dos meses. Mas não tem jeito, de todos os filmes que assisti neste ano, Oldboy foi o que mais me decepcionou, especialmente quando lia comentários inflamados sobre a revolução que essa película causou nos circuitos da 7ª arte. Fui assistir ao dito cujo com as expectativas lá em cima, mas uma coisa me incomodou muito em toda a projeção: as atuações exageradas dos sul-coreanos protagonistas da história. Não, não sou preconceituoso com filmes orientais, muito pelo contrário, mas a interpretação da bela Hye-jeong Kang como Mi-do, seus choros e gritinhos insuportáveis em 90% de suas falas e algumas cenas gore absolutamente dispensáveis, tiraram todas as qualidades que esse filme poderia ter em minha opinião. Não é um abacaxi tão grande como os citados pelos meus colegas, mas foi, sem dúvida, a experiência mais frustrante que tive no cinema este ano.
Melhores filmes de 2005 segundo Carlos Cyrino
5 – King Kong (idem – EUA/Nova Zelândia – 2005)
King Kong é mega em todos os sentidos, e não apenas no tamanho do bichão. É mega em sua duração (que passa voando), na quantidade e qualidade dos efeitos especiais, na bela história e na diversão. Cinema de entretenimento em sua melhor forma, que manipula os sentimentos do espectador como poucas produções são capazes. Não há como não torcer pelo gorilão e não se emocionar com seu final, que todos já conhecem, mas ainda assim é inevitável o nó na garganta. Não tivesse estreado tão próximo do fechamento desta matéria, talvez estivesse numa posição mais alta na lista. Como não houve tempo para refletir melhor, o quinto lugar vai ter de servir.
4 – Terra dos Mortos (Land of the Dead – EUA/Canadá/França – 2005)
George Romero retorna após um longo hiato ao cinema e ao gênero que ele criou, os filmes de zumbi. A quarta parte de sua saga dos mortos (recentemente ele anunciou que pretende fazer uma hexalogia, então espere por mais dois filmaços) mistura terror, ação, humor, sangue e crítica social para agradar em cheio a apreciadores de filmes de terror, cinéfilos em geral e intelectuais. Zumbis para as massas, meu amigo. Isso é um feito e tanto.
3 – Sin City – A Cidade do Pecado (Sin City – EUA – 2005)
Vejamos os fatores que fazem o filme de Robert Rodriguez e Frank Miller constar dessa lista: uma revolução no modo de se fazer cinema, a mais perfeita transposição de uma HQ para a tela grande, um filme noir de um preto-e-branco magnífico, como não se via desde os anos 40 e um super elenco que embarcou no projeto por acreditar em seu potencial, e não pelo dinheiro. Não é pouco.
2 – Batman Begins (idem – EUA – 2005)
O Homem-Morcego finalmente ganha o filme que tanto merecia. Sua origem é contada sem pressa (o Batman só aparece com 1 hora de filme), de forma realista e, mais importante, com forte desenvolvimento psicológico do personagem, algo que os outros quatro filmes nunca se preocuparam em fazer. Ah, e Christian Bale nasceu para esse papel. Como grande fã do Cavaleiro das Trevas, não podia esperar nada melhor. A desgraça é saber que Christopher Nolan irá rodar outro filme antes de assumir a continuação das aventuras do cruzado de capa.
1 – Star Wars – Episódio III: A Vingança dos Sith (Star Wars – Episode III: Revenge of the Sith – EUA – 2005)
Alguém ainda tinha dúvidas de qual seria o meu primeiro lugar? Star Wars é minha saga espacial favorita do cinema desde sempre, então estava mais que ansioso pelo derradeiro capítulo. O final da saga é disparado o melhor episódio da nova trilogia, ainda que não amarre de forma satisfatória todas as pontas soltas para a trilogia sagrada. No entanto, temos um show de efeitos especiais, toda a ação que faltou nos Episódios I e II, uma batalha épica entre Anakin e Obi-Wan e o mais importante, Darth Vader finalmente dá as caras, para delírio geral. Pena que acabou.
Menção horrorosa – o pior do ano: Coisa de Mulher (Brasil – 2005)
A primeira produção do SBT Filmes segue o “padrão de qualidade” de suas produções televisivas. Roteiro horrível, direção capenga, pseudo-atrizes e situações constrangedoras, tanto para os personagens quanto para o espectador, fazem desta pequena pérola da tosqueira a pior coisa a aportar nos cinemas em 2005. Fuja como se sua vida dependesse disso.
Melhores filmes de 2005 segundo Carlos Eduardo Corrales
5 – O Clã das Adagas Voadoras (House of Flying Daggers/Shi Mian Mai Fu – China – 2003)
Começamos a minha lista com um filme que eu nunca imaginaria que estaria aqui. Uma história de amor à Romeu e Julieta misturada com artes marciais tinha tudo para ser uma bomba. Mas logo no início vemos que é um longa promissor. Além disso, contém uma das melhores cenas do ano, batendo até o duelo Obi-Wan Vs. Anakin. Me refiro à cena do jogo do eco, que além de bela e poética, conta com uma das cenas de dança mais sensuais que já vi, protagonizada pela coisinha linda Zhang Ziyi. O mais bizarro é que na cena em questão, ela está com roupa até o pescoço e mesmo assim é muito mais sexy do que muito strip-tease que já vi por aí. Tudo bem que minha tara por orientais deve ter ajudado, mas a beleza de Zhang Ziyi é inegável e comparável apenas à beleza do filme em si, magistralmente dirigido pelo xará da guria, Zhang Yimou.
4 – Team America – Detonando o Mundo (Team America – EUA – 2004)
A primeira incursão de Trey Parker e Matt Stone fora do mundo de South Park (desenho do qual sou um grande fã) é um dos filmes mais engraçados que já tive o prazer de assistir. Passou reto pelo cinema, mas a graça é mantida também na telinha pequena. O grande destaque é aquele genial discurso intraduzível sobre os três tipos de pessoas, mas não podemos deixar de citar também a tremendona aparição de Matt Damon. Team America é o filme mais engraçado do ano e ponto. Fuck, yeah!
3 – Terra dos Mortos (Land of the Dead – EUA – 2005)
A partir daqui foi deveras difícil definir uma ordem, já que tanto este quanto os dois primeiros lugares mereceriam a medalha de ouro. Mas como “só pode haver um”, tive que escolher. Nem sempre o Cyrino e eu concordamos em relação a um filme, sobretudo um que levou o Selo Delfiano Supremo. Para Sin City, por exemplo, eu não teria concedido a honra máxima delfiana. Para este Terra dos Mortos, por outro lado, o Selo parece pouco. É disparado o melhor filme de zumbis que já assisti e, na minha opinião, deixou superproduções como Batman Begins no chinelo. Terra dos Mortos é um grande exemplo de como um filme divertido não precisa ser desmiolado (eu adoro trocadilhos), mas acima de tudo é um exemplo de como um filme com conteúdo não precisa abrir mão da diversão. Terra dos Mortos é crítico, é bem-feito, tem uma boa história e não deixa de ser um cinemão de entretenimento da melhor qualidade. Um brinde para George Romero que nos abençoou com o universo dos zumbis. Todos levantem seu copo e gritem: “Miolos!”.
2 – Herói (Hero – China – 2002)
Quê? Dois filmes do mesmo diretor na lista da mesma pessoa? Pois é, amiguinho, mas o que eu posso fazer se Herói é um filme que considero perfeito? Novamente com a direção do tremendão Zhang Yimou e com participação da linda Zhang Ziyi, este é de longe o filme mais bonito que já assisti. E não me refiro apenas visualmente (área na qual, convenhamos, Herói é imbatível). Tudo aqui é lindo. As lutas, a simbologia, a trilha sonora, a poesia, as atuações exageradas na medida certa, o relacionamento respeitoso entre inimigos, a história, a filosofia por trás da história e, é claro, a Zhang Ziyi. Pode até parecer estranho, mas me identifico bem mais com esse tipo de filosofia oriental do que com a que vemos em filmes estadunidenses e brasileiros. Este é outro filme para o qual o Selo Delfiano Supremo seria pouco. Herói merece muito mais. Se fosse colocar um defeito em Herói seria unicamente no seu DVD. A imagem é a pior que já vi neste tipo de mídia, lembra até aqueles antigos jogos filmados como Phantasmagoria, o que é uma pena para um filme tão belo. Além disso, conta com pouquíssimos extras e a versão nacional do disquinho ainda ficou sem o som em DTS disponível nas outras versões. De resto, temos apenas a agradecer a Zhang Yimou por ter nos brindado com duas obras-primas seguidas e torcer para que mantenha a qualidade (ou a eleve ainda mais, se isso for possível) nos seus próximos trabalhos.
1 – Star Wars (Star Wars – Episode III: Revenge of the Sith – EUA – 2005)
Para ser honesto, esta primeira posição merecia ser de Herói, que é muito mais cinema do que Star Wars. Mas então por que eu escolhi dar a medalha de ouro para a conclusão da saga de George Lucas? Bom, além de ser um filme muito legal (embora tenha defeitos em profusão, admito), o Episódio III foi o filme que mais me marcou durante o ano. Foi o que esperei ansiosamente para o lançamento, foi o único em 2005 que assisti duas vezes no cinema e foi o DVD que fiquei esperando para comprar, contando os dias no calendário. E sei que não fui o único que passou por isso. Temos que admitir que um filme conseguir gerar esses sentimentos em tanta gente (tipo aqueles carinhas que ficam meses na fila) o torna, sem sombra de dúvidas, o filme do ano. Pode não ser tão belo quanto Herói ou tão crítico quanto Terra dos Mortos, mas é um belíssimo exemplar de um filme de fantasia e um final digno para a saga que se passa há muito tempo, em uma galáxia muito distante, mas que mesmo assim, deixou sua marca eternamente gravada na galáxia em que vivemos.
Menção Horrorosa – o pior do ano: A Família da Noiva (Guess Who – EUA – 2004)
Eu odeio comédias românticas. Eu odeio o Ashton Kutcher (como ator, não pensem que tenho planos malignos de matá-lo ou algo do tipo). De uma combinação dos dois, o que se pode esperar? O maior lixo de 2005, ora. A Família da Noiva é aquele filme que, mesmo se você não tiver assistido, já viu pelo menos umas 7 vezes. E se você não riu em nenhuma dessas vezes, porque riria agora? E existe algo mais frustrante do que uma comédia que não faz rir? Pois esse é o gênero preferido de Ashton. Realmente, eu não entendo como alguém pode desembolsar uma boa grana para ter esse cara em um filme. E se minha resenha e este pequeno texto não foram suficientes para você desistir de assistir a esse filme, acho que você está no site errado. 🙂
É isso, carinha. Esperamos que você tenha curtido esse especial. Agora queremos ver o seu Top 5. O espaço para comentários é todo seu.
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