A Família da Noiva

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Quando chegou o convite para a sessão de imprensa deste filme, logo pensei: “Putz, deve ser mais uma daquelas comediazinhas mequetrefes que terminam em um grande e pomposo musical”. Eu estava errado. O musical que encerra A Família da Noiva não é grande nem pomposo.

A Família da Noiva é quase um remake. Na verdade, segundo o que diz no release entregue à imprensa, ele é uma variação cômica do drama Adivinhe Quem Vem Para Jantar. Os dois bebem na mesma fonte que inspirou outros filmes, como Entrando Numa Fria, ou sitcoms como a nojenta 8 Simple Rules, ou seja, tirar sarro de um dos momentos mais traumáticos da vida de qualquer homem: conhecer o pai da namorada. A Família da Noiva (e o filme que o inspirou) vão mais além e decidem colocar um casal inter-racial e um papai racista.

Além de ter transformado o drama original em uma comédia café com leite, outra diferença gritante foi feita na história. Enquanto em Adivinhe Quem Vem Para Jantar o papai racista é branco, aqui ele é negro (e interpretado pelo comediante Bernie Mac, de Doze Homens e Outro Segredo e Papai Noel às Avessas).

Completando o elenco, temos o assustador Ashton “Meu Deus, como esse cara ainda não ganhou uma Framboesa de Ouro?” Kutcher (de Efeito Borboleta – mas mais conhecido como o Kelso de That 70’s Show) como o noivo branco e Zoë Saldaña, como a noiva negra.

Uma coisa que é muito bizarra é que a mãe da noiva, interpretada por Judith Scott é muito mais bonita do que a filha. Na verdade, ela nem parece ser mãe, mas uma irmã uns 3 ou 4 anos mais velha. Sério, parece ter menos diferença de idade entre Zoë e a mãe do que entre Zoë e sua irmã mais nova. Eu estou, sinceramente, revendo meus conceitos sobre os EUA. Depois de Alexandre, onde a Angelina Jolie é mãe do Colin Farrel e, principalmente, um episódio da série de TV Charmed onde a avó (sim, a avó) das bruxas tem menos de 50 anos (lembrando que as bruxas devem estar por volta dos 30), estou começando a achar que os estadunidenses costumam ter filhos por volta de seus 10, 11 anos. Na boa, será que é essa a idéia que eles estão querendo passar? Isso sem contar séries como According to Jim, que mostra casais onde os caras têm mais de 50 anos (caso do protagonista, James Belushi) e são casados com uma tetéia que deve ter menos de 30. Daqui a pouco, a pedofilia que hoje gera tanta polêmica (leia resenha de O Lenhador) estará completamente generalizada. Afinal, para mim, um cara de 50 casado com uma garota de 20 é muito mais pedofilia do que um cara de 21 que namora uma de 17 (o que, de acordo com a lei, é pedofilia).

Pedofilia comentada, A Família da Noiva é uma porcaria. Imagino que o delfonauta concorda comigo: uma comédia que não faz a gente rir não pode ser chamada de comédia. E aqui o bagulho é tão ruim que me fez inclusive pensar em uma contraparte para o Selo Delfiano Supremo: o Selo Delfiano Vergonhoso, que homenagearia filmes que são surpreendentemente ruins. Ok, isso deve demorar um pouco para ser implantado, mas precisamos fazer planos para o futuro, certo? 😉

Se você realmente tem muito dinheiro no bolso e mais tempo livre do que consegue agüentar e decidir gastar ambos assistindo a essa porcaria, você pode fazê-lo a partir desta sexta, 22 de abril quando o filme (se é que algo estrelado pelo Ashton Kutcher pode ser chamado assim) entrar em cartaz. Mas se eu fosse você, pegava esse dinheiro que está sobrando e fazia uma doação para o DELFOS. Sério mesmo. 😉

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