Vejamos porque este filminho não conquistou minha simpatia. Primeiro, é protagonizado por Richard Gere, um ator cujos filmes bons podem ser contados em apenas uma mão e ainda sobra espaço. Segundo, apresenta alguns conceitos da cabala judaica. E eu não sou nem um pouco chegado em religião. Por fim, a trama principal gira em torno de concursos de soletrar palavras, mais uma daquelas manias estadunidenses que para o resto do mundo é pura babaquice. Agora que desabafei, vou desenvolver melhor meus argumentos. Mas antes, vamos à tradicional sinopse do segundo parágrafo.
Richard Gere é Saul Naumann, um professor universitário especialista em cabala. Aliás, nunca fica claro se ele é professor de teologia ou só de cabala, embora uma atitude sua em determinado momento do filme me leve a crer que é só de cabala mesmo. Enfim, Saul só quer saber de seus estudos e não dá a menor atenção à sua filha caçula, Eliza (Flora Cross, uma garotinha de cara esquisita). Isso até que ela vence um concurso de soletrar palavras. Aí, o pai gruda nela e a incentiva a continuar até vencer o campeonato nacional. Acontece que Saul vê no prodigioso talento da filha para soletrar (como se isso fosse algum mega poder mutante…) uma capacidade inata, para através das palavras e suas estruturas, falar diretamente (e ser ouvida) com Deus. Bom, é mais ou menos isso.
O cara fica tão obcecado que começa a ignorar a esposa (Juliette Binoche), que passa a agir de maneira mais estranha a cada dia, e o filho mais velho (Max Minghella), que começa a ter contato com outras religiões.
Bom, esse conceito da cabala, embora extremamente confuso, pode ser até interessante para quem gosta de desenvolver seu lado espiritual. Como essa não é minha praia, para mim não funcionou.
Mas o grande responsável pelo filme não ser nenhuma maravilha é mesmo o tal torneio de soletrar. Meu, os caras mostram a competição como se fosse algo de extrema importância. E como já disse algumas linhas acima, Eliza é tratada como gênio só porque soletra bem. Isso não devia ser nenhuma capacidade extraordinária, mas uma obrigação de qualquer um que queira falar bem sua língua pátria.
Quem fala inglês sabe que é uma língua ridiculamente simples. Queria ver é a tal garotinha soletrar em bom português as palavras cabeludas do nosso idioma. Isso sim é desafio.
Antes de encerrar, duas curiosidades inúteis, porém mais interessantes que o filme: Max Minghella, o ator que interpreta o filho de Saul, é, na vida real, filho do diretor Anthony Minghella, responsável por obras como O Paciente Inglês, O Talentoso Ripley e Cold Mountain. E a roteirista do filme, Naomi Foner Gyllenhaal, é mãe de Maggie e Jake Gyllenhaal (isso mesmo, o Donnie Darko e o carinha de O Dia Depois de Amanhã para os mais ligados em blockbusters).
Palavras de Amor é um filme que não diz a que veio, não causa o menor interesse e ainda tem a capacidade de deixar o público com saudades de suas camas. Então, se você quiser continuar acordado, passe longe.