Crítica A Garota da Vez: jogando com um serial killer

Engraçado, eu tinha a sensação de que essa história de um serial killer que participou de um programa de TV era algo relativamente comum, que já tinha acontecido várias vezes. Porém, ao fazer minha obrigatória pesquisa antes de escrever sobre A Garota da Vez, o único resultado que encontro é justamente o retratado aqui: Rodney Alcala no Dating Game. E este nem é o primeiro filme sobre essa história, embora talvez seja o mais comercial.

CRÍTICA A GAROTA DA VEZ

Apesar do título A Garota da Vez (uma adaptação infantilizada do original Woman of the Hour), a protagonista aqui não é a moça interpretada pela Anna Kendrick. Esta é a história de Rodney Alcala (Daniel Zovatto), com foco em sua famosa participação no “Namoro na TV” gringo.

Embora o jogo seja a melhor parte, o filme mostra alguns de seus crimes anteriores, inclusive quão charmoso o cara era para convencer tantas moças a ficarem sozinhas com ele. Pois é, se você tem essa ideia de que serial killers são estranhos com dificuldades sociais, Alcala realmente desafia isso. O cara era muito charmoso na vida real, e está charmoso aqui também.

RODNEY ALCALA NO DATING GAME

Confira abaixo algumas das cenas reais do Dating Game com o Alcala de verdade.

VOLTANDO À GAROTA DA VEZ

Garota da Vez parece bem fiel às situações que o inspiraram, ainda que não seja narrativamente fiel. Por exemplo, as cenas do Dating Game, que são obviamente as mais fáceis de comparar com a vida real, são bem mais fortes no filme. A inteligência da moça participante é muito mais presente, bem como os poderes de sedução do Rodney. O programa original é um daqueles bem estúpidos de TV aberta, bem diferente do manifesto feminista exibido em A Garota da Vez.

Mas isso é justamente o mais legal do filme. A hora que a moça começa a fazer perguntas que exigem conhecimento de Kant e Einstein é realmente engraçada, a ponto de eu ter ficado realmente decepcionado quando vi que isso não aconteceu de verdade.

SUSTÂNCIA

A Garota da Vez é um bom filme, mas assim como o “Dating Game”, não tem muita sustância. É uma história interessante, cuja reação natural é pensar “como assim um serial killer foi a um programa de TV?”, mas ele não elabora este aspecto. As cenas do Rodney matando são totalmente independentes do cara na TV e não se conectam em nenhum momento – o que seria talvez o mais interessante nessa história. Sem elaborar isso, o mistério continua: como esse cara foi parar na TV?