Nas últimas semanas, eu aproveitei a entressafra de lançamentos para jogar novamente alguns títulos que já tinha jogado. Entre eles, esteve God of War 2018. Eu queria jogá-lo novamente para refrescar a história antes do vindouro God of War Ragnarok. E foi bom fazê-lo. Nesta jogada, peguei coisas da história que não tinha captado antes, ou que simplesmente não me lembrava. Antes do exemplo, um aviso: vou falar livremente sobre a história de God of War 2018. Também vou especular sobre God of War Ragnarok. Eu não sei absolutamente nada de Ragnarok. Não tenho contatos privilegiados na Santa Monica e ainda não joguei. Então as coisas de 2018 são spoilers para quem não jogou. Mas as de Ragnarok são apenas chutes. Não me culpe se elas de fato acontecerem. Dito isso, você sabia:
AS VALQUÍRIAS FIZERAM OS MORTOS ANDAREM SOBRE A TERRA
As valquírias são um conteúdo opcional em God of War 2018. São chefes repetitivos e extremamente difíceis, mas que trazem revelações que o jogador não teria se não lutasse contra elas. Inclusive, devo confessar que eu nunca fui capaz de vencer a rainha. Venci todas as outras, mas a rainha me venceu numerosas vezes, até que desisti.
Através dessa quest, você descobre que as valquírias foram aprisionadas pela Sigrun, a rainha, depois de serem corrompidas por Odin. O que Odin queria ao corromper as valquírias o jogo não revela. Porém, é revelado que a ausência delas é a causa da viagem de Kratos e Atreus ser tão perigosa. Afinal, sem as valquírias para levar os mortos em batalha a Valhalla, todos os presuntos iam para Helheim, causando uma superlotação. E já dizia George A. Romero, “quando não houver mais espaço no Inferno, os mortos andarão sobre a Terra“.
Outra revelação que vem dessa quest é que Freya, a bruxa que te ajuda ao longo da jornada, e mãe do vilão Baldur, era a rainha valquíria original. Ela teve suas asas arrancadas pelo maridão Odin, e desde então Sigrun assumiu seu papel. Considerando que Freya termina o jogo jurando vingança por Kratos ter assassinado Baldur, seu papel em Ragnarok provavelmente será de antagonista. A questão é que ela também odeia Odin. Então fica em aberto se ela vai se juntar a Kratos e Atreus contra os Aesir ou se será antagonista de todo mundo.
KRATOS VAI MORRER EM GOD OF WAR RAGNAROK?
Tudo indica que sim. Histórias mitológicas são cheias de filhos matando os pais. Nos jogos anteriores, o próprio Kratos matou a filha e o pai. Baldur tentou matar Freya, e só não conseguiu porque Kratos interferiu. Além disso, quando encontram imagens do passado e do futuro em Jotunheim, Kratos vê uma imagem em que Atreus está com Kratos deitado no seu colo enquanto vomita Jörmungandr. Isso dá a entender que a morte de Kratos estará relacionada ao nascimento da Serpente do Mundo.
Na mitologia nórdica, Jörmungandr foi parida por Loki, o que leva muitos a dizerem que Loki era trans, ou algo parecido com isso. E se você jogou God of War 2018, sabe que Loki seria o nome original de Atreus, se Kratos não tivesse sugerido outro. Loki é também um dos causadores de Ragnarok e, bem… o próximo jogo chama Ragnarok.
Porém, entretanto, contudo, todavia… será mesmo? Kratos morrer em Ragnarok, assassinado por Loki/Atreus ainda por cima, é muito óbvio. Além da história da série e das próprias mitologias, teve uma quantidade absurda de foreshadow em God of War 2018. Kratos chega literalmente a conversar com Atreus sobre a possibilidade deste matá-lo.
KRATOS MORRER É UMA ARMADILHA DE ROTEIRISTA
Falando aqui como roteirista, quando algo é óbvio demais em uma história, normalmente os escritores estão querendo te enganar. Sim, mitologias são cheias de profecias, de saber o que vai acontecer. Então é provável que a graça da história do próximo jogo seja ver como as coisas vão chegar ao ponto de filho matar pai. Algo tipo Anakin Skywalker virando Darth Vader. Mas eu diria que não.
Aposto que todo esse foreshadow é uma armadilha, meio que para deixar claro que isso vai acontecer. E acredito que vai chegar MUITO próximo de acontecer. Algo surpreendente vai rolar, e a história seguirá outro caminho. Talvez o próprio Atreus morra, assassinado por Kratos. Talvez eles terminem Ragnarok com a relação melhor do que nunca. Ou talvez como antagonistas, deixando uma ponta para um futuro jogo. Estas opções me parecem mais certas analisando o que sabemos até agora do que eles seguirem o caminho “profetizado” de Atreus matar Kratos.
E outra, a imagem do futuro mostra apenas o Kratos deitado no colo de Loki enquanto este vomita Jörmungandr. Isso pode acontecer exatamente assim sem Kratos estar morto. Talvez tenha uma parte em que Kratos fique doente/ferido, e o jogador controle Atreus enquanto cuida do pai. Sabe quem já fez exatamente isso? The Last of Us, também da própria Sony.
QUEM TOCOU A TROMBETA PARA CHAMAR A SERPENTE?
Este é provavelmente o grande mistério plantado em God of War 2018 que não é revelado no jogo. Com certeza será mostrado em Ragnarok. E aqui acredito que a resposta é óbvia. Mas é um óbvio estilo roteirista também, do tipo “aquilo que você menos espera”.
Quem tocou a trombeta foi o próprio jogador, provavelmente controlando Kratos e Atreus. E daí você fala “Mas, Corrales, a trombeta foi tocada quando Atreus estava doente e Kratos estava levando o moleque inconsciente para a casa da Freya. Não pode ter sido eles!”. E é exatamente por isso que acredito que foram eles mesmo. Você sabe que eles não estavam la. Então como podem estar? É impossível. Ou não?
Mitologia, e a própria história de Ragnarok, envolve viagem no tempo. Mimir conta que o próprio Jörmungandr veio do futuro após a batalha épica que terá com Thor em Ragnarok. E nós sabemos que Jörmungandr é filho de Loki, e que Atreus não teve filhos ainda no jogo de 2018. Ou seja, Loki vai parir a serpente, ela vai lutar contra Thor e ser enviada para o passado, onde vai conhecer e ajudar o pai – ainda menino – a chegar aonde ela sabe que ele deve estar.
Acredito que em algum momento de God of War Ragnarok, os heróis vão voltar no tempo, provavelmente após Jörmungandr lutar contra Thor. E daí vamos jogar parte da história enquanto os acontecimentos de 2018 estavam rolando. Parte disso vai ser falar com a serpente, exatamente enquanto Atreus está doente e o tempo está mudando. Ou pelo menos este é meu chute. Mas é um daqueles casos em que eu adoraria estar errado, e ser surpreendido com outra revelação.
EXPECTATIVAS PARA GOD OF WAR RAGNAROK – GAMEPLAY
God of War 2018 é muito bom, mas tem também muito filler. Muito colecionável, muitas sidemissions trabalhosas e sem graças (tipo ilumine os oito faróis, ou colete todas as partes do esqueleto). E, claro, tem o equipamento de RPG. Acho difícil que essas coisas sumam no próximo. Hoje não existe jogo de alto orçamento sem equipamento com estatísticas e filler. E já foi divulgado que o jogo terá 20 horas de conteúdo opcional. Ainda assim, espero que dêem uma segurada nisso. Que sejam sidemissions que valem ser feitas. Nada de fetch quests, apenas missões que te levam a novas áreas, com novas histórias (como os favores para os anões do jogo de 2018). Em matéria de sidemissions, menos é mais. Três sidemissions bacanas deixam o jogo melhor. 27 sidemissions de fetch quests e três mais elaboradas deixam o game pior.
O combate do de 2018 é fantástico, e espero que este continue sendo. Muito provavelmente vamos começar com o machado e as blades of chaos, e haverá pelo menos mais uma nova arma nova (coloco minhas apostas que a nova arma jogável será o martelo de Thor). Espero que não exagerem nesse aspecto também. Não é necessário encher de armas, como Ninja Gaiden 2. Três armas bem desenvolvidas, com usos estratégicos diferentes, são suficientes. Em 2018 acertaram nisso e acho que devem acertar de novo.
GOD OF WAR RAGNAROK E O TEMPO DE DESENVOLVIMENTO
Também gostaria de manifestar minha opinião de fã em relação ao tempo. Acho que God of War Ragnarok demorou muito para sair (tanto que resolveram diminuir a história nórdica de três jogos para apenas dois). Claro, não estou sugerindo que os devs se matem de trabalhar ou que façam nas coxas. Mas convenhamos, God of War 2018 foi desenvolvido em cinco anos. E é um jogo feito do zero, com absolutamente nada de conteúdo dos anteriores. Animações novas, combate totalmente novo (mesmo com as Blades of Chaos). Novos atores, temática e uma estrutura de gameplay totalmente nova. Tudo isso é o que realmente dá trabalho na criação de algo.
God of War Ragnarok foi desenvolvido em quatro anos e meio, e vai aproveitar boa parte do conteúdo, animações e combates já criados. Imagino que a pandemia atrasou bem o desenvolvimento, mas pelo que mostraram até agora, parece que a continuação deu muito menos trabalho que o de 2018 – mas levou virtualmente o mesmo tempo. Como um fã, foi difícil esperar quase cinco anos para essa história continuar, e ainda bem que não precisarei esperar mais cinco pelo final dela.
Particularmente, gostaria que God of War Ragnarok tivesse mais história e menos conteúdo opcional: o genocídio dos deuses nórdicos precisa ser contado com calma. E já que entramos na história…
EXPECTATIVAS PARA GOD OF WAR RAGNAROK – HISTÓRIA
Vou dizer que reviver God of War 2018 agora, em 2022, às vésperas do lançamento de God of War Ragnarok, me deixou realmente curioso para o que vem por aí. Como um fan fiction baseado em histórias mitológicas, God of War faz eventos conhecidos das mitologias acontecerem de formas diferentes e surpreendentes. O fato de Loki, na história do jogo, ser filho de um deus grego com uma gigante é muito interessante, e pode gerar caminhos muito legais para a história.
Espero que Ragnarok não seja como God of War 3, em que deuses caem como moscas, um depois do outro, e a maioria em quicktime events. Cada deus apresentado em Ragnarok deve ser épico e bem desenvolvido. Se Ragnarok realmente será o fim da história nórdica, ele precisa contar MUITA história. No primeiro, de realmente relevante, temos os dois filhos de Thor e Baldur. Em Ragnarok, já sabemos que teremos Thor, Odin e Freya como antagonistas, mas tem muitos outros personagens mitológicos que podem e devem dar as caras em ambos os lados do combate.
Muito provavelmente a historia vai abordar Atreus e Kratos trazendo de volta os gigantes. Isso justifica viagem no tempo e faz um paralelo com a titanomaquia de God of War 3. Os gigantes provavelmente serão criaturas gentis e pacíficas, e triunfarão contra os maléficos e sanguinários Aesir. Este é o caminho óbvio, é o que parece que a história está caminhando para contar. Mas de novo, adoraria ser surpreendido. O que você acha que vai acontecer? E o que você gostaria que acontecesse? Vamos trocar ideia nos comentários!
