20 anos de Mega Man

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Antes de começar o texto em si, vou falar um pouco de mim e minha história com videogames. Na minha cada vez mais distante infância, meu sonho era ter um videogame. Dois amigos meus tinham o famoso Atari, e todos os garotos da rua viviam nas casas deles jogando. Eis que, no dia das crianças de quando eu tinha seis ou sete anos (não me lembro ao certo), meu pai me presenteia com um Top Game (pra quem não conhece, era um genérico do Nintendinho, produzido pela CCE). Ele vinha com entradas para os formatos americanos e japoneses dos cartuchos, pistola e três jogos grátis. Para quem estava acostumado com Atari na casa dos amigos, aquilo era um verdadeiro sonho. Não tardou para que eu começasse a alugar jogos todos os fins de semana, sendo que, dentre eles, um me chamou muito a atenção. Ignorando os avisos do cara da locadora sobre a dificuldade do dito-cujo, aluguei Mega Man. A dificuldade viciante me cativou logo de cara, e mesmo morrendo direto, eu não conseguia largar aquilo! Com o tempo, fui conhecendo melhor o esquema, assim como os outros jogos da série (o primeiro que zerei de fato foi o Mega Man 4). Mas bem, deixemos o papo furado de lado e vamos ao que interessa: a história de Mega Man.

NASCE A LENDA

O jogo nasceu no Japão, em dezembro de 1987, sob o nome Rock Man. Sua produtora, a famosa Capcom, era especialista em jogos para arcade, mas vendo o potencial do Nintendinho, ela decide criar um jogo de aventura para ser jogado em casa. Dando o trabalho ao produtor Keiji Inafune, nasce Mega Man, inspirado no famoso animê Astro Boy. A história dentro do jogo não era nada complexa, mas o suficiente para iniciar uma boa aventura: o Dr. Thomas Light tem seus projetos de robôs criados para auxiliar a humanidade roubados por seu rival, o ambicioso Dr. Wily, que começa a utilizar os bichinhos para dominar o mundo. Diante da ameaça, Light transforma Rock, um robô que criava como filho (junto de sua “irmã”, Roll) num robô de combate para deter os planos de Wily. Assim nascia Mega Man!

O JOGO

A grande marca da série residia no fato de ele não ser linear. Logo de cara, você poderia escolher em qual das seis fases iniciais iria jogar. Cada fase era guardada por um “Robot Master” (que eram: Cut Man, Elec Man, Ice Man, Fire Man, Bomb Man e Guts Man) que, ao ser derrotado, concedia a Mega Man uma nova arma, de uso limitado. Cada arma era também a fraqueza de outro Robot Master, tornando a luta contra ele mais fácil. Derrotando os seis Robot Masters, Mega Man rumava para a fortaleza do Dr. Wily, onde finalmente dava fim aos planos do vilão.

Mega Man não era fácil. Lembro-me de como, apesar de amar o jogo, eu me descabelava para terminar umas míseras fases quando pequeno (quem já não se irritou muito na fase do Ice Man, por exemplo?). Alguns Robot Masters, se enfrentados sem a arma correta, eram bem difíceis de serem derrotados por jogadores novatos.

O jogo foi um sucesso absoluto e uma continuação era iminente. Mega Man 2 foi lançado no ano seguinte, trazendo agora oito Robot Masters, novos recursos na jogabilidade e músicas arrasadoras (na minha opinião, é uma das melhores trilhas já compostas para videogames). Nos jogos seguintes, cada vez mais personagens apareciam, como Proto Man (Blues, no original), o misterioso primeiro robô criado pelo Dr. Light; Rush (o cão-robô–multiuso do Mega Man) e o Dr. Cossack.

A série foi até sua sexta versão para o NES (culminando com a prisão do Dr. Wily), e nessa época o Super Nintendo já começava a tomar o mercado. O novo console pedia uma nova série, que mostrasse do que ele era capaz.

A FAMÍLIA CRESCE

Keiji Inafune pretendia revitalizar a franquia nos 16 bits. A idéia era criar um novo herói, chamado Zero, para continuar a saga do protagonista anterior, mas o que acabou saindo foi Mega Man X. A série acontecia no século seguinte ao da franquia original, onde existiam os reploids, robôs com sentimentos e emoções humanas, além de serem totalmente autônomos. Mega Man X (ou apenas X, como é mais conhecido) foi a última criação do Dr. Light, encontrado numa cápsula pelo Dr. Cain durante uma escavação.

Mega Man X se junta aos Maverick Hunters, um grupo de reploids que caça os Mavericks (duh!), que também são reploids e acreditam que os humanos atrasam o desenvolvimento do mundo e de sua raça. Sigma, o antigo líder dos Hunters, acaba se tornando o líder dos Maverick. Os Hunters passam então a serem liderados por Zero (que na verdade era uma criação do Dr. Wily, mas que não agia como o vilão que deveria ser), e X entra na guerra se perguntando se era certo lutar contra seus “iguais”.

O jogo possuía várias diferenças em relação à série clássica. A história possuía um tom mais sério e a ação era frenética. O novo Mega Man podia escalar paredes e conseguir itens (como os Heart-Tanks e Sub-Tanks) e partes de uma superarmadura, que aumentavam seus poderes e habilidades. Cada número da série X trazia novidades que o deixavam cada vez mais complexo. A partir do terceiro, era possível jogar em certos momentos com Zero, sendo que em Mega Man X4, lançado já na geração 32 bits, era possível escolher entre X e Zero desde o começo do jogo, tendo cada um sua visão da história. Em Mega Man X7 (considerado por muitos um fiasco, por se distanciar demais do estilo consagrado, erro que foi consertado no X8), ainda é introduzido um novo personagem, Axl, membro de uma nova geração de reploids.

Entretanto, a série clássica não foi deixada de lado. Ainda para o SNES, foi lançado Mega Man 7, que introduzia o personagem Bass (Forte, no Japão). Mega Man 8 foi lançado na era 32 bits e, como ultimo suspiro do SNES, foi lançando o excelente Rock Man & Forte (erroneamente interpretado por alguns como um Mega Man 9). Existiram ainda dois jogos da série para arcade, Mega Man Power Battles 1 & 2, além de jogos para outras plataformas como o Game Boy e o Mega Drive.

OUTRAS SÉRIES

Em 1997, foi lançado o jogo que introduziria Mega Man no mundo 3D. Mega Man Legends (Rock Man Dash no Japão) se passava num futuro muito distante. Mega Man não era um robô, mas um garoto que usava uma armadura e viajava pelo mundo em busca de aventuras. Apesar de ser bom, não fez muito sucesso (creio eu que por fugir demais do estilo da série – Mega Man é o tipo de jogo que nunca deveria sair do esquema “ação 2D”, assim como Sonic). Ainda assim, rolou uma continuação alguns anos mais tarde.

Em 2001, foi lançada para o Game Boy Advance a série RPG Battle Network, que também fugia completamente do enredo e estilo da franquia original. Neste mundo, existem batalhas entre programas de computador chamados NAVI, e o personagem principal Lan Hikari, controla Mega Man para destruir NAVIs malignos pela Net.

Em 2002, foi lançada também para o GBA a franquia Mega Man Zero, que retomava o esquema de ação 2D. A série dava continuidade à história da série X, onde Zero, despertava 100 anos no futuro. Lá, encontra um mundo dominado à mão de ferro por seu antigo parceiro X. Zero parte em busca de respostas numa trama cheia de mistérios. O jogo trazia grandes mudanças no visual, um desafio empolgante e uma jogabilidade excelente, que inovava sem perder a essência da série. A franquia rendeu quatro versões, com um desfecho emocionante. A série introduz mais uma vez personagens novos, como a cientista humana Ciel e os Quatro Guardiões de X (Harpuia, Fefnir, Phantom e Leviathan).

As versões mais recentes da franquia são ZX (onde um garoto e uma garota conseguem os poderes das armaduras de X, Zero e dos Quatro Guardiões da série Zero, cuja seqüência, ZX Advent, já se encontra disponível) e Mega Man Star Force (que se passe 100 anos após a série Battle Network).

CONCLUSÕES FINAIS

A série Mega Man é complexa e extensa demais para ser descrita em detalhes. É difícil encontrar um game-maníaco que nunca tenha jogado pelo menos um jogo relacionado. Para completar, confira abaixo um vídeo oficial feito pela Capcom mostrando um pouco desses 20 anos de história.

Vida longa a Mega Man, e que venham ainda muitos jogos deste fantástico universo!

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