Iron Maiden em Belém (1/4/2011)

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Este é o meu primeiro texto para o DELFOS. Não sabia como começar a escrevê-lo, então vou usar esse primeiro parágrafo pra dizer que nunca me senti tão feliz por morar em Belém quanto na última sexta-feira. Pela segunda vez, esta cidade tão ou mais quente quanto o inferno me brindou com a apresentação de uma das bandas mais tremendonas de toda a história desse senhor chamado Rock and Roll. Como se não fosse suficiente trazerem o Scorpions pra cá, agora o Iron Maiden resolve aportar em terras papa-chibés (para aqueles que não conhecem, esta é uma expressão usada para caracterizar a nós, paraenses). Pronto, agora que já preenchi o vazio do primeiro parágrafo, vamos começar a série de intertítulos deste texto.

UMA BREVE VOLTA AO PASSADO

Ainda me lembro como se fosse ontem: no longínquo ano de 2010, estava eu aproveitando o ócio que só a internet é capaz de proporcionar quando vi uma notinha no twitter de uma produtora de shows aqui da cidade: “Iron Maiden em Belém: dia 1/4/2011”. Logo pensei com meus botões: “Iron Maiden, em Belém, no mundialmente conhecido dia da mentira? Duvido!” Felizmente, eu nunca estive tão feliz em estar errado. Alguns dias depois, anúncios já começavam a brotar nos jornais sobre o assunto, e a venda de ingressos começaria algum tempo depois. Por sorte consegui comprar meu ingresso com um belo desconto, agora só me restava contar os dias para este show histórico.

DIAS ATUAIS

Janeiro passa; fevereiro vai embora sambando; rogo a Odin para que março vá cavalgando com as Valquírias. E eis que chega o famigerado dia. Combino com amigos de chegar ao local do show em bando. A maioria deles era maior do que eu, então com sorte conseguiríamos espantar uma, duas ou dez pessoas na fila e garantir um lugar mais perto do palco. Pouco mais de uma hora depois, percebo que nossa estratégia não deu certo, então resolvemos tentar o método das pessoas certinhas: sentar e esperar.

Os portões estavam marcados para abrir às cinco da tarde, e como não somos tão burros, levamos provisões para aguentar a árdua manhã passar. Logo chegou o horário de abertura, e filas de pessoas tentavam abrir caminho na base da porrada para entrar (mentira, não foi tão assim. Só aumentei um pouquinho pra parecer mais emocionante).

UMA ABERTURA ESTRESSANTE

Demorou um pouco pra que tudo começasse e, como em todo grande show, problemas de organização logo surgiram. Filas únicas se dividiam, pessoas reclamavam umas com as outras, espertinhos queriam roubar lugares. Enfim, tudo aquilo que um bom show costuma ter.

Mas agora chega de enrolar. É chegada a hora de falar do evento tão aguardado pelos paraenses. A banda de abertura estava marcada para começar às 19h, e vejo que eles absorveram pelo menos um pouco da pontualidade britânica da atração principal. Com pouco mais de dez minutos de atraso, o power trio paraense Stress, considerado a primeira de Heavy Metal do Brasil, inicia seu show. O vocalista da banda, Roosevelt “Bala”, saudou a plateia, dizendo que, naquela noite, Belém era a “Capital do Metal”.

O público gritou e se emocionou quando Heavy Metal, um dos clássicos da banda, iniciou a apresentação. Nem preciso dizer que a música caiu como uma luva para aquela noite. O público entrou ainda mais no espírito da coisa quando os acordes iniciais da meio galhofa Coração de Metal surgiram, enquanto a banda convidava o público para cantar junto durante toda a música.

Ao todo, foram 30 minutos de empolgação, tanto por parte da banda quanto do público, que vibrou ainda mais quando os integrantes encerraram sua parte no espetáculo carregando a bandeira do Pará pelo palco.

COM VOCÊS, IRON MAIDEN

Após uma hora de sons clássicos do metal e do hard rock apresentados pela máquina jukebox gigante da equipe de som, o palco para o Iron Maiden finalmente apareceu. O palco se iluminou com luzes que simulavam as estrelas no espaço, e que se confundiam com as luzes das câmeras fotográficas, e The Final Frontier, música tema da nova turnê explodiu pelas caixas de som, contagiando os fãs presentes, que não pararam de cantar um minuto sequer.

Após uma sequência de músicas do novo disco, os clássicos vieram à tona e levaram o público ao delírio. 2 Minutes to Midnight foi cantada em conjunto por pelo menos 11 mil pessoas num espaço que, de repente, não era tão grande quanto parecia. E clássicos não faltaram. The Trooper e The Evil That Men Do se destacam, pois até mesmo os solos de guitarra foram cantados pelo público. Ou pelo menos pelas pessoas que estavam ao meu lado, tão empolgadas quanto eu.

Quando Dance Of Death e The Wicker Man rolaram, foi difícil eu encontrar alguém que ficasse parado. O som hipnotizante dos vocais e guitarras encheram os ouvidos dos fãs por pouco mais de duas horas.

E claro que, para o bis, as sempre presentes Hallowed Be Thy Name e The Number of The Beast marcaram presença. Esta última foi a música em que eu mais me empolguei no show inteiro. Dave Murray executou seu solo de guitarra à perfeição, com um sustain em uma nota que durou quase uns 15 segundos. Nessa hora minha cabeça praticamente explodiu.

Dois grandes momentos do show me vêm à mente agora. O primeiro foi o tremendão mascote Eddie empunhando uma guitarra em sua obrigatória aparição. O segundo foi a divertida Jam Session ao final do show. No último refrão de Running Free, Steve Harris e Nicko McBrain ficavam executando a base da música (que pra mim é uma das mais contagiantes do grupo), enquanto Bruce Dickinson brincava com o público com provocações cômicas do tipo “Vocês já estão cansados? Vamos lá!”.

Se liga no setlist:

Sattelite 15… The Final Frontier
El Dorado
2 Minutes to Midnight
The Talisman
Coming Home
Dance Of Death
The Trooper
The Wicker Man
Blood Brothers
When The Wild Wind Blows
The Evil That Men Do
Fear of The Dark
Iron Maiden
The Number of The Beast
Hallowed Be Thy Name
Running Free

Pra mim, uma apresentação desse nível vai demorar muito pra se repetir, mas tenho certeza que, daqui a alguns anos, as pessoas com certeza ainda vão falar sobre este show com o mesmo entusiasmo com que o assistiram.