Dia dois de novembro. Finados. Um belo feriado nublado de sexta-feira. Uma ótima oportunidade para um passeio livre e descompromissado pelo centro da boa e velha Paulicéia. Mal sabia eu os momentos que passaria.
Tudo estava correndo bem. Peguei o metrô e fui em direção à estação Anhangabaú para uma volta pelos velhos pontos turísticos de São Paulo, como o Teatro Municipal, a Galeria do Rock, o mosteiro de São Bento, etc. Quando estava perto de lá, porém, comecei a perceber algo estranho. Quer dizer, sempre tem muita coisa estranha no centro de São Paulo, como quem já andou por lá sabe.
Eu já vi gente latindo, mendigo falando inglês fluente e outras bizarrices que eu conto algum outro dia, mas hoje estava um pouquinho mais estranho. Isso porque, além das bizarrices comuns, eu via algumas pessoas um pouco machucadas, pálidas. Bom, mas como eu já estava acostumado com coisas horripilantes após meses acompanhando a campanha eleitoral do José Serra, continuei como se nada tivesse acontecido.
Quando desembarquei na estação Anhangabaú é que tudo mudou. Eu não queria acreditar no que eu estava vendo, mas o dia inevitável para toda a humanidade finalmente tinha chegado. Todos os conhecimentos adquiridos com horas de Resident Evil e Left 4 Dead finalmente iam valer a pena. Era o Dia Z! Holy fuck!
HORA DE MATAR ZUMBIS E MASCAR CHICLETE E EU ESTOU SEM CHICLETE!
Pelas minhas contas, eu ainda tinha mais de um mês para me preparar para o apocalipse zumbi,mas eu estava errado, e eles estavam por todos os lados! Eram feios, nojentos, cuspiam sangue e cantavam pagode, como você pode ver nas primeiras imagens da nossa galeria. Ok, pagode eles não cantavam, pois nem servos do diabo teriam tamanho mal gosto.
Por sorte e graça de Odin, eu estava lá. Pouca gente sabe, mas eu sou graduado em Zumbiologia pela UNIELEVEN, com especialização em pole dance pela FAFEDE (ei, é importante saber dançar para combater zumbis, pergunte ao Michael Jackson!).
Como você pode ver, eu destruí vários zumbis com certa facilidade, usando meus avançados conhecimentos de ataque de oportunidade e dados viciados. Mas eles eram muitos, muitos mesmo, delfonauta. Você não conseguia ver onde terminava aquela horda de seres mortos e sem vida, mas, por sorte, eu não estava sozinho. Vários outros caçadores de zumbis e do sobrenatural estavam lá para me ajudar. Em uma das fotos você pode até mesmo me ver dando uma força para os Caça-Fantasmas. Você sabe, a especialidade deles é outra, e o serviço deles também já é terceirizado. Bill Murray não estava lá porque você lembra que ele não tem uma relação muito amigável com zumbis desde Zumbilândia.
ZUMBIS TAMBÉM TÊM CORAÇÃO. EM DECOMPOSIÇÃO, MAS AINDA ASSIM UM CORAÇÃO
Enquanto continuava minha matança de zumbis, decepando seus membros em decomposição e dilacerando seus miolos mal-cheirosos, aos poucos fui percebendo que, estranhamente, eles não pareciam nem de longe os monstros que eu via nos filmes. Sim, delfonauta, eles pareciam até legais. Eu vi alguns rindo, se divertindo, e outros até bebiam cerveja barata e davam entrevista para a TV Cultura. É claro que, a princípio, achei que era apenas uma tática para me distrair e papar meus miolos, então continuei dando headshots a torto e a direito. Até que não pude mais quando vi aquele bebê fofucho cuti-cuti. É ou não é a coisa mais lindinha desse mundo? E do outro mundo também.
Neste momento, parei então de trucidar suas carnes putrefatas e olhei à minha volta. Eles realmente eram boa gente. E, vou lhe dizer, algumas zumbis me fizeram pensar nas mais estranhas combinações gastronômicas que vocês podem imaginar. Dá uma olhada nas fotos das cocotas para ver se eu não estou falando a verdade.
Eu mesmo não resisti, e me aproximei de uma zumbi, como ficou registrado aqui, para mostrar que o amor pode superar a morte (não viu Ghost, não?). Pena que ela já era noiva.
Continuando minha jornada, vi que na verdade eles estavam lá dando uma lição de vida (ou seria uma lição de morte?), e estavam apenas tentando conquistar seu lugar na sociedade. Vi alguns pegando metrô lotado, comendo pastel, coisas que todo paulistano passa na vida. Ei, Haddad, cadê o bilhete único para os mortos-vivos? Inclusão social, poxa!
Voltei para casa realmente satisfeito, meu feriado de finados nunca foi tão cheio de vida. Ou de morte. Ou de morte-vida. Ah, nem sei mais.
Moral da história:
CURIOSIDADES:
– Momento reversal russa: na Zombie Walk, o zumbi é quem tira foto de você! Sim, uma zumbi pediu para tirar uma foto minha. Você deve estar rindo de mim, pensando “nossa, Frodrigues, você é tão assustador que o zumbi pede pra tirar foto sua na Zombie Walk”. Pois foi o que eu perguntei para ela: “eu sou tão feio assim?”. A resposta foi: “muito pelo contrário”. A continuação do papo eu conto em uma Cafajestada Delfiana.
– Aliás, se você é a pessoa que tirou uma foto minha na Zombie Walk, manifeste-se e me mande a foto para publicarmos como prova!
– Havia mais fotógrafos do que zumbis lá. E um deles era anão!
– Você sabe a semelhança entre a Parada Gay e a Zombie Walk? É que todo mundo que está nas duas já foi enterrado! Há! Glu, glu, ié ié!
– Se quiser ver mais fotos da Zombie Walk, visite a página do nosso amigo fotógrafo Johannes Sato!