Amanhã chegará às lojas o pacote Bayonetta & Vanquish 10th Anniversary Bundle. São os dois jogos que colocaram a Platinum Games no mapa, e ambos estão entre os melhores de seus gêneros. Eu já estou com a coletânea há algumas semanas, e resolvi jogá-los novamente e criar novos textos da nossa série “…De cabeça fria” para cada um. Hoje falaremos de Vanquish. Mas antes, leia nossas análises feitas perto do lançamento.
VANQUISH: UM DOS MELHORES JOGOS DE TIRO
Eu gosto muito de Vanquish. A imensa diversão que ele proporciona, somado a sua curta duração, fez com que fosse um dos jogos que joguei mais vezes na geração passada. Assim, eu me lembrava bem de sua campanha. O que eu sinceramente não me lembrava é de quão divertido os videogames podem ser.
Se você acompanha meus textos, com certeza já sabe como estou de saco cheio com os jogos da geração atual e seus RPGs de mundo aberto e clones de Dark Souls. Ao mesmo tempo, nesta geração eu passei a jogar muitos games, mas a imensa maioria a trabalho. Desnecessário dizer que muitas das coisas que jogo hoje são obras que passaria longe antes.
Então some a ausência de jogos de gêneros que eu realmente curto, ao fato de que eu ando jogando coisas que nunca gostei muito, e você entenderá que games para mim andam muito mais “trabalho” do que “diversão”. Entra este relançamento de Vanquish. Não só é um representante de um gênero que adoro (um jogo de tiro com as características de um testosterona total), mas é um dos melhores DA HISTÓRIA. Assim, jogá-lo hoje, em 2020, me fez lembrar porque eu me apaixonei pelos videogames, e porque considero esta uma das mídias mais ricas que existem. E isso é algo que nenhum jogo nesta geração, com a possível exceção de Ryse, conseguiu fazer.
DEIXANDO GEARS OF WAR NO CHINELO
Quando saiu, era comum vermos comparações de Vanquish com Gears of War. São dois cover shooters em terceira pessoa, afinal. Mas as diferenças param por aí. Perto de Gears, Vanquish é muito mais absurdo e bem humorado. Para fazer uma comparação com filmes de ação, Gears é um longa do Stallone, enquanto Vanquish é do Schwarzenegger. Ou seja, um é mais realista, enquanto o outro assume seu lado fanfarrão e exagerado em nome do espetáculo.
Tudo em Vanquish explode. O cenário constantemente desaba. Há robôs gigantes. E seu protagonista e um dos coadjuvantes são tão ridiculamente machões que arrancam gargalhadas. A história não é grande coisa, mas o roteiro é cheio de piadinhas e exageros que tornam tudo simplesmente hilário.
A diferença fica ainda mais ressaltada se você comparar Vanquish, hoje, com o mundo aberto entediante de Gears 5. É um verdadeiro argumento contra continuações. Na tentativa de se revitalizar, Gears of War perdeu o que o deixava especial. Vanquish, parado no tempo, continua merecedor do título de um dos melhores jogos de ação da história.
E isso porque ainda não falei do combate.
TIROTEIO ESTILOSO
Na época em que Vanquish saiu, havia muitos jogos de tiro. Porém, é bem claro o quanto ele investiu em se diferenciar. Se Gears of War e seus congêneres se limitavam a entrar em uma cobertura, mirar e atirar, Vanquish recompensa pintudice.
Você pode ativar câmera lenta manualmente a qualquer momento, o que possibilita tiroteios altamente cinematográficos. Mas um toque de gênio é que ela é ativada automaticamente quando você está perto da morte. Isso possibilita que você saia correndo na direção dos meliantes, eles atacam, o bullet time é ativado, e então você revida, matando todos eles em uma aparente invulnerabilidade temporária. E ainda rola uma conquista pelos seus esforços.
Jogos de tiro baseados em cobertura privilegiam um gameplay cuidadoso, do tipo “atire um pouquinho e se esconda”. Vanquish também pode ser jogado assim, mas é muito mais divertido ser agressivo, e agir como um verdadeiro herói de ação pintudo e invencível.
Não que o jogo seja fácil. Na verdade, admito que me surpreendi com quantas vezes eu morri jogando na dificuldade normal. E isso me leva ao que talvez seja o único defeito que realmente me incomodou nesta rejogada de 2020.
UPGRADES
Tem um sistema muito legal de upgrades de armas. Quando você pega uma arma que já está com munição cheia, ela recebe um ponto de upgrade. A cada três pontos, sobe de nível, aumentando seu dano ou munição.
O que incomoda é que, quando você morre, todas as armas e granadas que estiver carregando perdem um ponto. Isso fez com que eu começasse a preferir voltar para a tela título e recarregar o save, ao invés de simplesmente reiniciar o checkpoint.
Já seria consideravelmente menos pior se pelo menos os níveis fossem permanentes. Vá lá, você perde um ponto quando morre, mas os upgrades já completados ficam seguros. Não é o caso, no entanto. Uma arma que está no nível máximo pode cair vários níveis se você morrer muitas vezes próximas sem recuperar os upgrades.
EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO
Uma coisa curiosa deste relançamento, e que não foi divulgado pela Sega até onde sei, é que há três novas armas. E elas normalmente aparecem juntas em alguns pontos da campanha.
São elas: uma nova metralhadora, que não se diferencia tanto das outras. Uma pistolinha poderosa claramente inspirada pelos canhões de mão do Destiny. E a mais criativa, uma canhão laser que não usa munição, mas a sua barra de energia. Isso o torna uma arma bem estratégica, já que se você atirar por muito tempo, sua roupa vai superaquecer e você fica sem bullet time até recarregar.
O que foi divulgado pela Sega é que esta nova versão (e isso também se aplica a Bayonetta), roda em 4K e a 60 FPS no Xbox One X. Pela primeira vez, calhou de eu já ter o Vanquish de Xbox 360 instalado no meu Xbox One. Então eu o rodei para comparar o visual.
Cá entre nós, não faz muita diferença. A versão nova é claramente mais nítida. A anterior tem um visual mais embaçado. A movimentação também é diferente, com o novo lançamento sendo bem suave, enquanto o anterior tem alguns solavancos.
Vanquish nunca foi um jogo especialmente bonito. Inclusive, eu diria que se ele fosse feito hoje, para consoles atuais, provavelmente não seria muito diferente visualmente.
Porém, apesar de não ser tão bonito como um todo, ele tem um tremendo apelo visual graças à enorme quantidade de explosões, partículas e outros efeitos que sem dúvida farão você soltar vários hell, yeah. Então, não é – e nunca foi – algo tecnicamente muito avançado, mas nem por causa disso deixa de ser um espetáculo visual.
DURAÇÃO
Vanquish é um jogo curto, e eu sei que muita gente pode dizer que não vale a pena investir nele por causa disso. Eu digo para você não pensar assim, no entanto. Ele de fato é curto (confira abaixo as minhas estatísticas de conclusão da campanha), mas é ridiculamente intenso e absurdamente divertido.
Sua campanha pode durar apenas seis horas, mas são seis horas que trazem o máximo de diversão que você pode ter com um controle nas mãos. Vanquish é provavelmente o melhor jogo de tiro já feito, e um dos mais divertidos da história.
O pacote Vanquish e Bayonetta está sendo vendido a 150 reais e, dada a qualidade de ambos os jogos, eu diria que é uma pechincha. Dá para comprar separadamente também, se apenas um deles te interessar. Porém, se você gosta de ação descompromissada, estilosa e divertida, não dá para encontrar nada melhor do que esta dupla. E mantenha-se delfonado para um Bayonetta de cabeça fria sendo publicado ainda esta semana.
CURIOSIDADE:
Vanquish foi dirigido por Shinji Mikami, que fez fama com a Capcom e Resident Evil e que posteriormente dirigiria o também legal, mas bem menos pintudo The Evil Within 1.
A série “… de cabeça fria” envolve voltarmos a vivenciar algo antigo e que às vezes até já resenhamos aqui no DELFOS com a cabeça fria e com nossas experiências atuais. Se você gostou, mostre pra gente fazendo comentários e compartilhando, pois nos esforçaremos para fazer muitas outras.
MAIS DA SÉRIE “… DE CABEÇA FRIA”:
- God of War de cabeça fria
- The Turn of the Lights de cabeça fria
- Dead Space de cabeça fria
- Devil May Cry de cabeça fria
- Castlevania: Lords of Shadow de cabeça fria
