Vamos Falar de Sexo

0

A essa altura o delfonauta deve estar meio confuso com a chamada de capa que dizia que esta é a primeira parte de uma trilogia de Pensamentos Delfianos sobre sexo. É o seguinte: já há algum tempo, venho querendo discutir alguns assuntos na minha coluna. Recentemente, percebi que três deles estavam, de alguma forma, relacionados ao sexo. O que fazer? Juntar tudo em uma só edição da coluna não seria legal, já que são três temas diferentes. Seria mais viável publicar separadamente, alternando com outros temas e eliminando assim toda a conexão. Mas isso não seria uma boa estratégia de marketing. Logo, aproveitando a moda por trilogias, resolvi fazer uma trilogia de “Pensamentos Sexuais Delfianos” e publicá-las seguidas, uma a cada duas semanas. E esta que você está lendo é a primeira parte dessa ambiciosa trilogia, onde quero falar sobre algumas teorias minhas sobre a diferença do desejo sexual entre os gêneros e caindo, inevitavelmente, no lamacento terreno das traições. Mas vamos por partes.

As “mina” (pou) vivem falando como homens são todos iguais, só pensam em sexo, não são fiéis e por aí vai. Normalmente os caras se dividem em duas correntes: aqueles que negam isso, que costumam ser os mais românticos, e aqueles que assumem e se orgulham disso (comumente chamados pelas garotas de cafajestes). A minha opinião é de que é, sim, mais difícil para o homem (generalizando, pois, no final das contas, não somos todos iguais) ser fiel. E nas próximas linhas vou explicar meu ponto de vista sobre o assunto.

No filme Antes do Amanhecer (que, aliás, é um dos mais românticos que já assisti), eles chegam a entrar no assunto. O cara diz que pode ser algo biológico e dá o exemplo de que, se numa ilha existirem 99 mulheres e um homem, em um ano existe a possibilidade de 99 crianças, mas se for o contrário, poderá existir apenas um novo nenê no mesmo período.

Eu acho que essa é uma boa analogia. Biologicamente, os machos realmente devem ter uma tendência maior em espalhar a semente, em atirar para todas as direções e ver onde acerta. Já as fêmeas, considerando que ficam com o pãozinho no forno por meses, tendem a escolher melhor os candidatos para “incubá-la”, garantindo assim que a semente seja sempre da melhor qualidade. E isso se espalha por toda a natureza. Mas tem um ponto relacionado a isso onde os seres humanos se separam de todo o resto do reino animal (ou pelo menos nunca encontrei nenhum exemplo do contrário). E não me refiro ao fato de fazermos sexo por prazer.

Em toda a natureza, o gênero que tem o maior desejo sexual é o macho (provavelmente por causa dos motivos explanados acima). Mas no reino animal, eles também são os que têm as ferramentas da sedução. O leão tem a juba, o pavão tem a cauda e por aí vai. Em praticamente todos os bichos, os machos são sempre mais bonitos que as fêmeas. E usam isso para atiçar o desejo “escondido” delas e assim satisfazer o deles. Mas na raça humana não.

Nesse maldito grupo de animais do qual fazemos parte, as fêmeas são as mais bonitas. Elas que têm as curvas, os seios, a sensualidade. E nós, pobres coitados indefesos, temos o desejo sexual mais forte. E isso nos deixa completamente desarmados, pois somos constantemente bombardeados por mulheres lindas, gostosas, sensuais e com pouca roupa (tanto na TV quanto na rua), atiçando ainda mais o nosso já naturalmente forte desejo enquanto não podemos fazer nada a respeito, já que elas, por algum motivo bizarro (e contrariando todos os outros bichos da natureza), não usam essas roupas mínimas ou agem dessa forma para nos seduzir (aposto que se o pavão abrisse a cauda na frente da pavoa e ficasse desfilando na frente dela para depois sair correndo – ou processa-la por assédio sexual – ela ensinaria uma boa lição pra ele). Dessa forma, os homens ficam eternamente frustrados, com um desejo maior do que podem realizar.

E não sou só eu ou os caras heterossexuais no geral que acham as mulheres mais bonitas que os homens. Aposto que todo cara que está lendo isso já viu pelo menos uma garota falando como homens são visualmente estranhos, todos retos e com um negócio pendurado no meio das pernas. É engraçado, mas a impressão que eu tenho é que a maior parte do visual masculino realmente não apetece as garotas. O que elas realmente procuram em homens são outras coisas, como inteligência, status, romantismo ou até mesmo coisas mais físicas como olhos ou cabelos bonitos (características que, aliás, têm poucas diferenças entre o homem e a mulher). E daí os homens, desesperados por um pouco de atenção feminina, formam bandas de Rock, viram atores de cinema, criam sites nerds de entretenimento ou tentam ficar ricos de outra forma. É tudo por vocês, garotas! 🙂

A maior parte dos caras, inclusive, não entende isso. Tendem a achar que as mulheres encaram o desejo da mesma forma que a gente. Por isso que alguns trogloditas saem chamando as mulheres que passam aleatoriamente na rua de “gostosa” e coisas do tipo. Como os homens adoram quando recebem algum tipo de atenção “sexual” feminina, acham que as garotas vão sentir a mesma coisa. Santa ignorância, Batman!

Por outro lado, as minas também não entendem o nosso lado. Não é exatamente que só pensamos nisso, mas é que vivemos num estado eterno de privação, como expliquei acima. De “você pode ver, mas não pode tocar”. E isso aflige todos nós, mesmo os que têm uma vida sexual ativa, pois você nunca consegue realizar todos seus desejos. Mesmo que o amigo delfonauta seja um Don Juan, sempre vai ter uma gostosa inalcançável na TV. E vocês, mulheres, simplesmente não facilitam a nossa vida sendo tão bonitas (e convenhamos, mulher é algo lindo, acho que ninguém nega isso) e desfilando na nossa frente com seus modelitos mínimos. E assim realmente tendemos a ficar com qualquer garota que achemos remotamente atraente.

Em um episódio do That 70’s Show, a Donna fica com ciúmes das revistas de mulher pelada do seu namorado. Aí um dos amigos dele fala que, se ele estivesse namorando a garota da revista, ele provavelmente ia querer ver fotos da própria Donna pelada. Isso é simplesmente a natureza masculina, não tem muito a ser feito quanto a isso. Por exemplo, TODO homem gosta de filme pornô e se seu namorado nega que tem uma extensa coleção de entretenimento adulto, ele simplesmente não está sendo honesto com você – e provavelmente por medo de você ter uma atitude irracional a respeito.

Assim, cada um dos lados “joga” tentando exigir as mesmas regras do outro time, mas o que devíamos perceber é que somos todos diferentes (se cada cara já pensa de forma diferente dos outros, imagina quão diferente isso será em comparação a uma garota). O que precisamos fazer é aprender a conviver com essas diferenças e, por que não, até se orgulhar delas.

Isso nos traz, finalmente, ao assunto da traição. Os homens traem mais do que as mulheres? Não tenho dados estatísticos e nem é o objetivo desse texto, mas eu diria que a taxa de homens comprometidos que fazem sexo casual com outras garotas é, sim, maior do que a de mulheres (repare que não usei a palavra traição e você logo entenderá o porquê). E justamente pelos motivos explicados acima. E vou até usar uma metáfora que pode ser entendida facilmente por pessoas de qualquer um dos sexos.

Imagine-se fazendo um regime, onde você come sempre as mesmas coisas. Essas coisas podem até ser gostosas. Por exemplo, façamos de conta que, nesse regime, você só pode comer pizzas. E você adora pizzas. Mas daí um dia alguém começa a esfregar sorvete na sua cara, praticamente obrigando você a comer o “creminho gostoso”, como diriam os Teletubbies. E você, que passou a sua vida toda podendo olhar para sorvetes de vários sabores sem poder comer, não consegue resistir à tentação de levar o sorvete pra cama. Ahn… acho que não estamos mais falando de comida, mas acredito que você conseguiu entender minha metáfora.

Trazendo para o mundo real, considerando que os homens desde a adolescência vivem nessa dolorosa privação sexual, é muito difícil para nós resistir caso uma mulher bonita dê mole pra gente. Por mais que a gente esteja comprometido com uma garota que amemos de todo o coração. E isso não significa que deixamos de amá-la. A mulher em questão, a “outra”, emocionalmente significou tanto quanto o sorvete do parágrafo anterior. É pura e simplesmente prazer físico. E pode inclusive vir com uma sensação de culpa ainda mais pesada do que a de um regime quebrado. Mas simplesmente somos fracos demais pra evitar isso. E, acredite, normalmente a gente tenta. Tenta mesmo.

Por outro lado, e agora você vai entender porque não usei a palavra traição três parágrafos atrás, as mulheres em geral, pelo que venho constatando, não sentem vontade de chifrar alguém que amam simplesmente porque acharam algum outro cara gostoso. Ou, se sentem, pelo menos são muito mais fortes para resistir a essa atração física do que nós (novamente pelos motivos biológicos já abordados). Para uma mulher ficar com outra pessoa enquanto está comprometida, ela deve estar passando por dificuldades no namoro ou acreditar ter encontrado uma “semente melhor” (para manter tudo no reino animal) do que a que já possui. Por isso, acredito que os homens chifram mais as namoradas, mas que as mulheres TRAEM mais seus companheiros.

Tenho amigos comprometidos que já ficaram com outras mulheres, mas eu nunca conheci nenhum deles que traísse no coração, que realmente tenha considerado trocar a titular pela “outra”. No geral, esses caras simplesmente aproveitam o momento e esquecem a guria já no dia seguinte. Já as mulheres que conheço que traíram o namorado REALMENTE traíram o namorado. Elas foram levando os dois enquanto dava mas, eventualmente, acabaram dando um upgrade transformando o “outro” em titular e chutando a bunda do ex-titular. E, em minha opinião, isso é muito mais grave, pois se os caras realmente amam suas minas, elas podem estar completamente seguras de que o coração dele é dela e apenas dela. Já os caras não podem ter essa segurança.

Em outras palavras, a minha opinião é que a possibilidade de uma mina levar chifres é maior, porém, entretanto, contudo, todavia, se uma garota chifrar um cara, não estará chifrando-o apenas fisicamente, mas também sentimentalmente. E isso provavelmente dói bem mais (felizmente, que eu saiba, ainda não tive essa experiência).

Claro que para escrever esse tipo de texto, um certo grau de generalização se faz necessária. Pode existir algum cara que seja meio assexuado e não se sinta afetado pela beleza e sensualidade feminina, assim como com certeza existem garotas que traem por prazer e atração física e que, mesmo assim, continuam amando seus namorados. Como disse antes, cada pessoa é diferente e aqui tentei só expressar uma opinião sobre a maioria – que pode ou não incluir você.

Agora que ninguém venha interpretar esse texto como uma apologia à traição masculina. A minha idéia de um relacionamento saudável e duradouro é que a honestidade esteja acima de tudo. Você pode até concordar com tudo o que está escrito aqui, mas sair ficando com um monte de meninas enquanto a sua namorada espera em casa definitivamente não é algo legal. É simplesmente mais honesto abrir o jogo com ela, tentando mostrar os fatos racionalmente. O problema é que nos assuntos do amor, as pessoas nunca agem de forma racional. Por outro lado, se você é uma delfonauta feminina e, caso aconteça de o seu namorado ficar com outra garota, pense bem no que vocês têm juntos. Talvez não valha a pena dar mais importância a isso do que realmente teve já que, a maior possibilidade é que a tal mina com quem ele ficou não significou mais para ele do que uma pizza ou uma taça de sorvete e simplesmente não valha a pena acabar um grande amor por causa disso.

De qualquer forma, um péssimo relacionamento é aquele onde as pessoas agem pelas costas um do outro ou que ficam negando oportunidades por pura pressão da sociedade e, com isso, vivem eternamente frustrados e infelizes. E essa frustração pode inclusive gerar casos de violência no futuro, o que é bem pior. Por isso, cabe a você e à sua (seu) namorada (o) conversarem e chegarem num ponto comum onde os dois estejam satisfeitos com as “regras” da relação e assim evitando que, daqui a 50 anos, ambos fiquem pensando “como teria sido se…”. O mais importante é que esse diálogo seja feito com respeito (à opinião e ao sentimento alheio), com carinho e, principalmente, com muito amor. E com um objetivo em comum: a felicidade mútua.

E até daqui a duas semanas, com a segunda parte da trilogia, onde vamos discutir o aborto (Hum… polêmicas à vista!).

PS: O cartum aí do lado eu peguei na internet e não consegui descobrir o autor. De qualquer forma, a assinatura do cara está lá no desenho. Se você souber de quem é, por favor me avise para eu creditá-lo, já que não é minha intenção desrespeitar a propriedade intelectual de ninguém. Só escolhi essa imagem por ela ser bonitinha, engraçada e estar relacionada com o tema do texto de uma forma leve e divertida. =)

Galeria