Antes de qualquer coisa, vale notar que temos aqui mais um filme da extensa família “de Mestre”, outra das denominações favoritas do pessoal que traduz os títulos em nosso país, ao lado dos sempre populares “da Pesada” e “do Barulho”. Então não vá confundir este Toque de Mestre com Truque de Mestre, a película dos mágicos gatunos, como aconteceu comigo. Pô, convenhamos, os nomes são bem parecidos…
Já as temáticas, no entanto, são totalmente diferentes. Neste temos o Frodo, que, após destruir o um anel nas chamas da Montanha da Perdição, resolveu virar pianista clássico. Mas o hobbit sofreu um colapso nervoso durante uma apresentação e passou cinco anos longe dos palcos.
Eis que justamente no concerto que marca sua volta aos holofotes, como se isso já não causasse tensão suficiente, ele encontra no meio da partitura simpáticos recadinhos que dizem que se ele errar uma nota sequer ele será morto. E se tentar pedir socorro, sua esposa, que está na plateia, será devidamente apresuntada.
Claro, grande parte da graça do filme está em saber a causa, motivo, razão ou circunstância pela qual estão fazendo isso com o Sr. Bolseiro. E em ver como ele vai sair dessa enrascada, sem dúvida com algum toque de mestre (insira aqui mentalmente uma virada de bateria)! A partir deste ponto você tem duas opções, dependendo da sua filosofia de vida.
Ou você leva tudo a sério e o filme se transforma numa grande porcaria tão sem sentido quanto um ornitorrinco, ou você desliga o cérebro e leva numa boa a trama mirabolante e exagerada, e que ainda assim não faz qualquer sentido, como as minhas aulas de física no ensino médio… Bem, eu optei pela segunda opção e assim até que funciona a contento.
É um thriller eficiente, daqueles que se passam quase todo num só ambiente (no caso, o teatro onde está rolando a apresentação), com uma direção visualmente estilosa, combinada a uma bonita cenografia. E também passa rapidinho, então ao menos não perde tempo enrolando com coisas supérfluas, como uma trama que possua um mínimo de lógica, por exemplo.
Se você assumir a verve trash involuntária da produção, ela funciona direitinho, e aí a coisa já se torna recomendável. Normalmente este é o tipo de filme que eu indico para assistir em casa e não no cinema. Mas a trilha sonora, com as peças que o pianista e a orquestra tocam no concerto, é tão legal que vale a pena ser ouvida no potente sistema de som de uma sala de exibição.
CURIOSIDADE:
– Ao assistir a este filme, rolou um momento de pura nostalgia da infância, graças à presença do ator Alex Winter, ninguém menos que o excelentíssimo Bill S. Preston de Bill & Ted. Acho que eu não via esse cara desde o segundo filme da dupla, Bill e Ted – Dois Loucos no Tempo, do já jurássico ano de 1991!