Top 5: Os melhores filmes de 2006

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Introdução por Carlos Eduardo Corrales.

Chegou o momento mais esperado do ano pelos delfonautas! O momento em que os delfianos elegem os melhores filmes do ano que passou (Quê? Você acha que eu estou exagerando na nossa importância? Hum…). As regras são as mesmas do ano passado, ou seja, são elegíveis todos os filmes que estrearam nos cinemas tupiniquins em 2006 ou então que pularam o cinema e foram lançados direto em DVD por aqui no ano em questão. Fizemos apenas uma pequena mudança: filmes que passaram em mostras e festivais e que ainda não estrearam comercialmente também são elegíveis, desde que não tenham previsão de estréia por aqui. E lembre-se, nenhum de nós assistiu a TODOS os filmes do ano, então o Top 5 é baseado no que cada um assistiu. Então, sem mais delongas, confira abaixo o Top 5 do barulho de toda a turminha muito louca do DELFOS (alguém mais se diverte com os comerciais da Sessão da Tarde?). E não se esqueça de deixar o seu no espaço para comentários ou na comunidade do site no Orkut.

Guilherme Viana chegou à conclusão de que devia ter ido mais ao cinema em 2006, e jurou para si mesmo que isso não acontecerá em 2007.

5 – O Código DaVinci, quer dizer, o comercial do Twix (Comercial do Twix – Brasil – 2005)

Esqueça O Código DaVinci do título, pois ele é muito chato. Antes do fime, porém, rolou o comercial do Twix (que, a estas alturas, todo mundo já viu – aquele do cara que só fala “caramelo”). Bem, foi a primeira vez que vi o dito cujo, e eu ri muito, muito mesmo. Achei genial, e fez valer meu ingresso para o filme. Sério, eu realmente estou dando a quinta posição para o comercial do Twix.

4 – X-Men: O Confronto Final (X-Men: The Last Stand – EUA – 2006)

Tá, não é tão legal quanto o segundo, e acho que essa é uma opinião unânime, mas eu gosto de avaliar as coisas como elas são, não por comparação. A história deste X-Men é legal, embora o filme tenha sido um pouco curto para tanta informação. Ah, e o diretor ganha pontos por ter sido colhudo o suficiente para matar vários personagens importantes. Não é qualquer um que tem essa moral. Como infelizmente assisti a pouquíssimos filmes neste ano, acho que este lugar não seria de X-Men caso tivesse visto O Abismo do Medo, por exemplo. Mas como não vi, taí.

3 – Terror em Silent Hill (Silent Hill – EUA – 2006)

Sinceramente, sei lá se eu considero esse filme a melhor adaptação de jogos para o cinema. Por alguma razão, ainda gosto muito do remake de Operação: Dragão, quer dizer, o primeiro Mortal Kombat, a única coisa que o maledeto do Paul W. S. Anderson já fez de bom na vida. Enfim, Silent Hill é um filme de terror com boa história, e tem até umas cenas violentas meio inesperadas (coisa boa, na minha sádica opinião). Peca um pouco pelas CGs tosquinhas, mas vale a pena assim mesmo.

2 – Miami Vice (Miami Vice – EUA – 2006)

Um filme de ação bem legal, roteiro bacana (não, Corrales, não quero usar o adjetivo “tremendão”, pois ele me lembra o Roberto Carlos, e isso não é exatamente uma boa lembrança) e cheio de estilo. Gostei bastante dos ângulos de câmera e da coreografia das cenas de ação. Ah, e o som merece destaque: embora a trilha sonora seja boba (por que é que os responsáveis pelas trilhas sempre acham que New Metal é sinônimo de coisa descolada e cheia?), os efeitos sonoros (especialmente os tiros) estavam excelentes.

1 – Xeque-Mate (Lucky Number Slevin – EUA – 2006)

Acho que eu sou o único cara do DELFOS que nunca estudou nada relacionado a cinema ou artes em geral, então minhas avaliações são broncas e sem cultura. Afinal de contas, eu sou um cara que gosta de ação servida em roteiros legais. Mas, se não rolar o roteiro legal, é só lembrar de colocar uns dois helicópteros extras explodindo durante o filme que também está valendo. Aqui neste caso não foi necessário: roteiro inteligentíssimo sem parecer pretensioso, atuações sérias e canastronas ao mesmo tempo e, o melhor, senso de humor sutil e cínico. Aliás, esse é basicamente, o meu tipo de senso de humor.

Menção Horrorosa – o pior do ano: Final Fantasy VII: Advent Children (Final Fantasy VII: Advent Children – Japão – 2006)

Um grande, enorme e gigantesco desperdício de dinheiro por parte da “Squenix” (pô, tem gente passando fome no mundo, caras) e de tempo por parte de quem assiste (afinal de contas, eu poderia ter assistido a Conan, O Bárbaro de novo nesse tempo). Já falei demais sobre esta bomba. Tá aqui minha opinião.

Bruno Sanchez foi mais ao cinema em 2006 e pôde conferir alguns ótimos exemplares, mas também teve uma Super decepção.

5 – Happy Feet: o Pinguim (Happy Feet – EUA – 2006)

Nunca pensei que uma animação (ou seja lá o nome que você quer considerar para esse tipo de filme com gráficos computadorizados) fosse entrar na minha lista dos preferidos algum dia, mas Happy Feet me conquistou. A história do pingüim dançarino – apesar de usar e abusar de muitos clichês – é envolvente e muito bem contada e isso porque ainda nem comecei a falar da qualidade técnica impecável, as cenas que misturam CGs com seres humanos reais são perfeitas. Não tem como não torcer para um personagem tão puro e bonzinho como Mano. Imperdível, tanto para as crianças que se prendem na inocência dos personagens quanto para os adultos pela complexidade da trama em si e das várias interpretações que podemos dar a ela.

4 – Viagem Maldita (The Hills Have Eyes – EUA – 2006)

Mais uma surpresa na minha lista. Também nunca imaginei que um filme de terror entraria em um Top 5 meu, ainda mais um filme com tanto sangue, gênero que geralmente só consegue me tirar risadas e já não me assusta de verdade, desde, deixe eu me lembrar… Poltergeist, acho. Mas com Viagem Maldita foi diferente. Eu já conhecia e gostava da versão original dos anos 70, mas acho que sou uma das únicas almas vivas que achou a refilmagem ainda melhor, especialmente pelo ótimo trabalho dos novos atores que, cá entre nós, eram bem capengas no filme de 30 anos atrás. O destaque absoluto vai para a atuação de Aaron Stanford, o Pyro da cinessérie X-Men e irreconhecível como o bom moço Doug. Para quem gostava da violência do original, esse aqui consegue ser ainda mais chocante e realista. É difícil não sair do cinema com um gosto amargo na boca após duas horas de reviravoltas e muito medo e isso valeu a conquista do 4º lugar.

3 – Capote (Capote – EUA – 2006)

Outro filmaço de 2006, uma pena que poucos vão concordar. A história nos conta um pouco da trajetória do jornalista e escritor, Truman Capote e como foi sua inspiração para escrever o best-seller A Sangue Frio a partir de um assassinado sem sentido de uma família estadunidense. É outro exemplo clássico de como a sétima arte pode ser perturbadora ao explorar a verdade por trás dos seres humanos. Philip Seymour Hoffman rouba a cena com sua interpretação firme, prova de que, para ser um grande ator não basta apenas um rostinho bonito, precisa também de muito talento e dedicação porque o cara se tornou uma cópia do Truman original, incluindo os trejeitos afeminados. Apesar de longo e não recomendado para os mais ansiosos, Capote não chega a ponto de se tornar chato, pelo contrário, pois quando a história principal (do livro), dá uma esfriada, os roteiristas incluem passagens curiosas da vida do escritor ou mesmo flashbacks sobre o crime que ajudam a complementar a experiência.

2 – V de Vingança (V for Vendetta – Reino Unido/EUA/Alemanha – 2005)

Verdade seja dita, quando anunciaram que os irmãos Wachowski seriam os responsáveis pela adaptação de uma das melhores HQs de todos os tempos, aposto que você torceu o nariz. Pois é, eu também. E que surpresa agradável foi perceber que os irmãos bizarros sabem sim adaptar uma boa história. V de Vingança realiza o desejo de todo humano idealista: mudar o mundo. Quem é que não queria ser um V da vida, colocar sua máscara e resolver com as próprias mãos os problemas de corrupção e bandalheira? Ainda mais aqui no nosso querido Brasil. O gibi original já trazia uma excelente história e as adaptações realizadas no roteiro apenas atualizaram alguns pequenos pontos chave para que não soassem datados. Viva a revolução!

1 – Os Infiltrados (The Departed – EUA – 2006)

Ah, o saudoso Martin Scorsese! Depois de alguns filmes razoáveis, como Gangues de Nova York e O Aviador, o cara mostra porque ainda pode ser considerado um dos maiores diretores de todos os tempos. Os Infiltrados não é apenas o melhor filme do ano, como também um dos melhores filmes que já vi na vida: história inteligente, ação na dose certa, um elenco impecável, tudo, simplesmente tudo que eu procuro quando saio da minha casinha para ver alguma película. Minha torcida para que Jack Nicholson fature mais um Oscar para sua coleção já começou. Até o Mark Whalberg chama a atenção e isso não é pouco.

Menção Horrorosa – o pior do ano: Superman – O Retorno (Superman Returns – EUA – 2006)

Ok, talvez este não tenha sido o pior filme do ano, especialmente se contarmos as Xuxas da vida, mas como eu não pago meu ingresso para assistir a porcarias, no mínimo esperava uma obra decente, com bons efeitos especiais, cenas memoráveis de ação e uma trama inteligente. Fãs xiitas, parem de ler este texto agora, mas o novo filme do Azulão é uma bomba atômica. Que ridículo o plano de Lex Luthor (o craque Kevin Spacey, que não parecia à vontade no papel) para dominar o mundo, típico dos filmes meia boca ou daquela série do Batman dos anos 60! E os novos rostos? Brandon Routh foi escolhido por ser talentoso ou por ser parecido com Christopher Reeve? E a Lois Lane com cara de 15 aninhos? E os efeitos especiais? Tudo bem, a cena do avião é legalzinha, mas e aquele boneco de cera olhando a família de Lois Lane pela janela? E os furos patéticos do roteiro? Deus, são tantos problemas que fica difícil falar aqui. Meu caro Bryan Singer, volte para a franquia dos mutantes que você ganha mais.

Não há nada de engraçado na lista do Rezek, pois, segundo ele, o ano passado teve as piores comédias dos últimos tempos. Porém, misturando a loucura da matemática com a difícil escolha entre dois amores, alguns membros humanos recém-decepados, uma ninfa que vive dentro de uma piscina e um pouco de Kryptonita, ele escreveu sua receita cinematográfica de 2006 e demonstrou que não tem a menor capacidade de escrever uma chamada concisa.

5 – A Prova (Proof – EUA – 2006)

Confesso que hesitei um bocado em colocar este filme aqui, mas não tive como deixá-lo de fora e eis os três motivos pessoais de minha escolha. Primeiro: gosto de histórias dramáticas que retratam a vida de pessoas comuns e A Prova, apesar de não ter a grandiosidade de um filme como Magnólia, se tornou uma das maiores surpresas do ano, pois, quando comecei a vê-lo, respirei fundo para tomar coragem, esperando uma bomba. Segundo: adoro filmes tristes que tenham um protagonista à beira de um ataque de nervos, que chora e esperneia o tempo todo, desde que os motivos para tal comportamento sejam devidamente explicados ao longo da história. Terceiro: é este o filme pelo qual Gwyneth Paltrow deveria ter ganhado a estatueta do careca de ouro e não aquela injeção de água com açúcar na veia chamada Shakespeare Apaixonado.

4 – A Dama na Água (Lady in the Water – EUA – 2006)

A Dama na Água foi o filme que me trouxe de volta a esperança de ver bons trabalhos do diretor indiano M. Night Shyamalan. Toda aquela expectativa que eu criei pelo diretor depois do ótimo suspense O Sexto Sentido havia sido abalada com Corpo Fechado, por este ter ficado soturno e dramático demais para uma história de super-heróis. Com Sinais, minha admiração pela atuação de Mel Gibson cresceu muito, mas pela direção do nosso querido Mister M, continuou na mesma. Essa admiração foi completamente frustrada com A Vila. Felizmente, o diretor conseguiu acertar em cheio em A Dama na Água. Contando uma fábula infanto-juvenil de forma a ganhar a credibilidade do espectador adulto, ele manteve seu estilo de filmar sem repetir os erros do passado e, com isso, fez um dos cinco melhores filmes do ano.

3 – O Albergue (Hostel – EUA – 2006)

Não foi pela chocante cena do olho, nem pela quantidade de mulheres gostosas peladonas em cena, muito menos pelos atores desconhecidos. A verdade é que O Albergue penetra pelo lado mais sombrio da Europa Oriental e dos sentimentos humanos, mostrando que o sadismo pode surgir de qualquer pessoa. Seja do rico, entediado com sua vida sem emoção ou do torturado, quando surge a oportunidade da vingança, a crueldade faz parte do dia a dia de todos nós. É uma história bem contada em um longa-metragem bastante assustador e, por isso, já está programada para o verão de 2007 a estréia da “Parte 2” nos cinemas estadunidenses, com mulheres como protagonistas. Se o aterrorizante O Exorcismo de Emily Rose me fez ficar com medo de acordar no meio da noite, por volta das três da manhã, posso afirmar que O Albergue me fez temer várias outras coisas. E uma delas é a Eslováquia. Não piso lá nem que o Corrales receba milhares de convites para um hotel de luxo e queira promover um encontro de delfonautas e delfianos em terras estrangeiras. Se isso acontecer, façam bom proveito porque eu tô fora!

2 – Superman – O Retorno (Superman Returns – EUA/ Austrália – 2006)

Assim como aconteceu com o quinto colocado deste meu ranking, tinha pouquíssima expectativa com este filme e por muito pouco não esperei o lançamento em DVD. Quando subiram os créditos finais e as luzes da sala se acenderam, entretanto, eu estava até com os olhos lacrimejantes de tamanha surpresa. Não apostava em Brandon Routh no papel principal e sua atuação provou que eu estava errado. Pensava que a inclusão de alguns elementos na história fosse estragá-la completamente e, ao final, gostei muito do roteiro e desses novos elementos. O “retorno do azulão” , como disse o Cyrino, foi de fato, memorável e, exatamente por isso, ele merece a segunda posição (afinal eu não seria eu mesmo se não desse o primeiro lugar para um filme de amor).

1 – Garota da Vitrine (Shopgirl – EUA / Reino Unido / Suíça – 2006)

De uns dias para cá, cheguei à conclusão de que este filme é uma pequena “obra-prima” sobre o tema de que trata: a difícil escolha de uma pessoa, quando dividida entre dois amores. Não sei se todo mundo já passou por uma experiência como esta, mas garanto que todos já sentiram pesar em seus corações a dor de uma dúvida, quando se tornou necessário fazer uma escolha. Isso é algo que aflige a todos nós desde a infância, nos momentos em que precisamos decidir entre um brinquedo e outro, já sabendo que aquela escolha pode ou não mudar muita coisa e que o objeto deixado de lado pode nunca mais estar ali, se oferecendo para que você opte por ele. Se este “ter de escolher” já é difícil com dois brinquedinhos, imagine só quando levamos isso para a vida adulta e para o âmbito amoroso, como é o caso deste filme. Ele é tão bom em sua simplicidade, tão grandioso em sua independência, que eu não hesitei em dar à Garota da Vitrine o primeiro lugar. Um dos poucos exemplos da minha vida em que a escolha não me levantou dúvida alguma.

Menção Horrorosa – o pior do ano: Uma Comédia Nada Romântica (Date Movie– EUA – 2006)

Não sei onde estava com a cabeça quando paguei duas entradas inteiras para ver este filme. Sim, isso mesmo! Inteiras! Na época eu não estudava, ou seja, não tinha carteirinha e a minha noiva estava na mesma situação. Paguei duas inteiras e afirmo, não há pior sensação do que ver um filme péssimo como este, sabendo que você pagou caro pra isso e ainda perdeu duas horas da sua vida. Maldita hora em que fui assistir a esta bomba, antes de ler a crítica que o Corrales tinha publicado. Se eu tivesse lido a resenha do nosso tremendão traquinas, na certa não tinha feito essa burrada! Viu só como o DELFOS pode evitar catástrofes? Depois que eu li a resenha, me arrependi muito de não ter acessado o site mais cedo naquele dia! Um péssimo, horroroso, grotesco e enfadonho filme, que não tem nada de comédia. Devia se chamar Uma Comédia Nada Engraçada! E tenho dito!

Carlos Cyrino achou o ano cinematográfico fraco, mas mesmo assim não precisou quebrar a cabeça para eleger seus bam-bam-bans de 2006.

5 – Fonte da Vida (The Fountain – EUA – 2006)

Esse entrou na lista aos 45 do segundo tempo, roubando o lugar que até então era de A Dama na Água. O retorno de Darren Aronofsky seis anos após o espetacular Réquiem Para um Sonho não é perfeito (há algumas passagens confusas), mas visto os problemas que ele enfrentou para fazer Fonte da Vida acontecer (Brad Pitt iria estrelar, mas saltou fora, fazendo com que Darren tivesse que reescrever o roteiro para acomodá-lo a um orçamento mais modesto), o filme surpreende. Temas como o medo da mortalidade e a perda de alguém amado são tratados de modo onírico, como poucas vezes se vê por aí. E a narrativa visual de Aronofsky continua belíssima e criativa. Não é um filme fácil, mas que é bonito, ah, isso é.

4 – O Grande Truque (The Prestige – EUA/Reino Unido – 2006)

Ora, esse está aqui porque é Wolverine contra Batman! Brincadeirinha, na verdade é porque se trata de um exemplar cada vez mais raro em Hollywood. Um filme cujo único propósito é o entretenimento, mas que não insulta a inteligência do espectador ou mesmo pede para ele deixar o cérebro na porta da sala de exibição. Fora isso, combina muito bem dois temas que sempre andaram de mãos dadas, o cinema e a mágica (eu não sei quanto a você, mas eu acho truques de mágica muito tremendões), usando em sua condução a estrutura de um truque de ilusionismo. O resultado é de prender a atenção na tela durante toda a projeção para ficar de boca aberta com o desfecho, tal como num bom número de ilusionismo. E pensar que eu tinha ficado bravo porque Christopher Nolan ia rodar esse filme antes de partir para o próximo Batman.

3 – V de Vingança (V for Vendetta – Reino Unido/EUA/Alemanha – 2005)

Em tempos de guerra ao terrorismo, V de Vingança chega a ser polêmico por seu protagonista, que combate um Estado totalitário por meio justamente de atos terroristas. E num filme co-produzido pelos EUA ainda por cima. Questões morais e ideológicas à parte, é a melhor adaptação de uma obra de Alan Moore para o cinema até agora, pelo simples fato de que os irmãos Wachowski trataram a fonte com respeito, o que, convenhamos, não é nenhum sacrifício. E a história é tão boa e envolvente que nem se percebe que o filme não tem muita ação. Mesmo assim, Moore não quis nem saber e não foi conferir a película. E como eu sei que ele lê o DELFOS religiosamente e acredita no que a gente fala, deixo-lhe um conselho: tio Alan, supere seu trauma de más adaptações de sua obra e veja o filme. Esse vale a pena.

2 – Superman – O Retorno (Superman Returns – EUA/Austrália – 2006)

O retorno do azulão aos cinemas depois de um longo tempo afastado gerou expectativa, e também muita apreensão por certos elementos que o diretor Bryan Singer decidiu incluir no filme, como o filho da Lois e a continuidade com os dois primeiros filmes estrelados por Christopher Reeve. Não vou mentir, achei que ia me decepcionar feio. No entanto, grata surpresa, o filme é espetacular e todos esses elementos citados acima funcionaram que é uma beleza. Quando as luzes se apagaram e a projeção começou, me senti como uma criança novamente, voltando a acreditar que um homem pode voar. Já reassisti em DVD algumas vezes e minha opinião continuou a mesma, o melhor blockbuster do ano e ponto final.

1 – O Balconista 2 (Clerks II – EUA – 2006)

OK, tecnicamente O Balconista 2 não estreou oficialmente no Brasil. Passou no Festival do Rio e na Mostra de SP, mas ainda não foi lançado comercialmente. Depois de uma deliberação com o Corrales, decidimos que mesmo assim valia entrar na lista, pois vai saber quando vai ganhar as telas tupiniquins. Dito isso, é com imenso prazer que digo: Kevin Smith, após o tropeço em Menina dos Olhos, voltou à sua melhor forma… e também a Jay e Silent Bob. Hell, yeah, bitch! O filme não deve nada ao original, inclusive superando-o em muitos momentos. Mas as verdadeiras razões para levar o primeiro lugar são a temática e a identificação. Muitas passagens refletem momentos pelo quais passei e o tema “é preciso mudar seu modo de vida para que ela seja considerada uma vida adulta?” é algo com que qualquer nerd já deve ter tido de lidar, ou ainda terá de pensar a respeito no futuro. E só pra fechar com chave de ouro, foi o filme em que mais dei risada no ano. Com todos esses méritos, só podia ser campeão.

Menção Horrorosa – o pior do ano: Ultravioleta (Ultraviolet – EUA – 2006)

A prova cabal de que não basta apenas juntar um monte de elementos de grande apelo para ter um ótimo filme. Se não há um bom roteiro, você pode ter até um monte de ruivas com bacon e mesmo assim o resultado vai ser uma porcaria. Ultravioleta amontoa influências de HQs, games, vampiros, ficção científica, estética estilão Matrix e a tetéia da Milla Jovovich e nem assim dá liga. Isso porque a história completamente estapafúrdia parece ter sido feita com o único propósito de amarrar tudo isso e ainda fazer algum sentido (não faz) para a existência de cenas de ação forçadas e um climão de filme cool. Absolutamente nada funciona. NADA! Não à toa, levou um mais que merecido zero na época em que resenhei esse desperdício de tempo e dinheiro.

Para o Corrales, 2005 foi o ano dos blockbusters nerds tremendões. 2006 foi o ano das grandes decepções, mas também das grandes surpresas, com uma das melhores safras independentes da história.

5 – Menina Má.com (Hard Candy – EUA – 2005)

Como um filme focado em diálogos e praticamente sem violência pode ser tão assustador? Não sei, mas se você é homem e assistiu a Menina Má.com sem dúvida vai concordar comigo. Esta foi, talvez, a maior surpresa do ano, pois fui à cabine sem nunca ter ouvido falar dele e, algumas horas depois, estava concedendo ao dito cujo a maior honra do cinema, o Selo Delfiano Supremo. Se você gosta de terror e ainda não assistiu, alugue hoje mesmo.

4 – Adrenalina (Crank – EUA – 2006)

Eu já tinha gostado bastante desse filme na sessão de imprensa, mas depois ainda rolou a oportunidade de fazer essa promoção, que acabou sendo um dos dias em que mais ri no ano passado. Quem foi, sem dúvida se divertiu muito, quem não foi, perdeu. E sabe lá quando vamos fazer outra nessa mesma linha. Claro que isso não interfere no filme, mas Adrenalina é diversão garantida para qualquer um que goste de um bom Testosterona Total. Aliás, é possivelmente o melhor representante do gênero desde O Último Grande Herói.

3 – O Albergue (Hostel – EUA – 2006)

Terror, baby! Pois é, dois filmes de terror na minha lista. Quem diria? O que O Albergue tem de tremendão não é nem tanto o filme em si, mas a sua temática, de existir um lugar onde as pessoas pagam para torturar e matar outras. Eu realmente considero os humanos os bichos mais selvagens do mundo e não duvido nada de um lugar desses realmente existir. É por isso que sempre que uma garota me adiciona no Orkut e deixa um scrap se oferecendo para satisfazer minhas fantasias envolvendo ruivas e bacon, eu educadamente declino o convite. Afinal, quando a esmola é muita, o santo desconfia, né? E eu não quero ser torturado até a morte, mesmo que antes eu tenha desfrutado de inesquecíveis momentos de prazer intercalados por múltiplos orgasmos regados a ruivas com bacon e japonesas com pizza.

2 – V de Vingança (V for Vendetta – Reino Unido/EUA/Alemanha – 2005)

Se, no começo de 2006, eu fosse especular quais filmes estariam na minha lista, provavelmente esse seria o único que eu acertaria, afinal, X-Men 3 e Superman foram decepções imensas para mim. Filmes que estavam com o jogo ganho e que mesmo assim perderam. V de Vingança, por outro lado, foi ainda melhor do que eu esperava. Aquele raro tipo de filme onde conteúdo e diversão convivem harmoniosamente o que, via de regra, sempre gera filmaços. Sem contar que o idealista em mim (que ultimamente anda meio adormecido graças à maldita vida adulta) vibrou muito com o personagem V e a ótima interpretação do Hugo Weaving. E digo mais, acho o filme ainda melhor que o gibi que deu origem a ele. V de Vingança seria o tremendão do ano, se não fosse a pequena mudança que fizemos nas regras de elegibilidade e um filme independente de um diretor pelo qual eu não tinha muita simpatia até pouco tempo atrás.

1 – O Balconista 2 (Clerks II – EUA – 2006)

Foi o Cyrino quem me apresentou oficialmente ao Kevin Smith. Já tinha assistido a alguns filmes do cara, mas não via muita graça. O problema é que eu não tinha assistido na ordem e, acredite, faz toda a diferença. Então o Cyrino me emprestou todos os DVDs do “View Askewniverse” e, aos poucos, virei um grande fã dos filmes. Chegamos até a ir juntos conferir O Balconista 2 na Mostra de SP e saímos dali bem emocionados. Bem, pelo menos eu saí. Até compramos o DVD juntos na Amazon e rachamos o frete (o que é muito recomendável para quem quer comprar coisas que não se encontra por aqui). Ri muito com o filme, mas o que o torna realmente especial é a parte mais dramática (somada a uma trilha sonora muitíssimo bem escolhida, que vai de coisas mais Pop como Alanis Morrissete e Soul Asylum até o Metal terror de King Diamond), a idéia que ele passa e a identificação que qualquer nerd vai sentir com os personagens Dante e Randal. Cara, o diálogo entre os dois na prisão é um dos melhores da história do cinema e expressa muito bem como eu me sinto no dia a dia em meio ao “mundo adulto” em que vivemos. E, provavelmente, como você se sente também, se você for um jovem adulto nerd. É muito raro vermos uma boa comédia feita com sentimento, mas normalmente quando isso acontece, se torna uma obra fenomenal. O Balconista 2 não é simplesmente melhor que o primeiro. É o melhor filme do Kevin Smith e, possivelmente, um dos melhores filmes sobre pessoas comuns e situações do dia a dia da história. E, se você não acredita, vá conferir por si mesmo. Se algum dia ele passar nos nossos cinemas, é claro. Mas se não passar, é só clicar aqui e comprar.

Menção Horrorosa – o pior do ano: Separados Pelo Casamento (The Break-Up – EUA – 2006)

Se a sua idéia de comédia é ver duas pessoas normais se tratando mal e se humilhando por causa de um mal entendido que poderia ter sido resolvido com um diálogo, esse filme é para você. Eu não sou tão sádico assim. Esse é um dos filmes mais tristes do ano, me deixou até deprimido. Ele chega a ser até violento, embora não tenha uma gota de sangue. Já vi algumas críticas que diziam que é um retrato fiel de um relacionamento, mas se seus relacionamentos são assim, talvez o problema não seja com o parceiro, mas com você. Isso é um retrato de tudo que um filme de amor não deve ter, seja comédia ou drama. É uma história que nunca deveria ter sido contada, um longa que nunca deveria ter sido feito e uma cabine à qual eu nunca deveria ter ido. Prefiro assistir a Xuxas Gêmeas do que ver essa porcaria de novo. Irgh!

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