Particularmente, não sou fã desses dramas que contam múltipas histórias com um monte de personagens, onde, em algum momento, várias delas (ou, às vezes todas) vão se cruzar. Isso porque geralmente resultam em obras irregulares, com algumas tramas e personagens muito mais interessantes que outros, deixando tudo bastante irregular.
Daí você já pode deduzir que Terceira Pessoa pertença justamente a esta subcategoria e sofra exatamente do problema que acabei de relatar. Mas, antes que eu fale mais sobre isso, melhor apresentar a sinopse: são três histórias principais, passadas em três cidades diferentes, e que giram em torno de muita gente.
Em Paris, acompanhamos o escritor interpretado pelo Liam Neeson (e que, estranhamente não chuta a bunda de ninguém nessa película, algo que devia ser contra a lei) e seu conturbado relacionamento com uma amante. Já em Roma, Adrien Brody é um empresário picareta que se envolve com uma imigrante que está tentando trazer a filha para a Itália. Por fim, em Nova Iorque, Mila Kunis está tentando reerguer sua vida após perder a guarda do filho e luta para restaurar seus direitos de visita, mas a sorte não parece estar ao seu lado.
Como já disse, o filme sofre do problema comum a esse tipo de produção, da irregularidade das histórias e do próprio fato mais que natural de que cada um vai acabar gostando mais de uma do que de outra de qualquer maneira. O problema é que a menos interessante aqui é justamente a principal, a do escritor, a qual liga todas as outras. É a mais “nhé”, mesmo tendo uma gloriosa cena da Olivia Wilde correndo nua pelo corredor de um hotel. Creio que isso já dá para deixar as coisas em perspectiva.
A mais pesada e a que mais gera interesse, pela forma econômica como vai apresentando os elementos da história até ser plenamente entendida, é a de Nova Iorque, porém a mais divertida e única que realmente entretém é a de Roma, muito por conta do sarcástico personagem do Adrien Brody.
O longa sofre também pelo excesso de subtramas que incham muito sua duração, chegando a desnecessários 137 minutos. Toda a parte do James Franco, se não estivesse ligada à história da Mila Kunis, poderia cair fora facilmente, por exemplo, ou pelo menos ser bastante diminuída.
Para completar, o roteiro ainda se apoia num gimmick que eu particularmente considerei bastante infeliz e que certamente vai irritar alguns espectadores. O pior é que as pequenas dicas que vão aparecendo ao longo do filme num primeiro momento mais parecem erros gritantes de lógica do que pistas de que talvez nem tudo que você está vendo realmente esteja acontecendo da forma mostrada.
Aí, quando finalmente chega a grande revelação, o que era para ser um momento de “ooohhh”, acaba virando um indesejado “mas então é isso?! Que b%&*@!”. Podia ter passado sem isso que não teria feito a menor diferença, e ainda elevaria o trabalho à mais desejada categoria dos filmes nada, mas ao optar por essa escolha infeliz de roteiro, acaba arrastando a qualidade geral ainda mais para baixo, resultando num longa irregular, se tanto.
Desta maneira, eu não vejo como recomendar Terceira Pessoa para ninguém. Dentro desse subgênero de personagens interligados por várias histórias há exemplos com mais qualidade disponíveis. Então acaba sendo melhor rever algum desses do que arriscar uma sessão do novo que não satisfaz.