Straight Outta Compton: A História do N.W.A.

Eis aí um caso onde o subtítulo brasileiro não poderia ser mais autoexplicativo. Straight Outta Compton conta a história do grupo de rap N.W.A., um dos mais importantes do gênero. Só para se ter uma ideia, dois de seus integrantes eram nada menos que Dr. Dre e Ice Cube. Até eu que não sei quase nada de rap conheço esses nomes. E quem gosta do estilo manja da importância desses dois. Completavam a formação Eazy-E, MC Ren e DJ Yella.

O grupo foi formado no bairro barra-pesada (para os padrões estadunidenses, claro) de Compton, em Los Angeles, por jovens cansados de tomar geral da truculenta polícia local só por existirem e passaram a expor suas experiências cotidianas em suas músicas, tornando-se um enorme sucesso.

Também angariaram toda a antipatia das forças da lei quando lançaram a canção Fuck tha Police, que serviu de trilha sonora para as inúmeras revoltas e tumultos causados na cidade após o espancamento do jovem negro Rodney King por um grupo de policiais que não sabiam que estavam sendo filmados. Confira a faixa abaixo:

O filme em si é uma típica cinebiografia musical, com uma estrutura de roteiro bem padrão, abrindo com o antes da fama, passando pela formação do grupo, a chegada do sucesso, as brigas internas, a separação, os diferentes caminhos tomados por seus integrantes, até o momento em que eles fazem as pazes. Nada muito criativo, bem previsível, na verdade, mas bem contado dentro de sua proposta de não sair de dentro da caixinha.

Claro, quem gosta de rap tem muito mais chances de curtir ainda mais a película, e há um monte de aparições de outras figuras famosas do meio que se misturam à história dos integrantes do N.W.A., como Tupac Shakur, Snoop Dogg e a controversa figura de Suge Knight, criador da gravadora Death Row ao lado de Dr. Dre, um dos homens mais poderosos da indústria e um verdadeiro gângster, que não se furta de usar métodos violentos para obter o que quer.

Até eu, que não manjo muito desse universo, consegui reconhecer numa boa esses personagens, os “causos”, e entender onde eles se encaixavam nessa cena musical, então reforço que para quem conhece e aprecia a história do rap e do hip hop, o filme deve ser ainda mais legal de se assistir.

O longa, relevando-se o roteiro padrão das cinebiografias, peca em alguns quesitos, como sua duração excessivamente longa, gastando bastante tempo com as carreiras solo de Ice Cube e Dr. Dre, passagens que poderiam ter sido mais enxugadas, afinal, este não é o foco da história, como bem nos ensina o subtítulo brasileiro.

E, claro, já dá para ver desde a primeira cena que o personagem do Paul Giamatti, o empresário do grupo, não é um sujeito muito honesto. Não à toa, acabou se provando o grande motivo da separação de seus integrantes. Se foi assim mesmo ou não que aconteceu eu não sei, mas os roteiristas poderiam ter encontrado um jeito mais criativo e menos óbvio de construir este personagem e sua relação com os rappers.

Ainda assim, o resultado é positivo e o filme entretém a contento. Se você, como eu, gosta de longas sobre música, mesmo sendo sobre estilos musicais que não necessariamente fazem sua cabeça, vale uma conferida. Agora, se você gosta de rap e é fã deste que é considerado um dos primeiros supergrupos do gênero, aí sem dúvida uma sessão de Straight Outta Compton se torna mais que recomendada.

CURIOSIDADE:

– No filme, Ice Cube é interpretado por seu filho na vida real, O’Shea Jackson Jr. (o popular Cubo de Gelo Júnior), e ele realmente é a cara do pai!