Savage Circus – Live In Atlanta

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Já aconteceu com o delfonauta de conhecer uma banda através de um DVD? Comigo, isso não havia acontecido. Até agora. É claro que eu já havia ouvido falar do Savage Circus (afinal, a banda junta novamente Piet Sielck, do Iron Savior e Thomen Stauch, ex-Blind Guardian), mas ainda não tinha ouvido o som dos caras. Como hoje aparentemente não há mais nenhum critério para se lançar o primeiro ao vivo, os caras decidiram gravar o seu logo em sua primeira turnê e o local escolhido para tal foi, estranhamente, o festival Progpower dos EUA, onde tocaram por cerca de uma hora.

Não dá para negar que ainda era muito cedo para gravar um show e escolher um festival onde não eram headliners é ainda mais bisonho. Mesmo assim, a banda tocou todas as músicas do seu debut, Dreamland Manor (que você pode comprar aqui) e até mesmo a bônus para o japão, Ca Plane Pour Moi.

Para quem, como eu, ainda não ouviu a banda, o som deles é bem legal. Eu vi por aí muita gente dizendo que é tipicamente Blind Guardian, mas eu “disconcordo”. Para mim, Savage Circus está entre o Blind e o Iron Savior, mas pendendo bem mais para esse último. Até mesmo o vocalista Jens Carlsson tem a voz idêntica à de Piet. Por sua vez, a de Piet lembra a de Hansi Kürsch (vocal do BG), mas é muito mais fácil confundir os vocais de Jens com os de Piet, o que me fez pensar por que diabos decidiram pagar um membro a mais se o guitarrista da banda tem perfeita capacidade de fazer exatamente os mesmos vocais? Outra semelhança dos caras com o Iron Savior é que o som do Savage Circus é bem alegre, e até comercial, pois não é nem pesado nem rápido demais, e as músicas são bem diretas (embora longas), ao contrário do que acontece com o Blind e suas músicas deveras intrincadas e trabalhadas.

Sobre o DVD em si, ele é bem simples. Tão simples que parece até um daqueles bônus que vêm com CDs. A imagem é boa, mas nada de especial e o som está disponível em Dolby Digital 2.0 e 5.1, sendo que o 2.0 soa mais alto e mais potente. Aliás, isso sempre acontece nesses DVDs mais simples, por que será?

A simplicidade se estende à caixinha e ao encarte, que carecem de várias informações importantes, como os compositores das músicas e até mesmo a duração do produto. Para piorar, tirar o dito cujo dela é um verdadeiro suplício, pois ele fica tão apertado que eu fiquei com medo de quebrá-lo antes que se soltasse.

Na apresentação, a banda faz o seu papel e não existem grandes destaques, nem nas músicas (que, aliás, são todas bem parecidas) nem nos músicos. Aliás, um aviso aos fãs, o baterista aqui é o ex-Gamma Ray e Iron Savior Thomas Nack, não Thomen Stauch, e escolher gravar o DVD em um show onde um dos membros oficiais não estava presente contribui ainda mais para a bizarrice do disco.

O pobre Thomas, aliás, quase não aparece, bem como o baixista Yenz Leonhardt e o “outro” guitarrista Emil Norberg. O foco das câmeras é totalmente no vocalista e em Piet. Esse último, inclusive, é deveras engraçado. Olhando para ele, eu caí na gargalhada pelo menos umas três vezes devido às caretas que faz. Parece que o cara está tentando fazer cara de mau, mas não tem a menor idéia de como fazer isso. O troço é tão ridículo que muito provavelmente a idéia era ser engraçado mesmo. E, se era, deu certo. Se não era, Piet se junta ao Ozzy como um dos maiores comediantes não intencionais do Rock.

Como extras, temos o videoclipe de Evil Eyes que, adivinha só, é bem simples e mostra basicamente a banda tocando no salão de festas do prédio onde um deles mora (ou algo muito parecido com isso).

O DVD também tem um tal de Savage Circus At Stone Mountain, que nada mais é que o tradicional documentário feito com câmeras amadoras mostrando os bastidores da turnê. E esses bastidores, como sempre, são aquelas coisas bem sem graça, com os caras bebendo cerveja e fazendo coisas imbecis, como comendo sorvete pelo nariz. Nesse ponto, eu dou graças a Satã por não existir DVD na minha adolescência, pois eu nunca imaginaria como esses músicos de Metal são imbecis e isso geraria um sério choque na minha admiração por eles quando eu acreditava que eram todos pessoas muito cultas e inteligentes. E é incrível como absolutamente TODOS esses documentários são iguais, não importa se a banda for de Metal Melódico ou de Black Metal, os caras sempre fazem as mesmas coisas. E eu não consigo imaginar ninguém que realmente se interesse em ver seus músicos preferidos bebendo cerveja ou andando de carro.

Se você gosta do álbum Dreamland Manor, mas ainda não o comprou, esse DVD é uma boa pedida. Agora se você já tem o álbum, pense se realmente compensa pagar um extra apenas para ter as mesmas músicas com vídeo. De qualquer forma, a banda é boa e o show é legal. Vamos ver como eles se saem no futuro, agora que despediram Thomen Stauch. Só que a experiência ensina que quando essas separações vêm cercadas de novelinhas, nunca é um bom sinal. O estranho é que elas normalmente acontecem na Finlândia, não na Alemanha.

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