Salt

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Nada é mais irritante do que um filminho genérico sendo tratado pela distribuidora como se fosse o O Cavaleiro das Trevas desse ano. Isso porque a cabine de Salt foi feita fora da civilização (no maledeto Kinoplex) e cheia daquelas regrinhas de confiscação de celulares, iPods e afins.

E tudo isso para quê? Para um filme quase desconhecido para o qual a única pessoa aparentemente ansiosa parecia ser o Pixáiti. E isso só porque nosso amigo curitibano tem pensamentos impróprios com a moçoila, não por qualquer característica do filme. =P

Mas vamos a ele. Angelina Jolie é aparentemente uma funcionária pintudona do governo estadunidense. Logo, no entanto, descobrem que ela é uma russa infiltrada. Começa a perseguição, enquanto ela insiste ser inocente. Daí ela se encontra com um bando de russos e parece estar realmente a serviço deles. Mas daí ela mata todos eles. Ah, então ela é estadunidense? Parece que sim, mas logo depois ela se encontra com um outro russo que está planejando matar o presidente dos EUA. E continua assim, até que, duas horas depois, finalmente descobrimos de que lado ela está.

Cá entre nós: era realmente necessário ter tantas viradinhas? O filme nem é do M. Night Shyamalan, pô! Colocando uma viradinha a cada dez minutos, o negócio invariavelmente cai pro lado do humor não intencional. E se alguém lendo isso não imagina qual é realmente o lado da moçoila, com certeza não viu filmes suficientes na vida.

Mas ok, esqueçamos o roteiro tosco. O filme tem, sim, algumas qualidades, especialmente nas cenas de ação. Essas, aliás, são tão longas que a sensação é que o filme acaba muito rápido, pois quase não tem história. Mas pelo menos são boas e bastante exageradas, embora insistam em se levar a sério.

Mas daí o filme acaba. E não é um daqueles finais repentinos dos quais eu costumo reclamar aqui. O negócio simplesmente é cortado no meio, sem nenhum aviso prévio. Permita-me um paralelo.

Acredito que todos os delfonautas já assistiram a Star Wars: Episódio III, correto? Pois imagine que está rolando o duelo entre o Anakin e o Obi-Wan e, de repente, aparece “Dirigido por George Lucas”, seguido pelos créditos. É assim que Salt termina, mas ao invés de um duelo, temos uma perseguição. Perseguição esta, que não termina. O troço é tão abrupto que parece que está faltando o último rolo do filme.

Imagino que a Sony pensava ter em mãos o início de uma grande franquia – daí ter feito uma cabine terrorista – mas nós, o público, sabemos muito bem que isso não é a realidade. Terminar um filme no meio da história já foi feito antes em grandes franquias, como De Volta Para o Futuro ou Matrix e, embora sempre deixe o público frustrado, pelo menos nesses casos a continuação era certa, pois já era a segunda parte das histórias. Agora fazer isso na primeira parte é errado em tantos níveis que eu nem vou me dar ao trabalho de enumerar aqui.

No final das contas, o que Salt realmente entrega é um filminho de ação bem genérico, claramente chupinhado da franquia Bourne, mas sem o carisma, a inteligência e o roteiro. E não é divertido o suficiente para ser um daqueles casos “desligue o cérebro e seja feliz”. É simplesmente uma obra fraquíssima, sem originalidade e sem final.