Rush – No Limite da Emoção

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Grande mistério do universo do dia de hoje: por que alguém daria o nome de Rush a um filme que não tem a ver com o trio canadense?

Você já reparou quantos mistérios do universo existem na cultura pop? Poxa, as coisas poderiam ser mais autoexplicativas, né?

Enquanto pensamos na evasiva resposta, vamos conversar sobre Rush – No Limite da Emoção. Trata-se de um filme que visa desenvolver a rivalidade entre os corredores de Fórmula 1 Nikki Lauda (Daniel Brühl, de Adeus, Lênin) e James Hunt (Chris Hemsworth, o Thor).

Como o delfonauta fanático por Fórmula 1 (existe algum?) com certeza sabe, a rivalidade entre os dois teve o seu ápice durante o campeonato de 1976, no qual Lauda sofreu um terrível acidente. Para a maioria de nós, no entanto, o único contato com a Fórmula 1 veio da música do Primal Fear, então vamos ouvi-la juntos.

Já que estamos entre amigos, vou até confessar: acho que eu nunca tinha ouvido falar de James Hunt antes. Ou, se ouvi, o nome é tão genérico que não marcou. Já Niki Lauda me soa familiar, mas antes de assistir a este filme, eu não saberia dizer se ele é um piloto ou uma marca de molho de tomate. Hum… molho de tomate com italianas voluptuosas…

Como na minha infância, Fórmula 1 era aquele troço chato que interrompia meus desenhos do domingo de manhã, e depois da invenção da TV a cabo sumiu completamente da minha vida, acredito que a opinião expressada nesta resenha é totalmente imparcial, do alto de sua parcialidade. Então pode acreditar quando eu digo que Rush – No Limite da Emoção, é um filmão. E se já foi danado de bom para mim, que não tenho nenhuma relação afetiva com seu tema, imagino quão legal pode ser para um fanático por homens dirigindo em círculos.

NO LIMITE DA DIREÇÃO

Ron Howard é um diretor com uma extensa carreira, mas que ganhou uma fama renovada ao dirigir os filmes da franquia O Código da Vinci e oscarizáveis como Uma Mente Brilhante. Particularmente, já assisti a vários filmes dele e nunca sua direção me chamou a atenção. Até agora, pois Rush tem uma estética belíssima.

Sua imagem é suja e as cores são saturadas, dando ao longa uma cara de filme feito nos anos 70, justamente quando a história acontece. E não são apenas nesses efeitos de pós-produção que o sabor de filme antigo aparece, pois vários planos e até mesmo as atuações mais exageradas do que o padrão são reminiscentes daquela era. Para completar, a trilha sonora traz um monte de hits do rock setentista que absolutamente todo mundo que está lendo esta resenha adora – e se você não adora, você sabe, deve ser porque ouve pagode. Curiosamente, a trilha não traz nada do Rush, o que se encaixaria completamente e parece uma oportunidade perdida.

Além disso, o ridículo subtítulo No Limite da Emoção, por incrível que pareça, se encaixa bem na forma que a história é contada. O que temos aqui é um filme bem emocionante e com um timing caprichado, que investe seu tempo no que realmente importa (a relação entre os dois pilotos e as corridas) e só passa por cima do desnecessário que costuma tomar tanto tempo de outros oscarizáveis (relações familiares, drogas, depressão pós-sucesso).

Pois é, temos mais corrida, velocidade, carros e adrenalina aqui do que em Velozes & Furiosos 5, o que parece até impensável quando lembramos que estamos falando de um oscarizável com participação europeia e com boa parte dos diálogos em alemão.

E talvez seja justamente por essas características que funciona tão bem. Ao contrário de filmes como Uma Mente Brilhante, que apenas desenvolvem as coisas que os produtores sabem que a Academia gosta, aqui a preocupação foi fazer um bom filme e esperar que os prêmios sejam consequência. Como sempre deveria ser, aliás.

Assim, Rush- No Limite da Emoção se torna uma das grandes surpresas do ano e um daqueles filmes que eu digo, sem um pingo de dúvida, que deve ser assistido no cinema. Sinta os motores dos carros no seu peito, vibre com as músicas tremendonas e admire os belíssimos planos com sabor vintage da forma que foi originalmente planejado: na tela grande.

CURIOSIDADES:

– Segundo o jornal Die Zeit, para anunciar no boné de Niki Lauda, que ele usa para esconder suas queimaduras, o patrocinador deve desembolsar 1.2 milhões de euros. Taí um caboclo que sabe capitalizar em uma tragédia, hein?

– É surpreendente, mas Daniel Brühl ficou mais feio como Niki Lauda do que o próprio Lauda da vida real. Isso deve ser inédito, nunca a versão cinematográfica de uma pessoa real deve ter ficado mais feia, em toda a história do cinema.

– Sabia que o Ron Howard dirigiu em 1977 uma adaptação do jogo GTA antes mesmo de o jogo sair? I fuck you not, delfonauta. Eis a prova.

– Esta resenha marca a primeira vez que combinamos um alimento com um tipo de mulher, ao invés do contrário. Entre no jogo e coloque nos comentários um tipo de mulher que combina com os seguintes alimentos: batata frita, hambúrguer e pavê. Como sempre, a brincadeira também vale para as moças.