Um videogame de tiro sobre um grande roubo no universo de Star Wars. Sim, estou falando de Star Wars Outlaws, mas esta descrição também se encaixa perfeitamente no Project Ragtag, título de trabalho daquele jogo da Visceral dirigido pela Amy Hennig que foi cancelado pela EA porque, segundo eles, ninguém mais queria jogar single playerProject Ragtag deixou muitos viúvos, eu incluso.

Porém, dentro dos limites, esta história tem um final mais ou menos feliz para os fãs. Star Wars Outlaws é provavelmente muito parecido com o que seria Project Ragtag, porém é da Ubisoft. Em outras palavras, é mundo aberto, com mapas cheios de ícones para limpar. Mas também há fases propriamente ditas e é altamente roteirizado. Me acompanhe para conversarmos sobre isso.

REVIEW STAR WARS OUTLAWS

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Total cara de Uncharted, né?

Todo mundo esperava que Project Ragtag fosse um Uncharted no universo de Star Wars, e é mais ou menos isso que temos aqui. Star Wars Outlaws é um jogo de tiro em terceira pessoa que combina ação, furtividade e escaladas. Eu amo muito tudo isso.

Quase todas as missões de história são fases propriamente ditas, lineares e passando por áreas em que você não volta mais durante a campanha. Em comparação com sua inspiração, eu diria que Star Wars Outlaws não tem o mesmo valor de produção e seus set pieces cinematográficos. Isso porque além da ação linear, ele é também um…

JOGO DE MUNDO ABERTO

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Vrum, vrum!

Entre as missões de história, você cai em um de vários mapas abertos e cheios de ícones, onde você pode passar algumas horas explorando, pegando colecionáveis e fazendo sidemissions. Nem todas as sidemissions são quests propriamente ditos. Estes são missões que, mesmo quando acontecem no mundo aberto, são altamente roteirizadas, com cutscenes e tudo.

A maioria das atividades secundárias, o jogo chama de “intel“. São missões com menos história, que normalmente envolvem invadir um lugar restrito e pegar alguma coisa. Várias delas são quebra-cabeças, outras são bases estilo Ubisoft. Mas várias são também pequenas fases lineares, em que você avança em uma caverna ou em um caminho previamente estabelecido. Obviamente, estas são as melhores, mas você nunca sabe no que está se metendo ao ir atrás de uma intel. Tem algumas até que começam como “intel” e depois viram quests completos.

ALTOS VALORES DE PRODUÇÃO, MAS NÃO TÃO CINEMATOGRÁFICO

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Star Wars Outlaws é um jogo claramente caro, mas não tão cinematográfico quanto Uncharted. Isso porque o investimento aqui foi colocado na criação do mundo, nos gráficos e na atmosfera. Eu diria que Star Wars Outlaws parece mais legitimamente Star Wars até mesmo do que Jedi Survivor. Se você sempre esperou um videogame onde pudesse de fato viver sua fantasia de habitar este mundo, chegou a hora.

Claramente também foi investido muito dinheiro nas mecânicas. Além de stealth, tiroteios e escaladas, que são os principais, você ainda tem a Speeder que usa para explorar o mundo aberto e até mesmo uma nave espacial, que pode usar para explorar a galáxia. Isso vem completo com combate, sidemissions, eventos. Em muitos pontos, Star Wars Outlaws é o jogo que muitos queriam que Starfield fosse, pois de fato você pode viajar até os planetas, não simplesmente escolher onde ir em um menu.

EXPLORANDO A GALÁXIA

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Ok, talvez você não tenha tanta liberdade de exploração assim. Cada planeta tem um mapa de mundo aberto terrestre e um na sua órbita. Para ir de um planeta a outro, você precisa usar o hyperdrive, que é basicamente uma tela de carregamento. Ainda assim, admito que eu me senti mais “explorando a galáxia” aqui do que em Starfield.

Cada planeta tem uma sequência de missões de história, que correspondem a um capítulo da campanha. Algumas missões secundárias podem te mandar de uma órbita a outra. Também quero destacar a vibração do controle, que é muito legal e bastante criativa. Eu joguei no Xbox Series X, mas acredito que com o Dualsense no PS5 deve ficar ainda mais legal.

CONTEÚDO PROCEDURAL

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Tem bastante coisa para fazer aqui, inclusive missões procedurais, que por definição são infinitas e muitas vezes se repetem totalmente iguais. Estas existem para encher o jogo, mas também para você interagir mais com o sistema das facções. Existem várias facções aqui, e você pode trabalhar para cada uma delas, e até traí-las no final das missões.

Isso afeta diretamente a sua reputação com elas. Ser amiguinho, por exemplo, permite acessar áreas restritas da facção e até pegar os itens e materiais dali. Também dá descontos e mercadorias exclusivas nos vendedores afiliados, além de algumas recompensas cosméticas e de gameplay. Por outro lado, se você não se der bem com determinada facção, eles podem te caçar no mundo aberto, os vendedores vão cobrar mais e as áreas restritas são exatamente isso: restritas.

FACÇÕES

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Em vários momentos você deve escolher quem ajudar.

Na prática, sua reputação determina quão tranquilamente você pode se locomover no mundo aberto, e quais áreas pode acessar sem se envolver em tiroteios. O jogo te avisa já no começo que subir em uma quase sempre faz descer em outra, então você é incentivado a mudar quem ajuda de acordo com o momento.

Acredito que se você tiver todo o tempo do mundo, pode brincar com as missões procedurais para se manter “de bem o suficiente” com todas elas, mas este é um tempo que eu não tenho. Basicamente, eu fiz apenas os contratos que liberavam upgrades especiais, e daí ignorei completamente este conteúdo. Claro, ficar “de mal” com uma facção quando você precisa invadir seu território dificulta muito, então aí vai da sua vontade de como resolver este “problema”.

NÃO TEM LOOT, NÃO É RPG

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Esta foi uma surpresa agradável para mim, já que desde que a Ubisoft começou a fazer isso, seus jogos ficaram muito parecidos. Star Wars Outlaws está mais para um Assassin’s Creed Mirage do que para um Valhalla. O conteúdo é extenso, mas não é interminável (exceto o procedural, claro). Os equipamentos também são limitados, com benefícios projetados, não aleatórios.

Além disso, as roupas não afetam as estatísticas do personagem, mas trazem benefícios secundários como poder carregar mais cura ou fazer menos barulho quando corre. Você carrega um blaster o tempo todo, e este é modificado para funcionar como várias armas, mas nunca trocado. É possível pegar armas do chão e usá-las até acabar a munição, no entanto. Isso é uma estratégia bastante necessária quando seu blaster é apenas uma pistolinha tosca, mas depois você acaba ignorando a maior parte das armas a não ser para ganhar conquistas.

MINIGAMES

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Como todo jogo de alto orçamento moderno, há também uma enorme quantidade de minigames. Tem um jogo de cartas, tem um minigame rítmico para abrir cadeados e tem um quicktime event de comida. Eu experimentei todos e logo em seguida os desliguei nas opções. E fico muito feliz que esta opção exista, já que é muito chato fazer um minigame toda vez que vai abrir uma porta ou baú.

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Se esta imagem te ofende, você pode tirar o amarelo da área escalável.

Falando de opções, Star Wars Outlaws tem três modos gráficos, que miram em 30, 60 e até 40 fps, se você tiver uma TV de 120hz. A opção que mais me chamou atenção foi a de eliminar a tinta amarela dos cenários. É muito engraçado pensar que algo tão inócuo quanto tinta amarela se tornou um ponto tão polêmico para os gamers que os desenvolvedores se sentiram obrigados a colocar uma opção para desligar isso. Curioso é que mesmo com isso ligado, várias áreas escaláveis não são “pintadas”. Vai entender…

STAR WARS OUTLAWS E A TINTA AMARELA

Alguns vícios da Ubisoft e de mundo aberto ainda me incomodam. Coisas como não poder usar fast travel quando em combate ou em área restrita e, em um caso específico, eu não podia interagir com o breguete que avançava a missão até sair do combate – mas fiquei mais de 10 minutos no tiroteio e nunca parava de vir inimigos. Eu precisei restaurar um save e chegar até aquele ponto da missão sem ser visto para conseguir passar. Não foi legal.

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Eu fiquei realmente bravo nessa hora.

Talvez minha principal picuinha com mundos abertos modernos é que eles mostram uma área onde está o objetivo, e não o objetivo em si. Eu fiquei muito do meu tempo de jogo procurando objetivos extremamente sutis (e não, não estavam pintados de amarelo). A própria Ubisoft já tem a solução para isso em outros jogos, colocando opções “explorador” e “guiado”. Star Wars Outlaws tem um monte de opções, mas não essa. Também tem um monte de problemas técnicos leves, como a personagem ficar presa entre pedras do cenário e precisar restaurar o save. É o tipo de coisa que não quebra o jogo totalmente, mas acaba sendo irritante quando acontece.

STAR WARS OUTLAWS: FASES LINEARES EM MUNDO ABERTO

Star Wars Outlaws segue a fórmula de jogos como Far Cry 3Marvel’s Spider-Man de combinar mundo aberto com missões de história lineares. A Ubisoft não fazia nada assim há muito tempo, e é um estilo que me agrada, embora neste momento da vida eu esteja um tanto empapuçado com mundo aberto.

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Seria legal se a Ubisoft, como empresa, deixasse alguma de suas muitas desenvolvedoras fazer algo sem ser mundo aberto. Claramente existe essa vontade aqui. Se você separar a introdução e o final, por exemplo, deve dar umas seis horas de jogo totalmente lineares, e ainda tem várias missões nessa linha no meio da campanha. Se as missões de história são cuidadosamente dirigidas e especiais, o mundo aberto é o típico jogo da Ubisoft, ainda que sem o lado loot/RPG. Acredito que Star Wars Outlaws seria ainda melhor se fosse apenas linear. E admito, se tivesse saído uns anos atrás, provavelmente eu o amaria tanto quanto amei Far Cry 3 na época, antes do empapuço com mundos abertos.

Star Wars Outlaws é muito bacana, um dos melhores que a Ubisoft fez nos últimos anos, e uma das experiências Star Wars mais autênticas que já joguei. Ao contrário de jogos como Spider-Man ou Horizon, não dá para ignorar o mundo aberto, pois muitos dos upgrades que ele oferece são exigidos na história e coletados no mapa. Mas esta fórmula de limpar mapa já deixou a galera muito cansada, e precisa descansar por um tempo, mesmo quando bem usada, como é o caso aqui. Especialmente no catálogo da Ubisoft.