O gênero plataforma é um dos mais antigos do mundo dos games. Os melhores jogos costumam ser comparados a Super Mario. Mas quantas vezes você jogou algo que faz totalmente parte de um gênero, mas trilha seus próprios caminhos? Pois seja muitíssimo bem-vindo ao nosso review Schim.

REVIEW SCHIM

Schim, Plataforma, Isométrico, Delfos
Pode não parecer, mas te juro que é um plataforma.

Em Schim você controla a sombra de um menino que, assim como aconteceu com Peter Pan antes dele, se separa dela. O menino – que já é um adulto a essa altura – parece não perceber que está sem sua sombra, e segue com sua vida. A sombra, por outro lado, fica desesperadamente atrás do sujeito, na esperança de reunir os dois. E aí entra o gameplay.

Como uma sombra, você só existe dentro de outras sombras. Para se locomover pelas fases, portanto, você deve pular de sombra em sombra até chegar ao final. Não há inimigos, mas todo o funcionamento é bem tradicional. Você pode usar sombras de pessoas e de carros, que servem como as plataformas em movimento dos outros jogos. Dá também para interagir com algumas coisas, o que faz elas se mexerem – e portanto mudar sua sombra.

Toda fase começa te mostrando a sombra final, e o desafio é encontrar um caminho para chegar lá. Muitas vezes a sequência de plataformas é óbvia e você termina a fase em alguns segundos. Em outras, você vai ficar batendo sua cabeça com uma longa área aparentemente sem sombras que não dá para cruzar.

VARIAÇÃO E CRIATIVIDADE

Schim, Plataforma, Isométrico, Delfos

O jogo é absurdamente criativo. Ao contrário da maioria dos games do gênero, as fases representam locais comuns do cotidiano. E elas têm uma variação incrível. Ao longo do jogo, você vai visitar praias, campos de golfe, supermercados, parques. Basicamente, se algo faz parte da experiência humana, tem uma fase aqui dedicada a ela.

Apesar de toda essa variação visual, no entanto, temos um jogo repetitivo. Depois de umas 30 fases, você vai parar de olhar para o cenário e ficar apenas procurando por sombras para conseguir avançar. Como em quase o jogo inteiro você está correndo atrás do seu humano, não tem nenhum senso de progressão também. Você passa de fases, sim, mas não dá para saber quantas são ou quantas faltam, já que o objetivo é sempre o mesmo. Para ser sincero, eu fiquei de saco cheio muito antes de terminar o jogo, e continuei jogando só por obrigação mesmo.

JOGAVISUAL

Schim, Plataforma, Isométrico, Delfos

A jogabilidade e o visual são muito legais. Controlar a sombra é gostoso e divertido, além de você ter bastante controle sobre seus pulos. O visual é extremamente simples, basicamente com traços e cores, sem muitos detalhes. Mas é muito bonito em sua simplicidade. Schim é uma aula de como fazer um jogo visualmente impressionante com pouco dinheiro e que roda bem em basicamente qualquer máquina moderna.

O que ajudou a encher o saco foram alguns caminhos e desafios meio malas. Uma fase, por exemplo, tem relâmpagos constantes, que causam sombras temporárias. Porém, muito tempo se passa entre cada relâmpago e a sombra fica ativa pouco tempo. Basicamente, não tem tempo suficiente para atravessar as sombras temporárias antes delas sumirem, a não ser que você já esteja pulando em sua direção antes do relâmpago rolar. E como os relâmpagos não seguem o ritmo tradicional de um jogo de plataforma, é muito difícil pegar o timing.

Em outra fase, deu algum pau e o jogo me mostrou que deveria ir para um caminho errado. Estava seguindo e quebrando a cabeça a cada pulo, fazendo coisas muito mais complicadas do que em todo o resto da campanha. Vi que tinha algo estranho e resolvi reiniciar a fase. Daí passou a me mostrar o caminho correto e minha rota ficou muito mais óbvia. Só que eu perdi muito tempo na fase em questão até resolver reiniciar.

SOMBRAS NEM SEMPRE ÓBVIAS

Schim, Plataforma, Isométrico, Delfos

Schim brinca bastante com os efeitos de luz e sombra. Uma bicicleta pode passar perto de um poste, e sua sombra reage realisticamente à posição do objeto na luz. Isso é muito bacana visualmente e tecnicamente, mas acaba jogando fora algo muito importante no gênero plataforma: a consistência. Em outras palavras, você precisa saber o tamanho da sua plataforma e como ela se move, especialmente antes de começar uma sequência de pulos entre várias movediças. A não ser que você seja um Sheldon da vida, é difícil conseguir calcular em tempo real o efeito que a movimentação de um objeto em relação à luz tem em sua sombra. Bom, pelo menos foi difícil para mim. Assim, apesar de a jogabilidade em si ser boa, pular entre essas plataformas que mudam de formato e velocidade constantemente não era gostoso.

Schim é um jogo com problemas, mas sua criatividade e vontade de inovar acabam compensando a experiência. Sim, eu fiquei de saco cheio dele muito antes de terminar, e não, não o achei uma delicinha. Porém, estou feliz de ter tido uma nova experiência no meu gênero de games preferido, e estou bem interessado em ver o que mais esse povo vai criar no futuro. Se você é interessado nos games como força criativa, além de apenas diversão e entretenimento, diria que vale a pena sim jogar Schim.