Lost Records: Bloom & Rage é a nova história interativa dos mestres da narrativa jovem Don’t Nod. Você sabe, a mesma desenvolvedora que nos trouxe o clássico da angústia adolescente Life is Strange. Ele segue a mesma linha de Life is Strange: uma história sobre jovens em que você toma decisões, explora cenários e coleta colecionáveis. Ele também usa do formato episódico, mas neste aspecto é menos irritante, sendo lançado em duas partes. A “fita 1”, Bloom, está disponível agora, e foi a que eu tive oportunidade de jogar. A segunda “fita”, Rage, sai como uma atualização gratuita em 15 de abril de 2025. Ou seja, daqui a dois meses. Hoje vamos falar exaustivamente de Bloom, então venha florescer comigo enquanto eu te conto tudo sem spoilers para não te dar raiva.
REVIEW LOST RECORDS: BLOOM
A história é focada em um grupo de quatro garotas que têm 40 e tantos anos, pouca coisa mais velhas que eu. Elas viveram uma amizade muito forte no verão de 1995, fizeram uma promessa e perderam o contato. Qual é esta promessa? Por que perderam contato? Bem-vindo a Lost Records: Bloom.
Tudo começa quando uma delas recebe um pacote misterioso. Elas então marcam de se encontrar pela primeira vez em 30 anos, com o objetivo de lembrar em detalhes tudo que aconteceu naquele verão. Esta parte “atual” rola em primeira pessoa, enquanto o grosso do jogo, que se passa no verão de 1995, é em terceira pessoa.
UMA AMIZADE EM FLOR
![Don't Nod, Lost Records, Bloom & Rage, Bloom, Delfos](https://delfos.net.br/wp-content/uploads/2025/02/lost-records--bloom---rage-20250215182450.jpg)
Basicamente, elas são um grupo de meninas extremamente bem escritas e com designs muito realistas. Nora, por exemplo, tem a pele bastante machucada por acne, algo extremamente comum em jovens, mas que nunca aparece na cultura pop. Swann, a moça que você controla, é gordinha e cheia de sardas, outro biotipo que não é tão comum quanto deveria. Mais do que ser um grupo de meninas feitas apenas para sinalizar virtude, eu senti que as quatro protagonistas de Lost Records parecem um grupo de meninas normais, como tantas que conheci ao longo da minha vida.
Mais especificamente, elas são riot grrrls, têm uma banda e muita raiva do sistema e do patriarcado. Tudo isso é muito bem escrito, e este é o principal atrativo de um jogo totalmente focado na história. Nesta primeira parte, vemos como elas se conheceram e todo o florescer de sua amizade. Elas passam muito tempo fazendo nada, conversando, trocando ideias e pensando na vida.
NÃO ACONTECE MUITA COISA EM LOST RECORDS
Não dá para negar, não acontece muita coisa em Lost Records. Temas paranormais são mais de uma vez plantados, mas nunca definitivamente desenvolvidos. A tal promessa que elas fizeram e o motivo pelo qual se separaram só é desenvolvido na última cena, embora não totalmente, e o conteúdo do pacote e seu remetente ficam em mistério neste primeiro episódio.
Basicamente, Lost Records: Bloom é uma história sobre o surgimento de uma grande amizade, o que definitivamente é algo que vale ser contado, e uma história que todos já vivemos muitas vezes. Mas, como na vida real, não tem muito arco dramático. É basicamente uma fatia da vida dessas moças e o desenvolvimento do relacionamento entre elas. Mas esta é a parte boa.
A PARTE RUIM DE LOST RECORDS
![Don't Nod, Lost Records, Bloom & Rage, Bloom, Delfos](https://delfos.net.br/wp-content/uploads/2025/02/lost-records--bloom---rage-20250215163818.jpg)
A parte ruim é o gameplay. Quando você está assistindo a cutscenes e tomando decisões, é ótimo, como deveria ser. Mas quando o jogo te dá o controle da Swann, o game acaba virando uma tediosa busca por colecionáveis. Isso porque normalmente estas áreas exploratórias têm objetivos curtos e simples, mas o jogo incentiva você a ficar o tempo todo olhando pela sua câmera para filmar todos os colecionáveis que existem. E são centenas. Se pá beiram os milhares. É muito mais do que é aceitável, e ficar olhando pela câmera é como jogar Batman com a visão detetive ativada: o jogo fica mais feio e menos interessante, mas mesmo assim te incentiva a ficar com isso ativado o tempo todo.
Isso fez com que eu gostasse mais das cenas “atuais”, porque pelo menos lá a Swann não carrega sua maledeta câmera, e o jogo foca mais na história do que em filmar coisas genéricas, como pixação. Visualmente, o jogo é bonito e tem um excepcional uso de cores, além de personagens muito bem desenhados. A animação, por outro lado, especialmente as emoções e a sincronia labial, deixam bastante a dever, especialmente para um jogo que é basicamente uma sequência de cutscenes. A performance também é fraca, com constantes quedas de quadros. Como é um jogo narrativo, não afeta muito o gameplay, mas incomoda quando acontece. O que realmente afeta é que é comum vários personagens falarem ao mesmo tempo, impedindo que você entenda qualquer um deles quando isso acontece.
O RELACIONAMENTO COMPENSA
Então tem problemas, é verdade. Mas o roteiro, embora careça de um arco dramático ou algo mais importante acontecendo, é muito bem escrito e compensa o valor de entrada. O jogo também só é prejudicado pela decisão de ser dividido em duas partes, especialmente pela sensação que a história ficou completamente na segunda “fita”, e esta é basicamente uma introdução.
A questão é que, apesar de enxergar todos estes problemas, eu gostei de ter conhecido essas garotas e passado algumas horas – ou um verão – com elas. Certamente quero ver o fim dessa história quando disponível. Mas se você aguenta esperar, sugiro comprar apenas depois do lançamento completo, e curtir a história inteira de uma vez.