Minha relação com Astor Blade of the Monolith começou diferente da maioria dos games. Eu ouvir falar do jogo quando um demo estava disponível no Steam e resolvi experimentar. Gostei o suficiente para manter no radar, mas não esperava amar o jogo final. Curiosamente, esta é exatamente a mesma história que rolou comigo e com o primeiro Darksiders, muitos anos atrás. Astor e Darksiders têm muito em comum, em especial a forte influência de Zelda. E assim como Darksiders, Astor Blade of the Monolith se tornou um dos meus jogos preferidos que saíram este ano. Pegue seu chapéu de aventuras e me acompanhe nesta análise.
REVIEW ASTOR BLADE OF THE MONOLITH
Astor Blade of the Monolith segue bastante a fórmula Zelda 3D pré-Breath of the Wild. É uma grande aventura, que combina exploração, ação e quebra-cabeças. Embora seja mais aberto do que um The Callisto Protocol, é relativamente linear. Você frequentemente ganha novos upgrades que possibilitam acesso a novas áreas. Porém, ao contrário da maioria dos jogos do gênero, este não incentiva que você fique voltando para áreas anteriores para limpar mapa. Tem algumas áreas fechadas, mas você sempre é levado de novo para lá através da própria história. Meu TOC agradece.
Como tradicional no gênero, você explora belíssimas áreas mais abertas a caminho para dungeons que são as melhores partes do jogo. Isso de ser um metroidvania com menos (quiçá nenhum) foco em backtracking realmente tornou Astor muito gostoso para mim. Fazia muito tempo que eu ficava de saco cheio dos jogos muito antes de eles acabarem, mesmo quando gostava deles. Astor conseguiu me deixar feliz e empolgado durante toda sua duração, e não é um jogo especialmente curto (deve durar umas 20 horas).
DEVIL MAY ASTOR
Uma coisa que diferencia bastante Astor é seu combate. Ele traz influências de Devil May Cry. Isso fica claro no nome de algumas conquistas e até no esquema do controle, que coloca, no Xbox, o ataque à distância no X e os corpo a corpo no Y e no B. Porém, a pancadaria é mais moderna: menos rápida e estilosa e mais lenta e cuidadosa. Tem bastante foco em combos, mas a coisa é muito mais “jogo de ação 2024” do que 2010.
Tem até uma barra de stamina, mas tive a sensação de que ela só existe para dizer que existe, sabe? Fora de batalha, correr não a drena, o que é ótimo. E mesmo durante o combate, apenas alguns golpes específicos e mais poderosos, além da defesa, diminuem a barra. Normalmente ela se recupera sem você nem precisar parar de bater. Em geral você acompanha bem mais de perto a barra azul, que são os superpoderes em si. A mana, digamos assim.
Tem também várias armas, e upgrades que liberam novos golpes e superpoderes. Dá para comprar maior dano para as armas, mas todas elas são utilizáveis durante toda a aventura, o que é sempre bem-vindo também. Nada de loot por aqui. Particularmente, acho o combate rápido de Devil May Cry, Bayonetta e afins mais gostoso. Mas Astor é mais moderno, e também é bem marcante e divertido.
FOFO E LINDO
Tem muito do estilo Nintendo em Blade of the Monolith, em especial o visual. Ele não tem aquela cara de jogo caro e realista, estilo The Last of Us, por exemplo. Mas está longe de ter uma estética limitada, ou que pareça de baixo orçamento. Pelo contrário, o jogo é lindo, com gráficos detalhados, cores vivas e personagens extremamente fofinhos. É simplesmente um prazer de olhar.
A performance também chamou atenção. Ele parece rodar destravado no Xbox Series X, com taxas de quadros variando pouco, mas sempre acima de 60 fps. Ele não chega a 120, nem perto, mas achei bacana que ele usa mais performance do que normalmente é permitido aos jogos de console.
O áudio é um tanto limitado. Assim como a Nintendo costuma fazer, os personagens não falam. Porém, tem uma narradora cuja voz doce dá à história um gostoso tom de fábula. As músicas são bem simples. Elas colaboram para a atmosfera da exploração e das batalhas, mas nenhuma é muito marcante ou elaborada. Claramente o grosso do orçamento foi usado para o visual, que é excelente. O resto não se destaca, mas também não compromete.
PROBLEMAS TÉCNICOS
Aí chegamos naquela parte que é sempre meio chata para mim, especialmente em casos em que jogo muito antes do lançamento, como aqui. Pelo menos enquanto jogava, Astor Blade of the Monolith estava bem cru. Coisas estranhas aconteciam com frequência, como a quantidade de colecionáveis sumir do mapa ou ser contada errada. Embora tenha gostado muito do jogo, era comum que nunca soubesse se estava empacado por não saber o que fazer ou se tinha dado pau.
Tem alguns desafios espalhados pelas fases, em que você entra em um portal para cumprir uma missão. Depois de cumprir, ele deveria te colocar de volta onde estava. Mas um desafio específico me colocava de volta no início dele. E vencer de novo apenas reiniciava a batalha. Tentei voltar do checkpoint e do capítulo, mas ele salvou ali. Felizmente, tinha um save manual um pouco antes que pude restaurar e, ao entrar no desafio novamente, ele funcionou apropriadamente. Mas não fosse o save manual, meu jogo teria sido literalmente quebrado por este bug.
Tirando este caso do desafio, todos os outros problemas foram mais inconvenientes do que impeditivos. E tudo parece consertável. Não sei se serão, mas acredito que se você jogar Astor Blade of the Monolith daqui a algum tempo, ele pode rodar redondinho.
ASTOR BLADE OF THE MONOLITH
Na minha lista mais recente de melhores jogos do ano comentei que provavelmente no fim de 2024 colocaria nela alguns jogos que sequer sabia que existiam no começo do ano. Astor Blade of the Monolith é um exemplo. Um joguinho delicioso, que me empolgou e me divertiu muito mais do que lançamentos que esperava ansiosamente, como Stellar Blade ou Rise of the Ronin.
Este é o mundo dos videogames em 2024. Sim, a gente tem hype por jogos de alto orçamento com visual que chamam a atenção, mas está cada vez mais comum que as melhores experiências sejam jogos menores e com muito menos marketing por trás. E esta acaba sendo a importância de sites como o DELFOS. Algumas vezes, eu jogo uma porcaria para você não precisar jogar. Outras, como é o caso de Astor Blade of the Monolith, eu descubro uma pérola escondida que você simplesmente precisa conhecer. Então não perca mais tempo e venha viver esta linda e deliciosa aventura.