Ah, esses títulos nacionais. O do filme de hoje lembra aqueles romances baratos vendidos em bancas de jornal. Aqueles mesmos, com as capas sempre entre o indecente e o cafona, manja? Mas, na verdade, Refém da Paixão é um pouco mais chique do que isso. Principalmente por se tratar do novo longa de Jason Reitman, que dirigiu filmes bacanas como Obrigado por Fumar e Juno, e outros nem tanto, como Amor Sem Escalas e Jovens Adultos. Infelizmente, esta nova película pertence à segunda categoria.
E o pior é que a história lembra mesmo esses livrinhos de amor vagabundos. Adele (Kate Winslet) é uma divorciada tristonha que quase não sai de casa e sua única companhia é seu filho de 13 anos. Mas um dia seu caminho cruza com o de Frank (Josh Brolin), um preso foragido que faz mãe e filho reféns na própria casa deles. Acontece que Frank é tão gente boa e adorável que Adele acaba se apaixonando por ele e até o filho passa a enxergá-lo como uma figura paterna. E olha que o pai do moleque é ninguém menos que o agente Coulson…
Temos aqui o que o Corrales costuma chamar com muita precisão como um “pornô para mulheres”. Um romance proibido entre uma mulher solitária e um sujeito que fugiu da prisão, o que lhe confere uma aura de bad boy, mas que ao mesmo tempo é carinhoso e atencioso, conserta tudo pela casa, faz faxina, cozinha e até passa roupa! Isso seria o equivalente para a mulherada das nossas sempre famosas ruivas com bacon. É também tão inverossímil quanto um vampiro que brilha na luz do sol.
Não ajuda a tornar a história mais crível o fato de que ela se passa durante um feriado prolongado. Menos de uma semana e Adele não só se apaixona pelo cara, como até passa a planejar fugir com ele e mudar drasticamente toda sua vida. Isso que é amor sem escalas! Rá!
Fora esses problemas de lógica, que podem ser relevados se o filme for encarado por esse viés softporn feminino de fantasia erótica, temos aqui apenas um filme nada. Tecnicamente bem feito, com um elenco bacana (até o Dawson dá as caras!) e um bom trabalho do casal de protagonistas. Não é ruim de assistir, mas não acrescenta absolutamente nada.
Quando lembramos mais uma vez que o diretor é Jason Reitman, contudo, é impossível não sentir alguma decepção, visto que sabemos que ele é capaz de fazer coisas bem melhores. Não entendi a escolha dele por fazer este filme. E visto que aqui ele ainda assina o roteiro, fico imaginando que ele deve ter achado essa história tão boa que ele próprio a adaptou além de ocupar a cadeira de diretor. Big mistake, meu amigo.
O produto final, como eu disse, é perfeitamente assistível, mas bastante genérico. Não recomendo para ver no cinema, nem mesmo para as mulheres que gostam do gênero. Com certeza, deve ter coisa bem melhor em cartaz. Mas se passar na televisão, pode assistir que é inofensivo.
CURIOSIDADE:
– Tobey Maguire e J.K. Simmons voltam a atuar num mesmo filme após a trilogia do Homem-Aranha de Sam Raimi. Mas infelizmente não rola o reencontro entre Peter Parker e J. Jonah Jameson, pois os dois atores não dividem nenhuma cena.