Quem gosta de esportes olímpicos certamente sabe quem foi Jesse Owens. Para aqueles que não sabem, ele foi o Usain Bolt da década de 1930. Para quem não sabe quem é Usain Bolt, ele é o Flash da vida real. Para quem não sabe quem é o Flash, não quero mais ser seu amigo e nem te explicar mais nada.
Raça é justamente a cinebiografia de Jesse Owens (Stephan James, ótimo), o corredor que ganhou quatro medalhas de ouro nas Olimpíadas de Berlim em 1936 e fez Adolf Hitler ter de engolir sua patacoada de superioridade da raça ariana, ao se estabelecer como o homem mais rápido do mundo.
Esta é uma daquelas cinebiografias padrão, de pouca inventividade e repetindo as velhas e comprovadas características do gênero. Por tratar também de um tema delicado, o preconceito racial, carrega ainda mais no drama das injustiças, pesando um pouco a mão em um ou outro momento, mas no geral apresentando um resultado final bem decente.
A história de Owens é bacana, o relacionamento dele com seu treinador Larry Snyder (Jason Sudeikis) é bem típico desse tipo de filme esportivo, no entanto também funciona e, claro, as partes passadas nas Olimpíadas, com a presença de diversas figuras históricas, como o ministro da propaganda Joseph Goebbels, a cineasta Leni Riefenstahl e o führer em pessoa, são os pontos altos.
Jason Sudeikis, mais um ator vindo das comédias, surpreende positivamente em seu primeiro papel dramático e tem uma boa química com o protagonista Stephan James. Isso, aliada as já mencionadas sequências dos jogos de Berlim, que recriam as quatro provas vencidas por Owens, são os pontos altos da película.
Já a direção pouco inspirada e burocrática e a duração além do ponto respondem pelos momentos mais fracos. Se o primeiro quesito não ajuda, ao menos também não atrapalha. Contudo, a duração mais longa, uma tendência já de algum tempo nesses filmes de estilão Oscarizável, só servem para atrapalhar o ritmo com excessos que poderiam facilmente ser aparados.
As sequências centradas na vida pessoal de Owens, por exemplo, nada acrescentam à construção do personagem e poderiam facilmente cair fora em virtude de sua carreira esportiva, o que de fato importa, e de um andamento melhor do ritmo da narrativa.
Mesmo com a queda do ritmo em vários momentos em virtude destes excessos, o longa ainda resulta em um produto ok. Você certamente já viu essa mesma história antes, ainda que protagonizada por outros personagens, mas mesmo assim ela continua funcionando. Não vai mudar a vida de ninguém, mas deve agradar quem gosta de cinebiografias esportivas e já está a fim de entrar no clima das Olimpíadas do Rio.