Bom, como eu já imaginava, é praticamente impossível selecionar apenas cinco jogos em mais de 20 anos gamísticos (com muito orgulho). O texto original deste artigo tinha sete jogos e não, não tinha nada a ver com o lado cabalístico do número sete. A verdade é que comecei a montar a matéria com a pretensão de fazer um Top 5 mesmo, mas foram tantos nomes que vieram na cabeça que eu tive que aumentar um pouquinho esse limite para seis.
Foi quando em um dos últimos finais de semana, enfrentei um momento nostalgia e instalei meu Super Nintendo. Aí ferrou! Tive que incluir Super Castlevania IV na lista, senão um descendente da família Belmont bateria na porta aqui de casa pra me dar umas chicotadas (ei, sem pensamentos sado-masoquistas, seu mente poluída!). Mas sete jogos também não é um número legal e como a idéia era incluir 5 ou 10 jogos, optei por incluir três a mais. Sim, eu poderia ter feito um Top 15 ou até um Top 42 em homenagem a Douglas Adams, porque jogo bom é o que não falta, mas selecionei 10 títulos inesquecíveis, daqueles obrigatórios mesmo.
Menções Honrosas: Contra, Super Contra, Jackal, Star Force, Gremlins 2, Zelda e Zelda II, Metroid, Megaman 1, 3, 4, 5 e X, P.O.W, Star Fox, Rock ´n´ Roll Racing, a série Ultima, Syndicate, os Sim City, Rome: Total War, todos os Monkey Island e demais adventures da LucasArts (In Memorian), todos os Marios, Resident Evil 2 e 4, os Winning Eleven, C&C: Red Alert, os primeiros três Sonic, Golden Axe 1 e 2, os primeiros dois Double Dragon, TMNT, Simpsons, os clássicos beat´em up e mais uma cacetada de jogos de Nintendo, Super Nintendo, Saturn, Mega Drive, Nintendo 64, Playstation, Playstation 2, Gameboy, Gameboy Advance, Nintendo DS e PC que ajudaram a moldar a minha personalidade. Vocês (os jogos) sabem quem são!
Menções Horrorosas: Qualquer jogo da Ocean ou da LJN naqueles idos dos 8 / 16 bits, mas no fundo teve muita porcaria lançada para qualquer videogame em qualquer época.
Sem mais delongas, vamos à lista:
10 – Fighting Eleven
Plataformas: Super Nintendo
Editora/Desenvolvedora: Konami
Ano: 1995
Como é: Como você já deve imaginar pelo nome, é um jogo de futebol, mas um dos primeiros a puxar totalmente pelo lado simulação do esporte bretão, sem jogadinhas ensaiadas e os esquemas batidos da concorrência (série Fifa).
Por que está aqui: Sejamos francos, a história do futebol nos videogames se divide entre antes e depois da chegada de Winning Eleven ao primeiro videogame da Sony. O que pouca gente sabe é que a série começou anos antes – em 1994 – no Super Nintendo com o nome de Perfect Eleven (ou International Superstar Soccer nos EUA). O primeiro jogo era muito legal, mas ainda trazia alguns vícios e esqueminhas de gols particularmente irritantes. Mas a partir de Fighting Eleven nascia o Futebol Simulação. Nada daqueles jogadores com patins nos pés, frangos idiotas dos goleiros e placares que mais pareciam basquete de tantos gols. Fighting Eleven e, obviamente, suas continuações, já com o nome de Winning Eleven, mostraram a verdadeira faceta do esporte das multidões e jogaram o título concorrente da Electronic Arts no limbo por uns bons anos. Uma pena que a Konami anda tão preguiçosa nas últimas edições. A versão original japonesa já trazia também a narração do hilário Jon Kabira.
9 – Super Mario Bros 3
Plataformas: Nintendinho
Editora/Desenvolvedora: Nintendo
Ano: 1988
Como é: O terceiro exemplar da clássica e provavelmente mais conhecida série de todos os tempos. Side-scrolling clássico estilão 8 / 16 Bits onde, mais uma vez, o encanador bigodudo Mario tem que salvar a Princesa Toadstool das mãos do perverso Bowser Koopa, que agora conta com a ajuda de seus filhos.
Por que está aqui: Quem nunca jogou Mario 3 tem mais é que se internar! O jogo mantém até hoje um dos maiores recordes de vendas e representou a fama absoluta do personagem, especialmente junto às crianças. Lembro que na época de seu lançamento, uma pesquisa norte-americana apontava que a popularidade do baixinho italiano tinha ultrapassado a de Mickey Mouse, para se ter uma idéia. Super Mario 3 resgata o estilo clássico do primeiro exemplar, mas com diversas inovações, como a roupinha de guaxinim que permitia voar ou a fantasia de sapo que fazia com que você nadasse melhor. Sem contar o esquema de mapa para escolher as fases, que depois seria copiado infinitamente. É um marco da história dos videogames, um dos jogos mais divertidos e ousados de todos os tempos (lembre-se que ele ainda saiu no Nintendo 8 Bits e peitou a chegada do poderoso Mega Drive da Sega) e não pode ficar de fora da minha lista.
8 – The Curse Of Monkey Island
Plataformas: PC
Editora/Desenvolvedora LucasArts
Ano: 1997
Como é: Um dos clássicos Adventures da LucasArts, gênero que fez muito sucesso nos anos 90 e conquistou uma legião de fãs com sua jogabilidade simplificada, mas extrema diversão. No terceiro episódio da saga de Guybrush “mighty pirate” Threepwood, você começa perdido em uma ilha, reencontra sua amada Elaine e dá a ela um anel de casamento, só que o anel era amaldiçoado e a jovem vira uma estátua de ouro. Sua aventura começa – então – para salvar Elaine e derrotar mais uma vez o pirata zumbi LeChuck.
Por que está aqui: A série Monkey Island tem muitos fãs espalhados por aí, inclusive o Corrales (e aposto que um dos jogos entrará no top dele também). O primeiro exemplar foi um dos pioneiros do gênero e já chamava a atenção pela qualidade, mas em Curse Of Monkey Island, o terceiro da série, os caras realmente se superaram. A parte técnica é ótima (os gráficos são estilo desenho animado e melhores que muitos jogos da nova geração por aí), a história te prende desde o primeiro minuto, os diálogos são engraçadíssimos e ainda temos novos personagens que fazem toda a diferença, como o crânio falante, Murray, uma das melhores revelações da série, mas que infelizmente foi sub-aproveitado no episódio seguinte.
7 – Super Castlevania IV
Plataformas: Super Nintendo
Editora/Desenvolvedora: Konami
Ano: 1991
Como é: Quarto episódio da série que começou no MSX em 1986 (e tinha outro nome, era Vampire Killer nos EUA e Akumajou Dracula no Japão. E esse último se mantém até hoje) e conta a saga da família Belmont contra o Conde Drácula que renasce a cada 100 anos e assombra a cidadezinha conhecida como Castlevania. Na prática, é um jogo de ação lateral como o primeiro e o segundo capítulos de Nintendo, com um bom grau de desafio e excelente utilização da temática “terror”.
Por que está aqui: Todos os Castlevania, com exceção dos exemplares para Playstation 2, são bons e valem sua atenção, mas o auge da série foi no Nintendo e Super Nintendo. O console de 8 Bits ganhou pelo menos dois exemplares marcantes que entrariam facilmente na listagem dos melhores cartuchos para aquele console, mas Castlevania IV, o primeiro da série em 16 Bits, é um absurdo de bom! A história é quase um remake do primeiro capítulo, trazendo novamente o herói Simon Belmont e seu chicote, mas os gráficos – quanta diferença – são fantásticos até hoje. Todo o cenário é bastante detalhado e é fácil perceber o carinho com que os produtores trataram este jogo, ainda mais se pensarmos que ele saiu no primeiro ano de vida do Super Nes. Todos os inimigos clássicos estão lá: a múmia, as caveiras, a temível Morte e – claro – Drácula. Outros novos inimigos apareceram e foram tão bem bolados que estão até hoje nos exemplares para DS. As músicas são fantásticas, misteriosas e criam um clima perfeito para a história. Enfim, é daqueles jogos que você tem que jogar! Obrigatório para todas as idades.
6 – Maniac Mansion 2: Day Of The Tentacle
Plataformas: PC e Mac
Editora/Desenvolvedora: LucasArts
Ano: 1993
Como é: Mais um dos clássicos Adventures da LucasArts. É a continuação direta de Maniac Mansion, onde se salva a namorada de Dave da maluca família Edison. Na continuação, você controla o nerd Bernard (único remanescente do jogo original) e dois amigos, Hoagie e Laverne, e deve salvar o mundo da ameaça do Tentáculo Roxo, que ficou “louco”, depois de tomar uma água contaminada e pretende dominar o mundo escravizando a raça humana.
Por que está aqui: É um daqueles títulos que dá gosto até hoje. Os gráficos são no estilo “cartoon” e envelheceram muito bem. A história é absurdamente legal, cheia de elementos cômicos e referências e você joga – na maior parte do tempo – em três eras diferentes, na mesma mansão. O que se faz no passado altera diretamente o presente e o futuro e esse é uma das grandes sacadas do jogo. O gênero Adventure, quando bem feito como os exemplares da LucasArts, dão vontade de jogar de novo e de novo, mesmo após tantos anos. As piadas são muito boas e ninguém é perdoado, nem mesmo o magnata George Lucas, dono da Editora em questão. Cara, quem mais pensaria em um tentáculo querendo dominar o mundo?
5 – Super Metroid
Plataformas: Super Nintendo
Editora/Desenvolvedora: Nintendo
Ano: 1994
Como é: O terceiro exemplar da série que conta as batalhas estelares entre a guerreira Samus e os piratas espacias liderados pela temida Mãe Cérebro em busca do poder dos Metroids, alienígenas que sugam a energia vital dos seres vivos e podem ser usados como uma arma de destruição em massa (opa, onde será que já vi isso antes?). É na mesma linha dos seus antecessores: um jogo de ação e exploração lateral, com alto nível de dificuldade e um pouco de estratégia.
Por que está aqui: Já ganhou por aí várias eleições de melhor jogo de todos os tempos e é impossível discordar da qualidade aqui presente. Os gráficos são bonitos, mas não têm nada de excepcional, especialmente se lembrarmos a ótima época que o Super Nintendo vivia em 1994, mas a parte sonora e – especialmente – o desafio viciante, aí sim faziam toda a diferença. Super Metroid praticamente criou toda a base de onde a série Castlevania tirou o seu Symphony Of The Night e os exemplares para Gameboy Advance e Nintendo DS. Apesar de se passar em um labirinto enorme, cheio de bifurcações e espaços secretos, tudo foi minuciosamente planejado para que você não perca mais tempo do que o necessário na exploração e pense sabiamente qual o próximo passo a seguir. O jogo no geral é difícil, bastante eu diria, mas tudo dentro de um limite ético que não deixa o jogador se frustrar por não conseguir matar um determinado monstro. Se você não conseguiu, é porque estava usando a estratégia errada! Revise e insista que você chega lá. Nunca vi um conceito de justiça tão profundo na jogabilidade de um título. Um épico atemporal que ainda influencia muita gente.
4 – Diablo II + Expansão Lord Of Destruction
Plataformas: PC e Mac
Editora/Desenvolvedora: Blizzard
Ano: 2000 para o jogo principal e 2001 para a expansão
Como é: Seguindo o estilo que ele mesmo ajudou a criar, Diablo II é um Hack ‘n’ Slash medieval, que segue os acontecimentos do primeiro episódio em que o herói se sacrificou na luta final contra Diablo, o próprio senhor das trevas, o capeta, o exu, o cão, o tinhoso, enfim, deu para pegar a idéia… Você, na pele do “escolhido” entre vários guerreiros (ou magos, ou druidas, ou amazonas, etc), deve fazer de tudo para livrar o planeta da ameaça do Diablo e seus irmãos Baal e Mephisto. Em uma série de explorações por cavernas, desertos, pântanos, calabouços e ruínas, você recolhe itens, enfrenta inimigos e se fortalece até a luta final para salvar a Worldstone das mãos dos habitantes do inferno (isso acontece já na expansão).
Por que está aqui: Diablo II com a expansão Lord Of Destruction é um dos jogos mais legais e intrigantes de todos os tempos. Tudo aqui merece destaque, desde a trilha sonora exemplar até os gráficos que não usavam polígonos, mas eram bastante detalhados e, principalmente, a história, que ficava melhor a cada ato terminado. Além disso, o jogo é enorme, com várias opções de customização para o seu personagem e, por incrível que pareça, não enjoa, mesmo depois de sete anos de glórias. Tem gente colecionando itens (e existe uma cacetada, muitos mesmo) até hoje e volta e meia eu também volto com meu poderoso personagem, o bárbaro Cronos (é uma homenagem ao Venom mesmo!) de nível 87 – o mesmo desde o ano 2001 – para dar uma lição no mala do Diablo. Pena que Hellgate: London, a continuação não oficial, é uma das maiores decepções da minha vida.
3 – Megaman 2 (Rockman 2)
Plataforma: Nintendinho
Editora/Desenvolvedora: Capcom
Ano: 1988
Como é: O segundo exemplar da série clássica do robozinho azul da Capcom (que se chama Rockman no Japão). É um jogo tradicional dos 8 / 16 Bits de ação lateral, onde você escolhe seu inimigo (ok, aqui temos um lado inovador) e percorre toda uma fase até chegar ao vilão escolhido no final. Ao vencê-lo, você ganha sua arma, que será utilizada para destruir um outro chefão e assim por diante. Destruídos os oito robôs principais, você chega ao castelo do Dr. Willy para as últimas fases e o confronto final contra o cientista louco.
Por que está aqui: O primeiro Megaman era um jogo excelente, mas muito difícil, o que assustou os jogadores da época em que foi lançado (1987). Com Megaman 2, lançado no ano seguinte, a Capcom soube equilibrar a dificuldade e criou um verdadeiro marco da história dos videogames. Os seis robôs do jogo original viraram oito na continuação e a luta final contra o Dr. Willy ganhou ares épicos. Os gráficos seguem a proposta da franquia e a trilha sonora é fenomenal. A música da primeira fase do Castelo do Dr. Willy é o toque do meu celular (o que me torna ainda menos nerd do que quando usava o tema de Star Trek). Ganhou um remake para Mega Drive em Megaman: The Willy Wars que compilava os três primeiros jogos em um pacote e Megaman: Anniversary Collection para Playstation 2, que também trazia todos os jogos da série clássica.
2 – The Legend Of Zelda: A Link To The Past
Plataformas: Super Nintendo
Editora/Desenvolvedora: Nintendo
Ano: 1991
Como é: O terceiro (e melhor, em minha opinião) capítulo da famosa série da Nintendo na verdade é quase um remake do primeiro jogo, mas com praticamente o triplo de duração do original. Na prática, a série Zelda é representada por RPGs mais voltados para a ação. Na pele do jovem Link, você é contatado telepaticamente pela princesa Zelda que está presa no calabouço do Castelo de Hyrule. Meio sem entender o que está acontecendo, Link sai na chuva atrás da princesa e se mete em uma baita aventura para resgatar o lendário Triforce das mãos do vilão Gannon.
Por que está aqui: A série Zelda para mim é a melhor da história dos videogames até o Ocarina Of Time do, Nintendo 64. Depois – e sei que vai ter uma galera reclamando por isso – os jogos perderam o charme. Zelda III foi além, conseguiu arrancar lágrimas dos meus olhos quando terminei este épico lá em 1992 (em uma época sem Internet ou Faqs). A história começa de maneira bem simples, com o famoso jargão do “Salve a Princesa”, mas com o tempo as coisas engrenam, especialmente quando você tem acesso ao Dark World e toda a genialidade de Shigeru Miyamoto vem à tona com puzzles criativos e um desafio considerável, especialmente se compararmos com os exemplares mais recentes da série, onde praticamente não se morre e os chefes se matam sozinhos. Sem contar que Zelda III tem uma das melhores trilhas sonoras de todos os tempos. Obrigatório!
1 – Chrono Trigger
Plataformas: Super Nintendo
Editora/Desenvolvedora: Square
Ano: 1995
Como é: Um RPG por turnos desenvolvido pela equipe do ápice da série Final Fantasy (episódios 4, 5 e 6), com personagens criados pelo mestre Akira Toryiama. A história nos conta a saga de Crono, um garoto normal do “presente”, que vê sua vida alterada quando acidentalmente viaja no tempo até a idade média atrás de uma garota que acabou de conhecer e, por acaso, é a filha do Rei do lugar. Ao longo da jornada, Crono e seus amigos descobrem a exata data em que o mundo será destruído por uma ameba extraterrestre chamada Lavos e partem na maior saga de todos os tempos para, literalmente, salvar o nosso planeta.
Por que está aqui: Sempre que quero escrever sobre o porquê de Chrono Trigger ser o melhor jogo de todos os tempos, acabo travando e não sei nem por onde começar. Bom, vamos direto ao ponto: Chrono Trigger é o jogo perfeito, feito com carinho pela equipe dos sonhos. Tudo é perfeito, a trilha sonora (que não sai do som do meu carro nem por decreto), os gráficos (nem me fale em gráficos 3D), a história que desenvolve o conceito de viagem no tempo, os personagens, tudo foi feito com um capricho absurdo, daquele tipo que só jogando para se ter ideia de quanto um videogame pode ser bom. Esse RPG me fez chorar, me fez sorrir, é o exemplar para entender porque videogame não é apenas para crianças e não serve só como uma diversão passageira. Espero ter conseguido passar 1% da empolgação que tenho em se tratando de Chrono Trigger. O jogo ganhou um remake para o primeiro Playstation, com algumas cutscenes em desenho animado e muitas telas de loading que quebram o ritmo da narrativa, portanto, vá atrás da versão de Super Nintendo. Também foi lançado para o PSX uma continuação alternativa para a história, chamada Chrono Cross, que é um bom RPG, mas não se compara ao original.
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